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Amityville 4: A Fuga do Mal
Original:Amityville Horror: The Evil Escapes
Ano:1989•País:EUA
Direção:Sandor Stern
Roteiro:Sandor Stern, John G. Jones
Produção:Barry Bernardi
Elenco:Patty Duke, Jane Wyatt, Fredric Lehne, Lou Hancock, Brandy Gold, Zoe Trilling, Aron Eisenberg, Norman Lloyd, Robert Alan Browne, Gloria Cromwell, Jamie Stern, Peggy McCay, Jack Rader

O massacre cometido por Ronald DeFeo Jr., em 13 de novembro de 1974, reverberou para além de um enredo sobre vozes demoníacas e uma casa amaldiçoada, com janelas que lembram olhos à espreita. Terror em Amityville, também conhecido no Brasil como A Cidade do Horror (The Amityville Horror, 1979), inspirado na publicação de Jay Anson, foi apenas o primeiro capítulo de uma vasta franquia envolvendo uma moradia macabra e seus objetos possuídos. Foram realizados oito filmes no contexto original, ainda que não sejam sequenciais, além da refilmagem de 2005 e trinta e sete – pasmem! – produções picaretas, numa “tubaranização” da série. Nem o mais pessimista dos demônios conseguiria imaginar algo tão longevo!

Terror em Amityville apresentou a primeira família a morar no casarão da 112 Ocean Avenue, em Amityville, Nova Iorque. Os Lutz resistiram às manifestações no local como as moscas que atormentaram o padre Delaney, o desaparecimento de uma quantia em dinheiro, aparições sinistras como os olhos vermelhos de um porco selvagem e a possessão de George, deixando o local 28 dias depois. Em 1982, Amityville 2: A Possessão (Amityville II: The Possession) apresentou livremente o que teria acontecido com os DeFeos, substituindo o nome da família por Montelli, por questões jurídicas. A própria casa já possui uma concepção alternativa principalmente em seu porão, onde há uma entrada escura, úmida e com insetos. Como se espera, além das situações estranhas como o comportamento exagerado e agressivo do patriarca e a relação incestuosa entre irmãos, Sonny é possuído, exigindo um exorcismo não-oficial do padre Adamsky.

Os dois primeiros filmes, mesmo com todos os exageros criativos, são bem interessantes, apresentando dois contos de horror sobre a mesma casa maldita. O mesmo já não se pode dizer sobre o terceiro, Amityville 3D (Amityville 3-D), lançado no ano seguinte. Sem se basear em livro algum e sem poder mencionar os Lutz ou os DeFeos, o longa faz uma referência indireta a Stephen Kaplan, um pesquisador paranormal que tentou na época da publicação da obra original provar que os acontecimentos teriam sido inventados. Kaplan é representado pelo jornalista John Baxter, que, depois de expor uma sessão espírita falsa na casa famosa, compraria o imóvel para uma investigação mais aproximada. Encontraria o corpo do corretor de imóveis, Clifford Sanders, atacado por moscas, e veria sua parceira Melanie ter a sensação de que existe algo realmente perturbador ali. Além de copiar a ideia da foto que prevê a morte em A Profecia (The Omen, 1976), o longa também remete a Poltergeist, o Fenômeno (Poltergeist, 1982) ao levar ao local uma equipe de paranormais em busca de manifestações inexplicáveis. Há uma cena legal, envolvendo a morte da jovem Susan, vista em casa antes que a mãe saiba o que aconteceu, mas o restante é envolto em clichês, um demônio tosco no poço, a presença de uma jovem Meg Ryan e a maquete da casa explodindo no final.

Seria um final perfeito? Não, mas encerraria a maldição com a destruição da casa após três histórias abordando a entrada do inferno em locais diferentes (atrás de uma parede, uma porta e um poço), com uma relação sutil aos acontecimentos “verdadeiros“. Contudo, um quarto exemplar, agora para a TV, foi lançado pela NBC em 12 de maio de 1989, com inspiração leve na obra Amityville: The Horror Returns, de John G. Jones, sua quinta publicação. Amityville 4: A Fuga do Mal parece ter sido ambientado após Terror em Amityville, depois que a família Lutz / Montelli abandonou o local. Isso justificaria a casa estar ainda de pé, e o fato da segunda família a morar ali ter fugido sem levar nenhum objeto.

