Em comemoração dos 24 anos do Boca do Inferno, o editor Marcelo Milici desafiou seus colaboradores a elaborar uma lista dos 24 filmes que consideram mais marcantes em sua vida. Abaixo segue a de Pedro Emmanuel, crítico do site, em um cardápio de produções clássicas, divertidas e essenciais! Sem ordem de preferência!
A Bruxa de Blair (The Blair Witch Project, 1999) – Lembro de certo alvoroço à época de seu lançamento, pois foi vendido como uma gravação real. Só descobri ser um vídeo falso quando vi a mesma atriz na série Taken, do Spielberg, lançada poucos anos depois. Mesmo assim, causou muito temor com seu estilo diferente e toda a estranheza que conduz a narrativa. Assustou muito, e foi muito legal viver tudo isso!
O Massacre da Serra Elétrica (Texas Chainsaw Massacre, 1974) – Um favorito mas vou destacar aqui só uma cena: toda a sequência em que Pam e Kirk saem para procurar um lugar com telefone – caminhando pelo terreno, a aproximação da casa, a mudança de atmosfera – até toparem com o Leatherface pela primeira vez. A melhor apresentação de todas! Sinistro, sofisticado e brutal ao mesmo tempo, coisa de gênio.
O Bebê de Rosemary (Rosemary’s Baby, 1968) – Por falar em sofisticação, esse é sofisticado até o talo. E a espiral de paranoia que Rosemary entra é genuinamente sufocante.
Pânico (Scream, 1996) – Esse é um amigo querido. Um dos responsáveis pelo vício em terror e mistério.
Brinquedo Assassino (Child’s Play, 1988) – Nostalgia pura pra mim. Lembro da estreia na TV, minha mãe não me deixou assistir. Anos depois vi pela primeira vez, após já ter visto algumas sequências, e achei FILMÃO. Sinistro como nenhum filme da franquia conseguiu ser novamente.
Intruders (1992) – Um dos primeiros filmes mais sérios sobre ufologia (e não sobre ataques de ETs) que vi e me marcou bastante. Me fez interessar pelo tópico.
Possessão (Possession, 1981) – Outro que é sempre genial. As longas sequências iniciais de discussão de casal, uma perseguição sufocante, são muito imersivas e o preâmbulo perfeito para compreender o caos que se segue. Totalmente hipnotizante e envolvente.
Uma sobre a Outra (Una Sull’altra, 1969): Acho que é um dos primeiros filmes de mistério do Lucio Fulci. Esse é thriller até o talo, uma pegada meio Um corpo que Cai, e imprevisível até o último segundo. Achei “adrenalina pura”.
Terror na Ópera (Opera, 1987) – Não vou dizer que é o último filme bom do Argento (Síndrome Mortal também é alto nível), mas é um fodão e um dos mais curiosos. Incrível como nos filmes bem realizados se reproduz um determinado universo com tanta maestria. As cenas de horror também estão entre as mais chocantes da filmografia do diretor. Acho esse meio fascinante.
Vestida para Matar (Dressed to Kill, 1980) – Apesar de atualizar Psicose (1960), me amarrou pela direção brilhante de Brian de Palma. A sequência inteira, que vai da cena do museu até a cena do elevador, são quase 30 minutos de êxtase cinematográfico. Vale a pena demais.
A Sombra de uma Dúvida (Shadow of a Doubt, 1943) – Meu favorito do Hitchcock no momento, e este momento já dura alguns anos. A dúvida é peça central dessa trama, e nada neste filme funcionaria se a capacidade de percepção do espectador também não fosse colocada à prova. Grande filme, sem sombra de dúvida (claro).
Assassino Invisível (The Town that Dreaded the Sundown, 1976) – Esse é pauleira! Um dos filmes de serial killer mais assustadores, na pegada dos true crimes atuais. A cena final é angustiante.
Os Demônios (The Devils, 1971) – Outro filme que é o ouro. Nunxploitation com roteiro e direção primorosas, de deixar o cinéfilo cult de “barriga cheia” por alguns dias.
Olhos Famintos (Jeepers Creepers, 2001) – Pra mim, o último filmão dos anos 90. O primeiro ato, na linha de Encurralado, é aterrador, e o que vem na sequência é deslumbrante. Ainda não vi nada do mesmo gênero feito posteriormente que se assemelhe em impacto. É peça única, desconsidere o que veio depois.
Tentação Fatal (Teaching Mrs. Tingle, 1999) – Mais nostalgia. Foi depois de uma paródia feita em um episódio de Community que vi o outro que sustenta esse filme. Helen Mirren no elenco já denuncia coisa boa.
Na Solidão da Noite (Dead of Night, 1945): Espécie de coletânea de contos, estilo que não sou lá muito fã, mas com boas histórias, e uma particularmente assustadora – a história do ventríloquo com dupla personalidade. Aquela cena final ficou na minha cabeça por dias!
Escravo de Si Mesmo (Beware, My Lovely, 1952): A história de uma mulher, interpretada por Ida Lupino, que inadvertidamente contrata um assassino para trabalhar em sua casa. É sufocante e angustiante na medida e me rendeu bons momentos de tensão! Uma joia que achei um dia por aí.
O Poço e o Pêndulo (Pit and the Pendulum, 1961) – Não está entre as adaptações de Poe mais marcantes mas a cena final nunca me saiu da cabeça.
Tara Maldita (The Bad Seed, 1956) – Outra joia da década de 1950. Algumas concepções atrasadas demais para os dias de hoje, mas ainda assim ousado, e muitíssimo bem executado, atores excelentes, etc. Cinco caveiras.
Carrie, a Estranha (Carrie, 1976) – Stephen King por Brian de Palma só poderia sair um troço elegantérrimo. Carrie é tudo isso e mais. Eu destaco rapidamente o som desse filme, torna tudo mais assustador no terceiro ato. Pra ver no cinema.
Halloween III – A Noite das Bruxas (Halloween III, 1982) – É uma boa sacada que os aproveitadores da franquia Halloween tiveram. Poderia inclusive ser melhor que qualquer Halloween, tivesse outro título. Sempre faço questão de lembrar dele, outro filme com encerramento surreal e de explodir o cérebro (literalmente).
O Homem de Palha (The Wicked Man, 1973) – Lembro claramente de todas as sensações que tive quando vi este pela primeira vez. Da raiva daquele protagonista, que depois a compreensão, pra se transformar em angústia e pena por ele – até aquele espantoso final, que foi chocante pra mim naquele momento. Incrível, apenas.
Incubus (1966): é dos melhores com temática satanista, que eu adoro. Apesar de várias características específicas que transformaram esse filme em cult, ainda tem um dos melhores roteiros em filmes do gênero.
Halloween – A Noite do Terror (Halloween, 1978) – Outro velho amigo de infância, que nunca me deixou na mão desde meus 12/13 anos. Halloween abasteceu minha fome de terror por um bom tempo à medida que ia tendo mais acesso a outros filmes. Apesar de chamar hoje de velho amigo, é ainda um bom amigo, daqueles que sempre é um prazer rever, mesmo 25 anos depois.