4.1
(14)

Lisa Frankenstein
Original:Lisa Frankenstein
Ano:2024•País:EUA
Direção:Zelda Williams
Roteiro:Diablo Cody
Produção:Mason Novick, Diablo Cody, Elizabeth Ellson
Elenco:Kathryn Newton, Cole Sprouse, Liza Soberano, Joe Chrest, Carla Gugino, Henry Eikenberry, Jenna Davis, Trina LaFargue, Paola Andino, Joshua Montes

Uma ode às adolescentes e garotas estranhas, Lisa Frankenstein é uma comédia-horror de estreia da diretora Zelda Williams (filha do famoso ator e comediante Robin Williams) em parceria com a roteirista Diablo Cody (que escreveu o icônico Jennifer’s Body). Com ambientação na década de 80, Lisa (Kathryn Newton) reanima um cadáver vitoriano (Cole Sprouse) e juntos vivenciam assassinatos, descobertas e romance.

A mãe de Lisa sofre uma tragédia, levando a garota a morar com o pai passivo (Joe Chrest) e uma nova família. Sua madrasta horrível (Carla Gugino, que está sempre presente nas obras de Mike Flanagan) tem uma filha (Liza Soberano) que é sua colega de classe, a típica popular do colégio (que surpreende em ser mostrada como uma fonte de apoio e amiga genuína ao invés de uma inimiga bully detestável). Apesar dos clichês esperados, as atuações são ótimas e com características marcantes e específicas para cada personagem.

Lisa, ao se isolar dos outros jovens, passa muito tempo no cemitério visitando, lendo e conversando com um túmulo em específico. O pianista vitoriano é reanimado e a procura como referência e companhia. Como todo cadáver, o monstro em si está caindo aos pedaços, e juntos buscam novas partes para a reconstrução. Essas partes virão de pessoas diferentes, em situações cômicas que não poupam quem ousa atrapalhar a missão.

As atuações corporais são o grande destaque para os protagonistas. Cole Sprouse, quase sem falas, surpreende em sua performance. Mas é Newton quem carrega o filme nas costas. Seus trejeitos e expressões mesclam o adorável com a frieza do jeitinho homicida que uma jovem quase psicopata em sua estranheza pode trazer.

Outro ponto positivo é como Cody consegue transformar os clichês de tropos facilmente identificáveis em algo diferente, com um toque único. Até a conhecida jornada de autodescoberta na adolescência é levada a essa fuga. A protagonista pode ser quem ela quiser, inclusive continuar se desenvolvendo como uma jovem estranha e problemática, sem falsas ou forçadas redenções. Apesar de esperarmos que alguma coisa ou outra vá acontecer, tem um final muito condizente com o seu tom e vai para um lugar que surpreende de certa forma.

Apesar de ser um filme divertido, cuidado com as expectativas e comparações com os roteiros anteriores de Diablo Cody. Lisa Frankenstein tem um tom muito diferente, onde tudo é mais leve (principalmente a história em si e o gore). A audiência alvo, que com certeza se identificará mais com a história, são as adolescentes. A aposta é que elas transformem a obra em um novo cult-clássico daqui uns anos. Da mesma forma que a minha geração fez com o maravilhoso Jennifer’s Body.

O título já é suficiente para entender a inspiração base da obra e, mesmo assim, se inspira em tantas outras fontes para sua completude. Remendando gêneros e referências, não se leva a sério propositalmente, o que o faz extremamente divertido e satisfatório. Como por exemplo o nome da dupla de policiais John e Waters (aclamado diretor de filmes trash como Pink Flamingos). Estamos numa época repleta de adaptações do monstro de Mary Shelley, como Birth/Rebirth e Poor Things, e esse talvez seja o menos memorável do pódio, mas não menos aproveitável. Mas é uma ótima obra de estreia para Zelda Williams como diretora.

Mesmo que não seja um filme tão marcante para o público mais velho, ainda é um filme que vale assistir em algum momento, sem muitas pretensões além de algumas risadas ou passar um tempo identificando as referências, aproveitando a trilha sonora impecável e admirando o visual oitentista sem ficar saturado como tantas outras que surgem dessa ambientação. É novo e diferente, e encaixa perfeitamente quando você estiver precisando de algo leve (mas que ainda mostrará sangue e alguns membros decepados).

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Média da classificação 4.1 / 5. Número de votos: 14

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6 Comentários

  1. As referências são incríveis. O poema no final do filme é o “Tô Mary”, escrito pelo marido da escritora do livro Frankenstein.
    Não minha humilde opinião, o poema mais lindo que já li.

    Para Mary

    Ó Mary linda, estivestes aqui,
    Olhos castanhos mui brilhantes
    E de doce voz, como a de um pássaro
    Que canta seu amor a seu companheiro solitário,
    Desolado em sua pérgula de hera;
    Tua voz, a mais doce já ouvida,
    E tua fronte mais bela
    Que o céu azul desta Itália.

    Mary linda, venha logo até mim,
    Não fico bem distante de ti;
    Como o pôr do sol para a lua esférica,
    Como o crepúsculo para a estrela Dalva,
    Tu, amada, és para mim.

    Ó Mary linda, estiveste aqui;
    O eco no castelo sussurra “Aqui!”

    “To Mary”, de Percy Bysshe Shelley.

  2. Amei o filme, facilmente seria um clássico da sessão da tarde como Os Fantasmas Se Divertem e Elvira. Pena que o filme não é tão divulgado no Brasil.

  3. que porcaria de resenha rasa, hoje em dia deixam qualquer um escrever, credo

    1. Avatar photo

      JP, não tem nenhum “qualquer um” aqui, tá? Fica à vontade pra discordar das críticas, mas educação é sempre bem-vinda 😉

    2. Os incel fica tudo doido quando descobrem que tem uma mulher escrevendo sobre horror.

  4. Certamente tem um público alvo em vista, mas sem pretensões pode arrancar outras facas etárias se a pessoa tiver disposta a apenas se divertir.

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