![]() Superstição
Original:Superstition
Ano:1982•País:Canadá Direção:James W. Roberson Roteiro:Galen Thompson, Michael O. Sajbel, Bret Thompson Plate, Brad White Produção:Ed Carlin, John D. Schwartz Elenco:James Houghton, Albert Salmi, Lynn Carlin, Larry Pennell, Jacquelyn Hyde, Robert Symonds, Heidi Bohay, Maylo McCaslin, Carole Goldman, Stacy Keach Sr., Billy Jayne |
A bruxa está à solta no horror sangrento Superstição (Superstition, 1982), de James W. Roberson, uma produção com elementos slasher e mortes ousadas. Na época de sua realização, quando era conhecido como “The Witch“, figurava na prateleira de outras produções censuradas da febre dos “video nasties“, permitindo que tivesse uma oportunidade doméstica apenas quatro anos depois. Com toda a polêmica e críticas que diziam que era uma mistura indigesta de Sexta-Feira 13 com O Exorcista, o longa passou a ser cultuado pelos fãs do gênero, tendo até uma versão em DVD pela Anchor Bay Entertainment em 2006. Será que o longa carrega tanta qualidade para comparações e banimentos?
Na verdade, não. Trata-se de uma produção independente repleta de falhas, envolta em clichês, efeitos exagerados e pouco sentido. A trama básica apresenta a tradicional vingança sobrenatural, quando uma bruxa, condenada à morte por afogamento, promete se vingar dos descendentes de seus algozes. Mas tudo é muito lento, com personagens rondando ambientes por vários minutos até encontrar seu destino final. E as atuações amadoras e o excesso de coadjuvantes contribuem para sua mediocridade. É provável que, em 1982, à luz de uma década de assassinos mascarados, Superstição se destaque pelos elementos sobrenaturais, antes que Freddy Krueger entrasse em cena em 1984.
Um casal de namorados aos beijos em um carro estacionado diante de uma casa considerada assombrada é assustado por dois garotos, Charlie (Johnny Doran) e Arty (Bennett James). Os dois brincalhões encontram seu destino na própria morada: mesmo Arty estando no sótão, ele encontra dificuldades para sair do local e caminha por lá como se fosse a primeira vez. Ao ver um micro-ondas abrindo sua porta com som de nave espacial, é atirado para o teto, somente para depois sua cabeça ser encontrada no interior do eletrodoméstico. Depois de circular pela casa inteira, por cerca de três minutos, Charlie vê o amigo morto e tenta fugir por uma janela, sendo cortado ao meio.
Na cena seguinte, o reverendo David Thompson (James Houghton), substituindo o veterano Henry Maier (Stacy Keach Sr.), recebe a visita do inspetor Sturgess (Albert Salmi) e seu parceiro Jack Hollister (Casey King), que falam sobre a tal casa, pertencente à Igreja, e que foi palco dos assassinatos vistos no começo, provavelmente vítimas de ocultismo, além das lendas relacionadas a ela. Os quatro resolvem investigar a morada, conhecendo no local o zelador mudo Arlen (Joshua Cadman), filho da idosa vizinha, Elvira (Jacquelyn Hyde). Assim que conhece Arlen, o investigador já o responsabiliza pelas mortes, incluindo a de Hollister, arrastado para a lagoa.
O próximo a morrer é Maier, mutilado por uma serra enquanto tentava abençoar a casa. Aparentemente no mesmo dia, uma vez que parece que ninguém sai de lá e nunca anoitece, chegam à casa como convidados da igreja o alcoólatra reverendo George (Larry Pennell), sua esposa Melinda (Lynn Carlin) e os filhos adolescentes Ann (Heidi Bohay), Sheryl (Maylo McCaslin) e Justin (Billy Jayne, de Aniversário Sangrento, Cujo e Pesadelos Diabólicos), enquanto um operário é morto enforcado no poço do elevador do local. Outras situações bizarras acontecem como o aparecimento de uma mão decepada na lagoa, uma criancinha fantasma chamada Mary (Kim Marie) passa a incomodar David, garras sendo avistadas, o sumiço de Justin e o aparecimento de uma cruz antiga, relacionado à história local, pesquisada pelo reverendo nos auxiliando com um flashback que traz a morte da bruxa, com direito a um aldeão portando um relógio de pulso em 1692.
Embora bastante ágil pela quantidade de mortes violentas e cenas de horror, com uma entidade invisível e suas risadas sinistras, o longa transborda amadorismo nos aspectos técnicos e canastrices. Quando a cruz encontrada parece ser o elemento que manteve a bruxa presa no lago, você se pergunta sobre acontecimentos anteriores ao artefato ter sido encontrado. Se ela conseguia matar antes, qual a probabilidade de David achar que poderia resolver tudo usando-a novamente no lago? E fica a dúvida sobre o poder dessa cruz, se poderia ser qualquer uma ou se esta tem algum fator que a torna mais poderosa que outras.
Além disso, personagens morrem e reaparecem sem causar tanto incômodo, o inspetor não consegue ir embora, não há muitas cenas noturnas e Elvira deixa dúvidas sobre sua importância ali. O roteiro, escrito por Galen Thompson, a partir de um argumento desenvolvido por Michael O. Sajbel, Bret Thompson Plate e Brad White, parece se desenvolver a partir das mortes como um slasher tradicional – de acordo com as curiosidades da produção, só havia uma linha narrativa sobre uma família que se muda para uma casa assombrada e o resto foi acrescentado durante as filmagens. Coadjuvantes aparecem poucos minutos e morrem apenas para ampliar o sangue em tela, e a Igreja, consciente dos desaparecimento e mortes, não faz o básico que seria pesquisar o passado e demolir o casarão, levando cada vez mais pessoas para se tornarem vítimas da bruxa.
Superstição tem mais polêmicas em torno da produção do que qualidades. Pelo banimento exagerado, o longa atraiu olhares curiosos para saber o que havia de tão agressivo em seu conteúdo, mesmo que a história seja envolvida em clichês comuns. Não é à toa que a crítica da época percebeu sua simplicidade, mas já era tarde: fãs de horror já estavam caçando meios de assistir ao filme de Roberson para conhecer seu conteúdo maldito. Devem ter percebido que se trata de um slasher sangrento sem surpresas, passível de fazer parte da coleção de qualquer fã de horror que acumula absurdos em suas prateleiras.