Com direção e roteiro de Sandor Stern, o quarto filme começa com a realização do exorcismo da casa. Seis padres, liderados por Manfred (Norman Lloyd), vão ao local abençoá-la, ocasionando algumas manifestações, e uma aparição demoníaca numa luminária em um andar superior. Com o possível êxito da ação, com exceção de um incidente com o padre Dennis Kibbler (Fredric Lehne), dias depois os móveis da casa são expostos em uma venda de garagem. Helen Royce (Peggy McCay), acompanhada de sua amiga Rhona (Gloria Cromwell), interessa-se pela luminária, pensando em presentear sua irmã, Alice Leacock (Jane Wyatt), numa piada interna de ambas envolvendo “presentes de grego“. Antes de efetuar a compra, ela se corta no objeto, o que ocasionará sua iminente morte por tétano.

Em Dancott, Califórnia, Alice recebe a iluminária no mesmo dia em que sua filha Nancy Evans (Patty Duke) e seus três netos – Amanda (Zoe Trilling), Brian (Aron Eisenberg) e a quieta Jessica (Brandy Gold) – estão se mudando para o local. Apesar de considerá-la horrível, ela a mantém ligada causando reações imediatas em seu papagaio Fred e no gato Pepper. O objeto começa a afetar instrumentos elétricos como a torradeira, onde o papagaio é encontrado morto, e o triturador, que causará estragos na mão de um jovem eletricista. Além de vitimar o encanador, a luminária começa a interagir com a pequena Jéssica, que acredita que seu pai recém-falecido conversa com ela. É ela a “possuida” do filme, agindo com uma risadinha maléfica, enquanto outras coisas estranhas acontecem. Em uma outra narrativa, acompanhamos a jornada do padre Kibbler na tentativa de descobrir para onde foi o móvel e tentar chegar ao local para concretizar o exorcismo.

Amityville 4: A Fuga do Mal é bastante inferior aos filmes anteriores. Seria mesmo complicado despertar algum medo no espectador, usando como ameaça um abajur com braços de madeira e um ocasional rosto demoníaco. Até fizeram uma tentativa de explorar o ambiente ao colocar a casa de Leacock no alto de uma colina, próximo ao mar revolto, apesar de as tomadas pela frente não darem essa perspectiva. Assim, o longa se sustenta por sequências absurdas como a luminária conseguir mover um veículo para esconder um corpo, uma motosserra (sim, não é uma serra elétrica) ou atirar seu cabo de energia como se fosse um tentáculo. Chega a ser bizarro ver o padre confrontando o objeto e sendo esfaqueado pela criança possuída.

Foi só o primeiro de uma série de objetos malditos que inspirariam as continuações, com exceção do quinto filme. É claro que os realizadores só pensavam em lucrar com a marca Amityville, rendendo filmes ruins e picaretas, como fizeram com outras franquias estabelecidas nos anos 80. E provavelmente o maior dos percalços não seja o enredo em si, mas pelo fato de se distanciar da casa amaldiçoada. Aparentemente, Sandor Stern se inspirou na série Sexta-Feira 13 – O Legado (1987-1990) para compor sua trama, além da obra de Jones, mas não soube construir uma trama assustadora com um item que poderia ocasionar mau agouro.

Curiosamente, mesmo sendo um filme de 1989, quase todo o elenco de Amityville 4: A Fuga do Mal já morreu, incluindo os atores mais novos: Patty Duke (1946-2016), Jane Wyatt (1910-2006), Lou Hancock (1924-1995), Zoe Trilling (1966-2023), Aron Eisenberg (1969-2019), Norman Lloyd (1914-2021), Robert Alan Browne (1932-2018), Gloria Cromwell (1927-2008), Peggy McCay (1927-2018) e Alex Rebar (1940-2021). À exceção, no elenco principal, deve-se a Brandy Gold, que fez a pequena Jessica e desapareceu dos holofotes, e o veterano Fredric Lehne, um dos principais nomes do elenco, tendo atuado em produções como MIB: Homens de Preto (1997), Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012) e até American Horror Story, na temporada 2012.

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