Bird Box: Barcelona (2023)

4.3
(4)

Bird Box: Barcelona
Original:Bird Box: Barcelona
Ano:2023•País:Espanha
Direção:David Pastor, Àlex Pastor
Roteiro:David Pastor, Àlex Pastor
Produção:Adrián Guerra, Chris Morgan, Núria Valls
Elenco:Mario Casas, Georgina Campbell, Diego Calva, Naila Schuberth, Alejandra Howard, Patrick Criado, Celia Freijeiro, Lola Dueñas, Gonzalo de Castro, Michelle Jenner, Leonardo Sbaraglia, Jorge Asin, Abdelatif Hwidar, Manel Llunell

A boa realização de Bird Box (2018), adaptação da obra Caixa de Pássaros, de Josh Malerman, mesmo contando com um elenco de rostos conhecidos como Sandra Bullock, John Malkovich e Sarah Paulson, não foi suficiente para que um novo filme fosse rapidamente desenvolvido. O livro teve até uma continuação, Malorie, lançado em 2020, mas esse universo que envolve criaturas que levam ao suicídio e assassinato aqueles que simplesmente as enxergam foi deixado de lado pela poderosa Netflix, talvez pela pandemia ou pelos custos exigidos para sua realização. Contudo, antes de voltarmos a ver Malorie – se é que isso um dia irá acontecer -, um spinoff espanhol veio à luz no dia 14 de julho, com direção e roteiro de David e Àlex Pastor (Vírus, 2009).

Com menos relação direta que outros spinoffs, assim como Atividade Paranormal em Tóquio, Bird Box: Barcelona adentra o universo apenas pela ameaça, expandindo algumas ideias do conceito original pela apresentação de comunidades de sobreviventes e pessoas que servem às criaturas, com reflexões sobre intolerância religiosa e aceitação. Seria realmente mais do mesmo, se simplesmente mostrasse pessoas tentando travessias e os conflitos que se estabelecem entre aqueles que são levados a seus extremos. O novo veio com a proposta de explorar um outro lado da mitologia e quase se saiu satisfatoriamente em seus intentos. Quase.

Com a chegada desses seres e o mundo compreendendo a forma como se prevenir de seus ataques, bastando vendas sobre os olhos e isolamento, o longa traz Sebastián (Mario Casas) e sua filha Anna (Alejandra Howard) diante dessa realidade assustadora. Assim que o rapaz chega a uma comunidade, inicialmente desconfiada, localizada em um galpão, ele diz saber onde há geradores para fornecimento de luz e passa a ser bem recebido. Durante a noite, enquanto o grupo adormece no interior de um ônibus-abrigo, Sebastián assume o comando do veículo e o conduz ao lado de fora, derrubando-o. Aqueles que resistem a olhar para as entidades são forçadas por ele, provocando loucura e suicídio. Sim, o protagonista é na verdade um “vidente“, alguém a serviço das criaturas para obrigar a pessoas a olharem para elas.

Com a morte de todos os membros da comunidade, ele parte para uma próxima, sempre auxiliado por sua filha. A seguinte convive em um abrigo antibomba, com a presença da psiquiatra inglesa Claire (Georgina Campbell), da pequena alemã Sofia (Naila Schuberth), além de outros como Rafa (Patrick Criado), dono de dois cães, o entregador e físico Octavio (Diego Calva), que tem a teoria de que as criaturas são seres quânticos, e o casal Roberto (Gonzalo de Castro) e Isabel (Lola Dueñas). Por saber alemão, Sebastián conversa com Sofia e fica sabendo de um lugar seguro chamado Castelo de Montjuïc, com altura suficiente e fortificação capazes de neutralizar as criaturas. A caminhada até o local, que exige o transporte via teleférico, será a grande jornada dos sobreviventes, que não desconhecem as intenções do novo participante.

Com cenários sombrios e que remetem aos suicidas de Fim dos Tempos, Bird Box trabalha essa sensação de insegurança contínua, enquanto elimina aos poucos seus personagens nos conflitos com as criaturas e os videntes, sob a liderança do Padre Esteban (Leonardo Sbaraglia). Com o desenho de um olho sobre a testa e frases com teor religioso envolvendo a necessidade de “enxergar“, luzes que representam almas indo para o céu e até menções a anjos, nota-se que a proposta permite discussões sobre doutrinas religiosas e crenças. Nesse sentido, é até mais profundo do que o filme original, embora menos intenso e interessante.

Depois que se entende o caminho que o enredo irá percorrer, Bird Box: Barcelona, com flashbacks e efeitos razoáveis, trava uma batalha entre Bem e Mal, como outras produções similares, repetindo clichês, algumas ideias cafonas e permitindo a antecipação de seu final. Traz um bom elenco, ainda que estereotipado, mas não empolga como o original, com um tom mais apocalíptico e ameaçador. É uma produção mediana, que pouco se esforça para surpreender o infernauta, que fica com a sensação de que não viu nada de mais.

O que você achou disso?

Clique nas estrelas

Média da classificação 4.3 / 5. Número de votos: 4

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.

Avatar photo

Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

2 thoughts on “Bird Box: Barcelona (2023)

  • 07/08/2023 em 18:13
    Permalink

    Assisti e não gostei. Curto o trabalho de Casas, mas neste filme achei a atuação muito canastrona. O filme me lembrou diversas vezes a atmosfera do Fim dos Tempos. Mas, enfim, ,minha opinião. Serve de passatempo. Nada mais que isso.

    Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *