Amityville 5: A Maldição de Amityville
Original:The Amityville Curse
Ano:1990•País:Canadá Direção:Tom Berry Roteiro:Hans Holzer, Michael Krueger, Doug Olson, Norvell Rose Produção:Franco Battista, Michael Krueger Elenco:Kim Coates, Dawna Wightman, Helen Hughes. David Stein. Anthony Dean Rubes, Cassandra Gava, Jan Rubes, Norris Domingue |
Seguindo a onda das continuações intermináveis de franquias iniciadas entre os anos 70 e 80, Amityville apresentou seu quinto filme, apenas um ano depois do já desgastado Amityville 4: A Fuga do Mal. Como aconteceu no anterior, ficou a cargo dos fãs estabelecerem uma conexão com os demais, uma vez que este nem sequer utiliza a mesma casa ou qualquer objeto dela. Pode-se dizer que Amityville 5: A Maldição de Amityville é o Halloween III da série, utilizando apenas o nome como referência, talvez já pensando em ampliar o conceito para uma cidade e não apenas um endereço. Mal sabiam o que iria acontecer com a marca a partir da segunda dezena do século XXI.
O ponto de partida para a realização do filme foi o escritor e parapsicólogo Hans Holzer. Em janeiro de 1977, ele e a médium Ethel Meyers visitaram a casa onde Ronald DeFeo Jr. cometeu os assassinatos em 1974. De acordo com a dupla, principalmente a médium, a casa de Amityville teria sido construída sobre um cemitério indígena da tribo dos Shinnecock, e que o chefe, “Rolling Thunder“, teria sido quem possuiu Ronald e o fez matar sua família. Mesmo com a informação posterior de que foram os Montaukett quem colonizaram a região, Holzer teve material para escrever diversos livros como o que inspirou Amityville 2 e “The Amityville Curse“, inspirando o roteiro de Michael Krueger e Doug Olson, a partir de um argumento de Norvell Rose.
Suas publicações tiveram pouco fundo de verdade, sendo que muitas foram assumidas como material ficcional. No caso de Amityville 5, a inspiração passou distante do material original, assim como a ambientação. Aquela casa sinistra com as luzes da janela parecendo olhos malignos foi substituída por uma de tijolos vermelhos, mais alegre e hospitaleira, sem nenhum aspecto sinistro. E também houve alteração na entidade que habita o lugar, tendo agora poucos elementos sobrenaturais e partindo para um thriller convencional de crime misterioso e investigação.
O filme começa com o assassinato de um padre durante a confissão de um estranho numa igreja paroquial. O confessionário é transportado para um presbitério, para onde, doze anos depois, o psicólogo Marvin (David Stein) e sua esposa sensitiva Debbie (Dawna Wightman) resolvem se mudar. Como a moradia necessita de reformas, o casal convida os amigos Frank (Kim Coates, ainda sem a expressividade das atuações mais recentes), Bill (Anthony Dean Rubes) e Abigail (Cassandra Gava) para festejar a compra do local e ajudar nos reparos. Contudo, como se imagina, coisas estranhas começam a acontecer como barulhos inexplicáveis no porão, onde está guardado o confessionário, e pesadelos que atormentam Debbie, sempre registrando-os em seu caderno para análise de seu marido.
Outras situações perturbam o grupo como o ataque raivoso de um cachorro, a aparição de um jovem, depois visto enforcado, e algumas manifestações que se assemelham a um terremoto. Quem poderia ajudar a esclarecer sobre o passado, a senhora Moriarty (Helen Hughes), ex-secretária da igreja, não o faz, mantendo sempre o mistério até ter seu destino selado no porão ao ser empurrada das escadas por alguém. O jovem fantasma, na verdade, teria se matado por sofrer acusações do crime contra o padre, e o verdadeiro assassino ainda está livre…e, claro, mais próximo do que se imagina.
Para facilitar a identificação do vilão – como se houvesse qualquer dúvida – o enredo apresenta um detalhe: o assassino do padre, antes de atirar em sua cabeça, estava fumando, e só há um personagem que aparece com um cigarro em praticamente todas as cenas. Ao final, há a tradicional perseguição com o assassino com o rosto parcialmente queimado, como se estivesse possuído ou louco, ou as duas coisas, culminando em um confronto pouco empolgante. Mas o que isso tem a ver com Amityville? Em dado momento, em um boteco na região, dois senhores conversam sobre coisas estranhas na cidade e citam o garoto possuído que matou a família. Mais nada.
Sonolento e irritante, Amityville 5: A Maldição de Amityville não se salva nem com a presença do conhecido Kim Coates. Com mais de 150 produções, com destaque para a série Sons of Anarchy, Coates é um bom ator e carismático, mas ainda estava em começo de carreira, sem apresentar muita profundidade em seu personagem em Amityville. Com efeitos rasos e uma direção sem muito brilho, de Tom Berry, este quinto filme poderia ter sido lançado recentemente, com algum título bizarro como “Amityville Igreja” ou “Amityville Confissão” e se perderia entre espantalhos, hospício e até Emanuelle.