A Múmia: Tumba do Imperador Dragão (2008)

3.3
(6)

A Múmia: Tumba do Imperador Dragão
Original:The Mummy: Tomb of the Dragon Emperor
Ano:2008•País:EUA, Alemanha, China, Canadá
Direção:Rob Cohen
Roteiro:Alfred Gough, Miles Millar
Produção:Sean Daniel, Bob Ducsay, James Jacks, Stephen Sommers
Elenco:Brendan Fraser, Jet Li, Maria Bello, Michelle Yeoh, John Hannah, Luke Ford, Isabella Leong, Anthony Chau-Sang Wong, Russell Wong, Liam Cunningham

A última aventura de Rick O’Connell contra múmias foi o prego no sarcófago da franquia. Com os valores conquistados com os dois primeiros filmes, era claro que a Universal iria explorar ainda mais seus personagens e a mitologia desenvolvida, mas o processo de produção não agradou a todos os envolvidos. O cineasta Stephen Sommers, por exemplo, imaginava algo ainda mais grandioso do que já havia sido feito, e, quando percebeu as intenções do estúdio, deixou a cadeira de diretor para Rob Cohen. Aconteceu o mesmo com a atriz Rachel Weisz, que já havia inclusive assinado para voltar a atuar como Evy, porém dois fatores a afastaram do projeto: a gravidez e principalmente a ideia que que sua personagem teria um filho de 21 anos. Desse modo, ela foi substituída por Maria Bello, que, como disse em entrevistas na época, queria mostrar facetas físicas da personagem, tendo habilidades de luta e tiro.

O roteiro, de Alfred Gough e Miles Millar, também buscou uma estrutura diferente. Sem Imhotep e Anck-Su-Namun, as ações saem do Egito para a China, e fazem referência a Qin Shi Huang, o primeiro imperador e fundador do Exército de Terracota. Entre seus feitos, estão a composição da dinastia Qin e a construção da Grande Muralha da China. O primeiro rascunho do enredo teria como base mais uma vez o Livro dos Mortos e haveria uma passagem inicial por Hamunaptra. Como soaria estranho essa relação com elementos dos dois primeiros filmes, a trama partiu por se concentrar na própria China, com o Imperador Dragão (Jet Li) aprendendo a lidar com elementos do Wuxing – o fogo, a água, a terra, a madeira e o metal -, mas não conseguindo vencer a morte, temendo que suas conquistas sejam limitadas pela velhice.

Assim, ele entra em contato com Zi Yuan (Michelle Yeoh), uma feiticeira, que aponta o que seria necessário para que se torne imortal: os Ossos do Oráculo, que possuem a chave da vida eterna. O Imperador pede que o General Ming (Russell Wong) a acompanhe, e eles acabam se envolvendo. Como Qin também se interessa por Zi, ele executa Ming para a irritação da feiticeira, que amaldiçoa o imperador e seus soldados, transformando-os no Exército de Terracota. A trama salta para 1946, com o filho de Rick e Evy, Alex (Luke Ford), e o professor de arqueologia Roger Wilson (David Calder) encontrando o sarcófago do imperador, mas sendo incomodados por Lin (Isabella Leong), uma protetora do ambiente, assim como Ardeth fazia em relação a Imhotep.

Eles conseguem levar a tumba para Xangai, ao mesmo tempo em que Rick curtia sua aposentadoria com uma pescaria frustrada. Ele e Evy são convocados para levar uma pedra preciosa, a tal Olho de Shangri-La, para a China, naquelas típicas conveniências do roteiro. Outra seria a coincidência de Jonathan (John Hannah), irmão de Evy, ter aberto uma boate no local, acreditando estar bem distante das múmias do Egito. Quando o casal chega, acabam encontrando Alex, que acaba de descobrir que o professor Wilson, na verdade, trabalha para um grupo militar liderado pelo general Yang (Anthony Chau-Sang Wong) e seu assistente, o coronel Choi (Jessey Meng). Obviamente que o grupo armado tem pretensões de trazer o Imperador de volta, principalmente depois do papel da China na Segunda Guerra Mundial.

Como se imagina, o imperador mumificado será despertado, haverá correria pelas ruas de Xangai, e a necessidade de impedir que ele chegue até as ruínas de um monastério e consiga colocar a pedra Olho de Shangri-La em um dado lugar que irá revelar a localização exata para que o vilão sobrenatural consiga, por fim, a imortalidade e o resgate de seu exército. Assim, a aventura novamente envolve voos, combate contra as múmias do Imperador, avalanche que forma o rosto do vilão (como as águas e as areias nos anteriores) e a sorte dos mocinhos para que as coisas fluam bem. Com toques de humor, principalmente na relação entre Rick e o filho, assim como Alex com Lin, o longa ainda traz alguns monstrinhos, como os Yetis, invocados por Zi, que auxiliam nos confrontos, sem apresentar bocarras como as criaturas de Sommers.

A Múmia: Tumba do Imperador Dragão é bem inferior aos demais filmes. Ainda que tenha altas doses de ação, o longa não tem o mesmo charme que o primeiro filme, e nem a trama interessante do segundo. Embora bonita e talentosa, Maria Bello faz realmente o público sentir falta do carisma de Rachel Weisz. Já Jonathan tem uma participação menor, mantendo seu medo constante; e Jet Li, apesar de ameaçador, não traz a imposição física de Arnold Vosloo. Deve-se enaltecer as mudanças, os efeitos especiais razoáveis e até a direção adequada de Rob Cohen, que havia se saído bem em produções de ação como Velozes e Furiosos (2001). Mas fica realmente a sensação de oportunismo do estúdio, exploração da fórmula e do protagonista.

Com uma arrecadação inferior nas bilheterias, ainda que tenha conquistado impressionantes US$400 milhões em estreias pelo mundo, o terceiro filme não empolgou o estúdio pela realização de mais continuações. Maria Bello chegou a afirmar na época que seria feito realmente um quarto filme, explorando múmias da América do Sul, e até Luke Ford revelou o compromisso em estrelar mais três produções. Contudo, com a virada da década, a Universal começou a sonhar com o projeto Dark Universe, que traria filmes com os monstros clássicos, e imaginou um reboot com um aspecto mais sombrio e próximo dos clássicos em preto e branco. Dessa intenção, veio o horrendo A Múmia, de 2017, que conseguiu encerrar de vez as pretensões de dar sobrevida aos monstros!

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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