4.3
(7)

Diário de um Louco
Original:Diary of a Madman
Ano:1963•País:EUA
Direção:Reginald Le Borg
Roteiro:Robert E. Kent, Guy de Maupassant
Produção:Robert E. Kent, Edward Small
Elenco:Vincent Price, Nancy Kovack, Chris Warfield, Elaine Devry, Ian Wolfe, Stephen Roberts, Lewis Martin, Mary Adams, Edward Colmans, Nelson Olmsted

A imposição cênica de Vincent Price é algo a ser enaltecido em qualquer produção que envolva seu nome. Até filmes menores como Diário de um Louco (Diary of a Madman, 1963) sabe exatamente como explorar seus olhares instigadores, com a leve suspensão da sobrancelha, e sua voz inconfundível. Qualquer outro ator ali não daria a mesma força narrativa à insanidade do protagonista, conduzindo o filme a uma avaliação negativa ou no máximo mediana. Price traz os méritos que o longa exige, e a possibilidade de vê-lo em cena, já é motivo mais do que suficiente para seu interesse em assistir ao filme de Reginald Le Borg (de A Sombra da Múmia e A Torre dos Monstros), desenvolvido através do roteiro do produtor Robert Kent, inspirado no conto “Le Horla“, de Guy de Maupassant, escrito em 1887.

O enredo já começa no funeral do magistrado francês Simon Cordier (Price), sem informações sobre como aconteceu sua morte. Seu diário é lido por um amigo diante de um grupo de pessoas, permitindo que sua experiência sobrenatural seja finalmente conhecida. Durante um tempo, ele foi atormentado por uma entidade maléfica que faz parte de uma legião demoníaca chamada “Horla”, que utiliza da psicocinese para levar a vítima à loucura e a cometer assassinatos. Simon tem acesso a ela ao ouvir as palavras finais de um prisioneiro condenado à morte por ter matado quatro pessoas, embora jure inocência. Em um confronto com o possuído, o prisioneiro é acidentalmente morto, e Simon “herda” o espírito.

Com a voz de Joseph Ruskin, Simon estabelece constantes diálogos que exigem a excelente interpretação de Price, sozinho em cena, expressando temor e ansiedade. Ao buscar ajuda, é sugerido que ele tenha uma distração para evitar que a presença assuma o controle. Como ele é também escultor, afastado da atividade pela morte de sua esposa, Simon passa a se inspirar na interesseira Odette Malotte (Nancy Kovack),que, apesar de casada, vê na aproximação com um homem de posses, a possibilidade de melhorar de vida. É claro que o interesse amoroso irá incomodar seu marido e atiçará a Horla, que passará a influenciá-lo a cometer crimes, com um olhar iluminado em um efeito risível.

Como se percebe, Diário de um Louco pode se enquadrar na temática da possessão demoníaca. A tal entidade, além da voz incômoda, também consegue mover objetos toscamente, e sempre deixa rastros de sua aparição, abrindo as portas. O espectador entende a situação de Simon e até torce por um desfecho mais favorável, embora o prólogo já tenha anunciado o destino trágico. Teria Simon vencido o espírito antes de morrer? Seria possível enganar a entidade para resgatar seu controle?

Mesmo com personagens “franceses“, Diário de um Louco é falado completamente em inglês. Sua simplicidade é facilmente percebida na utilização de cenários de estúdio até mesmo para o funeral da cena inicial. Seria uma obra comum realmente, se não tivesse Vincent Price nos créditos. Além dele também estrelam Ian Wolfe, como o mordomo Pierre, e Mary Adams, como a cozinheira, ambos a serviço do protagonista. Para quem quiser conferir, e vale a pena, o filme foi lançado em DVD pela Versátil no box Obras-Primas do Terror Volume 18, ao lado de outras produções importantes do gênero.

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