O Senhor do Caos (2023)

4.2
(5)

O Senhor do Caos
Original:Lord of Misrule
Ano:2023•País:EUA
Direção:William Brent Bell
Roteiro:Tom de Ville
Produção:Deepak Nayar, Jason Newmark, William Brent Bell, Laurie Cook, Nik Bower, James Tomlinson, Alison Brister
Elenco:Tuppence Middleton, Ralph Ineson, Matt Stokoe, Evie Templeton, Robert Goodman, Anton Saunders, Rosalind March

Um povoado rural distante de qualquer vestígio de civilização. Interessante. Moradores aparentemente simpáticos. Que hospitaleiros! Festivais pitorescos. Curioso. Fantasias, máscaras e rituais. Estranho, mas são apenas diferenças culturais. Uma verdadeira seita que venera uma divindade local. Certo, isso começou a ficar esquisito. A seita envolve um sacrifício, normalmente de um visitante… e lá se foi sua última chance de fugir. Parece familiar? Não é coincidência. Temos aqui elementos do chamado horror folclórico (ou folk horror), subgênero que voltou a ser popularizado depois do sucesso de produções como A Bruxa e Midsommar, e constitui o pano de fundo de O Senhor do Caos, novo longa de William Brent Bell (Boneco do Mal, A Órfã 2).

Tuppence Middleton interpreta a reverenda Rebecca Holland, que recentemente se mudou para o pequeno povoado de Burrow. Apesar do bom relacionamento com os moradores locais, Rebecca se sente desconfortável com os hábitos culturais do povoado, entre eles o chamado Festival da Colheita, evento que homenageia o embate entre o benfeitor Senhor do Caos e a entidade pagã Gallowgog. Eis que a filha de Rebecca é raptada durante as celebrações, o que faz a protagonista embarcar em uma angustiante investigação, onde descobrirá que aquele povoado é mais obscuro do que parece.

O Senhor do Caos é um filme irregular. Todos os elementos de um folk horror estão lá, e realmente são bem construídos: a comunidade rural, os sacrifícios, as máscaras (algumas bem arrepiantes, inclusive) e o debate entre cristianismo e paganismo. Até pela própria presença de Ralph Ineson, sempre muito convincente enquanto vilão bucólico, é impossível não lembrar de A Bruxa. Mas William Brent Bell não é Robert Eggers, e isso fica nítido na construção da atmosfera do filme. Se no longa de 2016 temos um crescente de tensão e incômodo, aqui não existe essa sensação de perigo constante, que aumenta lentamente. De uma hora para outra, todos os habitantes fecham as portas para Rebecca, confundindo tanto ela quanto quem assiste. Para piorar, como Bell acredita estar dirigindo o novo Midsommar, é claro que aqui não temos jumpscares ou quaisquer outros instrumentos de susto. O problema é que sem uma atmosfera bem construída e sem nada que dê medo ao espectador, o que sobra é uma produção de horror completamente estéril, que não assusta nem incomoda.

Mesmo com seus pontos positivos, como as boas atuações de Ralph Ineson e Tuppence Middleton, o saldo final de Senhor do Caos é negativo. A direção insuficiente, a mitologia confusa e a incapacidade de assustar acabam por tornar a experiência tão caótica quanto o tal senhor que dá nome ao filme. Se a ideia for conferir um bom horror folclórico, talvez seja melhor ficar com algum dos citados anteriormente ou um clássico como O Homem de Palha.

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Ciro Oliveira

Médico por opção, palmeirense por emoção e amante de slashers por vocação. Foi introduzido ao cinema de horror sendo assombrado pelo boneco Chucky na infância, e se apaixonou pelo gênero após descobrir todas as identidades de Ghostface. Acredita que não há nada melhor para relaxar do que assistir universitários sendo eviscerados por um mascarado velocista.

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