A Casa da Colina
Original:A Casa da Colina Ano:2022•País:Brasil Autor:Gabriel Blosfeld Nunes•Editora: Independente |
Casas assombradas por fantasmas ou demônios são um tema recorrente nas mídias de terror, algumas baseadas em eventos reais, outras que acabam virando icônicas e aquelas que são apenas um monte de clichês juntos e acabam ficando esquecidas. Uma cidade inteira ser amaldiçoada também não é incomum (as obras de Stephen King que o digam), mas e uma cidade onde seus residentes, aparentemente, são perturbados por causa do que existe em uma casa? Gabriel Blosfeld nos leva a conhecer um pouco do que acontece em PedraVelha, no interior do Mato Grosso do Sul, em seu livro de estreia, A Casa da Colina.
PedraVelha é a típica cidade pequena onde todos se conhecem e são amigos desde a infância. E, claro, por ser uma narrativa de horror, onde coisas estranhas acontecem. Uma atmosfera pesada pode ser sentida no ar, e isso fica mais evidente próximo à misteriosa casa que fica no alto da colina. Imponente, como se observando tudo que acontece na cidade, o lugar causa arrepios até nos mais corajosos. Coisas macabras já aconteceram naquela casa anos antes, crianças já desapareceram em locais próximos, e parece que esse mal sempre está à espreita em PedraVelha, mas os moradores fazem o possível para seguirem suas vidas e ignorarem os acidentes macabros, que acontecem com uma frequência maior do que se espera para uma cidade deste porte, e uma sinistra voz que alguns parecem ouvir ocasionalmente dentro de suas cabeças.
Um belo dia, uma jovem é encontrada pendurada e brutalmente dilacerada na clareira, causando uma enorme comoção. Sendo ninguém menos do que a filha do Pastor, a polícia não tarda em encontrar os amigos da jovem assassinada para entender o que aconteceu. Sarah, uma das pessoas que fazia parte do círculo de amizades da vítima, é encontrada com as mãos e roupas cheias de terra e sangue e vira a principal suspeita. Ao ser interrogada, conta uma história fantástica sobre uma criatura que foi a responsável não apenas pela morte de sua amiga, como também por outros eventos bizarros ocorridos na cidade. Horrores indizíveis estão por ali, e a causa de tudo parece ser a casa da colina. Resta a Sarah e seus amigos descobrirem o que é essa força demoníaca e como detê-la.
A história é contada de forma não linear, de modo que começamos conhecendo um pouco de alguns moradores de PedraVelha e dos acontecimentos que ocorreram ali e, no capítulo seguinte, nos deparamos com o crime ocorrido no presente. Durante o desenrolar da trama, voltamos a acontecimentos passados por diversas vezes, ou mesmo os acontecimentos com cada personagem são narrados de forma intercalada, o que nem sempre complementa o que está sendo contado, e sim acaba cortando um pouco do ritmo. Apesar de muito bem escrito e envolvente em vários momentos, há uma pequena sensação de enrolação por conta desse corte, já que são muitas histórias contadas de uma vez. Quando chegamos a ponto de descobrir algo relevante, a cena muda. Em alguns momentos esse artificio funciona e inclusive dá um ar cinematográfico à leitura, criando ainda mais um clima de mistério sombrio, porém, quando utilizado demais, acaba ficando cansativo. Juntamente com alguns diálogos um tanto bobos – o que é compreensível, visto que são um bando de jovens – e momentos deslocados, é como se estivéssemos assistindo a uma série de terror adolescente da Netflix.
Leitores acostumados a filmes de terror vão reconhecer inúmeros elementos e referências em A Casa da Colina. A assustadora voz que os moradores ouvem fala de forma semelhante ao Pernalonga, e certamente quem assistiu O Iluminado vai lembrar imediatamente de Jack Torrance. Outra referência ao mundo de King pode ser observada quando corvos aparecem antes de alguma desgraça acontecer, assim como pardais são vistos em A Metade Negra. Além do óbvio: cidade pequena onde coisas ruins acontecem, jovens que vão tentar descobrir que mal é esse e vencê-lo, uma casa assustadora e por aí vai.
O “vilão” é um personagem complexo, com várias camadas e muito bem construído, tais quais os jovens protagonistas, que são bem trabalhados e cada um tem seus próprios horrores internos para lidar. Até mesmo os personagens coadjuvantes são interessantes e cheios de conteúdo que agregam à trama, desde o pai ausente que faz de tudo para manter a imagem até o policial que já viu os mais horrendos casos e mesmo assim continua a enfrentá-los de frente. Assim como os personagens, as descrições são outro ponto de destaque. De forma extremamente gráfica, o autor detalha ao máximo as mortes viscerais que ocorrem ao longo do livro, bem como a repugnância extrema da criatura que espreita a cidade. Peles arrancadas, costelas abertas, ossos quebrando, gosma saindo e mais são algumas das coisas que podem ser encontradas por aqui.
Como livro de estreia do autor Gabriel Blosfeld Nunes, A Casa da Colina é um terror nacional interessante, com diversos elementos de cultuados livros e filmes de terror e também da cultura pop, ideal para quem gosta de entidades, casas assombradas e um pouco de horror teen. Disponível em e-book, a obra pode ser adquirida na Amazon clicando aqui.
livro chato, confuso e cópia descarada de stephen king (até parece uma tradução)