Aquele que Habita em Mim
Original:The Inhabitant
Ano:2022•País:EUA Direção:Jerren Lauder Roteiro:Kevin Bachar Produção:Petr Jákl, Leone Marucci, Terence M. O'Keefe Elenco:Odessa A'zion, Leslie Bibb, Dermot Mulroney, Lizze Broadway, Michael Cooper Jr.Mary Buss, Jackson Dean Vincent, Kenneisha Thompson, Ryan Francis, Todd Jenkins |
Os assassinatos de seu pai e sua madrasta em 4 de agosto de 1892 em Fall River, Massachusetts, expôs em holofotes Lizzie Andrew Borden (19 de julho de 1860 – 1 de junho de 1927), acusada por ter cometido os crimes com um machado. Essa história sangrenta se tornou conhecida por todas as suposições que involvem uma época em que julgamentos eram feitos basicamente com autópsias e testemunhos, e até hoje surgem teorias relacionadas à motivação e a ordem dos acontecimentos. Lizzie Borden foi inocentada das acusações pela falta de provas contundentes, mas não da opinião pública e de estudiosos, inspirando livros, músicas, peças de teatro e produções cinematográficas como A Arma de Lizzie Borden (Lizzie Borden Took an Ax, 2014) e The Lizzie Borden Chronicles, ambas com Christina Ricci, além de Lizzie (2018), com Chloë Sevigny. O terror Aquele que Habita em Mim (The Inhabitant, 2022), que está chegando dia 20 de janeiro de 2025 à plataforma de streaming Adrenalina Pura, é envolto em elementos sobrenaturais, abordando maldição e possessão.
De tempos a tempos, Fall River é assolada por crimes misteriosos: pessoas desaparecem e são encontradas mutiladas, vítimas de assassinatos violentos. Existe por trás disso a maldição das descendentes de Lizzie Borden, sugerindo que o espírito da assassina assombra a região e continua cometendo atrocidades. A jovem Tara (Odessa A’zion, de Hellraiser, 2022) conhece bem a praga que assola sua família desde que sua tia Diane (Mary Buss) tem sido mantida em uma instituição psiquiátrica por ter assassinado seu bebê, e pelo temor de sua mãe, Emily (Leslie Bibb, de A Babá: Rainha da Morte, 2020), de que ela possa ser tangida pelo mesmo mal.
Embora Tara não acredite que um dia possa fazer mal a sua família, ela começa a ser perturbada por pesadelos que a mostram matando seu irmão mais novo, além de visões de uma mulher com um machado. Buscando refúgios com o namorado Carl (Michael Cooper Jr.) e com a amiga, apaixonada por ela, Suzy (Lizze Broadway), Tara investe seu tempo em um trabalho de costura, vendendo roupas online, enquanto tenta controlar seus impulsos, investigando o passado de Lizze Borden e visitando sua antiga morada. Já a polícia está cada vez mais convencida de seu envolvimento, depois que desafetos da garota desaparecem.
Aquele que Habita em Mim, através do roteiro de Kevin Bachar, transforma Lizzie Borden em uma serial killer, insana e sanguinária, trilhando corpos na repetição de suas ações violentas. Sugere algumas possibilidades em relação à autoria dos crimes, e também algumas motivações que vão ao encontro das teorias levadas ao tribunal da época como ciúmes, incesto e vingança. Para quem está acostumado com o estilo e atento às pistas deixadas pelo caminho, não há surpresas sobre a identidade da(o) autor(a), restando apenas acompanhar mortes sangrentas, a partir da boa direção de Jerren Lauder, de Do Céu ao Inferno (You’re Killing Me, 2023), que também apresentou referências à tragédia americana.
No elenco, Dermot Mulroney interpreta Ben, o pai de Tara, um personagem que conhece o passado e a maldição, e vive aterrorizado pela possibilidade de estar vivenciando novamente esse horror. Embora deixe expresso sua angústia através de uma boa atuação, não faz nada que possa proteger sua família. E há o espirituoso Caleb (Jackson Dean Vincent), o irmão do meio, que acompanha de forma bem humorada a degradação de sua família, pendendo para uma possibilidade trágica.
Não se deve esperar mais do que um slasher sobrenatural sangrento, com bons elenco e aspectos técnicos, explorando mais uma vez os famosos assassinatos ocorridos no final do século XIX, relacionados a Lizzie Borden. Vale pela curiosidade e pelo resgate de um dos episódios mais sangrentos da história americana.