O Armário (2020)

4.7
(13)

O Armário
Original:The Closet
Ano:2020•País:Coreia do Sul
Direção:Kwang-bin Kim
Roteiro:Kwang-bin Kim
Produção:Myung Chan Kang, Moon Noh, Jong-bin Yoon
Elenco:Ha Jung-woo, Yool Heo, Nam-gil Kim, Si-ah Kim, Kim Jung-Chul, Soo-jin Kim, Hyeon-bin Shin, Park Sung-woong

O filme começa com a gravação (em VHS) de uma sessão de limpeza espiritual na tradição xamanista coreana que dá errado e mostra que tem algo muito pior do que apenas um espírito inquieto. Em seguida, o espectador vê um pai indo com a filha para uma nova casa, num lugar afastado. Ambos estão se recuperando da morte da esposa (e mãe) e tem um claro problema de relacionamento entre eles. Para piorar a situação, coisas inexplicáveis começam a acontecer na casa e a criança começa a agir de forma estranha.

Pode parecer uma trama simples e muito batida, já vista em inúmeros outros filmes, até mesmo dando a impressão de ser um subgênero ou uma versão coreana de algum outro título famoso, mas não é. O Armário (ou O Closet, do original Keullojet) é uma produção simples e sem maiores pretensões além de contar a história que apresenta em seus minutos iniciais, e essa honestidade e simplicidade são alguns de seus pontos fortes. E não são os únicos.

A trama é direta, apresentando os personagens e seus dramas de forma rápida, mas sem ser superficial. Tudo que é necessário para o espectador é mostrado com habilidade, tanto pela direção como pelos atores, perfeitos em seus papéis. E o roteiro chega até a parecer ser rápido demais, chegando a um ponto da trama que normalmente estamos acostumados a ver mais para o meio de filmes similares. E é aí que começam a aparecer os outros bons elementos.

A história, aparentemente simples, vai recebendo pequenas complicações ou intensificações, sem demorar muito e nem cansar o espectador. Vários elementos típicos de filmes de assombração e de crianças envolvidas com assombração são usados de forma hábil e inteligente e os sustos são bem colocados, até mesmo os que são razoavelmente previsíveis. A história se desenvolve exatamente como se espera, e o ritmo é muito bem executado o tempo todo. A aparição de novos personagens e complicações na trama é lógica e razoável, sem forçadas de barra ou soluções tiradas do nada. O diretor usa com equilíbrio o que pode acontecer no mundo real dentro de uma trama sobrenatural, sem fazer nenhum dos dois elementos negar o outro.

Um destaque especial são os dois personagens principais, o pai e a filha, que acertam em cheio em atuações que entregam exatamente o que é necessário, sem apelar para exageros ou superlativos. Por diversas vezes, entendemos o silêncio e a ausência de explicações em certos momentos pela construção do personagem e sua personalidade, mesmo com pouco tempo de tela.

Com uma duração relativamente curta de apenas 98 minutos, O Armário não desperdiça tempo e vai direto para o que o espectador quer ver, usando o tempo inicial de forma eficaz para prender sua atenção. E quando as coisas começam a acontecer, o ritmo novamente prende a atenção e se desenrola com fluidez. As sequências tensas envolvendo a assombração principal vão muito além do susto pelo susto e de criar apenas clima, apresentando momentos realmente assustadores. A mitologia criada para a história é interessante e simples, com os toques de realismos necessários para ser acreditada, mas não mais que isso, e funciona para entregar tudo que a trama precisa. Ou melhor, que o espectador precisa para entender e curtir a trama.

Confirmando a piada que diz que filme de terror com criança não erra, O Armário usa muito bem o seu orçamento (que não é exatamente muito grande) em todos os seus aspectos. Um filme tremendamente bem feito e que entrega o que o espectador quer e espera. Pode não ser uma produção revolucionária, mas tem uma história cativante, com uma forma de ser contada muito boa e competente, com bons personagens, belas atuações, sustos e um clima de tensão condizente e bons efeitos especiais.

O que você achou disso?

Clique nas estrelas

Média da classificação 4.7 / 5. Número de votos: 13

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.

Avatar photo

Rogerio Saladino

Rogerio Saladino é escritor, jornalista, editor, tradutor e autor, atuando nas áreas de quadrinhos, literatura, RPG e cultura pop. Um entusiasta do terror em todas suas formas e, inexplicavelmente, adora a série Puppetmaster, mesmo consciente da sua qualidade duvidosa.

4 thoughts on “O Armário (2020)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *