Rubikon - Ponto Sem Retorno
Original:Rubikon
Ano:2022•País:Áustria Direção:Magdalena Lauritsch Roteiro:Magdalena Lauritsch, Jessica Lind, Elisabeth Schmied Produção:Klaus Graf, Loredana Rehekampff, Andreas Schmied Elenco:Julia Franz Richter, George Blagden, Mark Ivanir, Nicholas Monu, Daniela Kong, Konstantin Frolov, Hannah Rang,Ljubisa Grujcic, Jonas Gerzabek |
“Seriam os Deuses Astronautas?” é uma clássica obra da literatura universal, escrita por Erich von Däniken, que promove uma reflexão sobre alienígenas terem originado a vida humana, a partir de registros de civilizações antigas. Essa sugestão também é expressa por um dos personagens do longa austríaco de ficção científica Rubikon – Ponto Sem Retorno (Rubikon, 2022), de Magdalena Lauritsch, disponível na plataforma de streaming Looke. Trata-se de uma produção raiz, ambientada nos cômodos da estação espacial que dá nome ao filme, e que coloca seus personagens em um terrível dilema moral.
A história se passa em 2056, no período em que o Planeta Terra passou a ser inabitável, depois que uma nuvem tóxica cobriu completamente a atmosfera. Alguns poucos sobreviventes, apenas os que possuem condições financeiras favoráveis, residem em cúpulas que filtram o ar, enquanto inúmeras missões espaciais em busca de uma nova moradia não tiveram êxito, restando à empresa Nibra Corporation acompanhar a última base que pode trazer uma esperança à humanidade. Nela, a soldado Hannah Wagner (Julia Franz Richter) realiza procedimentos de navegação na imensidão do espaço, na companhia do químico Gavin Abbott (George Blagden) e do cientista Dr. Dimitri Krylow (Mark Ivanir), que cultiva em Rubikon algas capazes de produzir oxigênio, uma vez que não existem mais flora e fauna. Além dos três, havia outros tripulantes que partiram na nave Vesta 2 rumo à Terra, mas, devido à falta de visibilidade, não conseguiram evitar o superaquecimento na entrada e a sua consequente destruição, matando Danilo (Konstantin Frolov), filho de Dimitri.
Hannah está em uma missão em particular, o projeto Ikarus, para levar a novidade sobre as algas à Terra, ansiosa também em rever sua irmã, também soldado, lidando com a evacuação terrestre para os abrigos. Com a perda da Vesta e a dificuldade de comunicação com a Nibra ou qualquer humano, o trio entra em uma espiral de loucura, sem perspectivas de sobrevida, imaginando que possam ser os últimos habitantes do planeta. Quando uma voz humana é finalmente ouvida e sabendo que as pessoas não irão resistir à fome por muito tempo, o grupo assume o tal dilema sobre retornar ou não com a última chance de sobrevivência, conscientes que a volta pode ser fatal.
E não é somente o problema da volta o que mais incomoda o trio. Há outros fatores que pendem para a dúvida, como o fato dos terráqueos serem pessoas privilegiadas e não terem permitido a entrada nas cúpulas de pessoas comuns e nem mesmo de soldados. Isto faz Hannah questionar se a irmã estaria viva e se ela seria bem aceita nesse retorno ou condenada a morrer sufocada pelo ar tóxico. Pesa na questão a perda de Dimitri e uma possível mudança hormonal na última mulher presente, além de que a permanência na base poderia garantir a sobrevivência do grupo pela vida toda. Ainda assim, seria uma ação egoísta não ter interesse em salvar a humanidade que não soube preservar seus meios naturais e nem defender sua própria casa?
Conflitos internos e tentativas de suicídio rondam o roteiro de Lauritsch, Jessica Lind e Elisabeth Schmied. Uma produção muito bem realizada com efeitos visuais impressionantes e realistas, Rubikon é uma ficção científica com elementos filosóficos e sem excessos que poderiam condenar a obra – mas também não arrasta em situações que não servem à produção. Não há um “oitavo passageiro” para que o espectador possa facilmente identificar a diferença entre humanos e monstros, nem muito menos heróis e sacrifícios, o que dá um sentido ainda mais real à proposta.
O filme tem um suspense e uma sensação pesada que prende a atenção e te conduz até o desfecho sem muita dificuldade.