X-Men: O Confronto Final (2006)

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X-Men 3 (2006)

X-Men: O Confronto Final
Original:X-Men: The Last Stand
Ano:2006•País:Canadá, EUA, UK
Direção:Brett Ratner
Roteiro:Simon Kinberg, Zak Penn
Produção:Avi Arad, Lauren Shuler Donner, Ralph Winter
Elenco:Patrick Stewart, Hugh Jackman, Halle Berry, Ian McKellen, Famke Janssen, Anna Paquin, Kelsey Grammer, James Marsden, Rebecca Romijn, Shawn Ashmore, Aaron Stanford, Vinnie Jones, Ellen Page, Ben Foster

Quando fez sua première mundial, no prestigiado Festival de Cannes de 2006, X-Men – O Confronto Final (X-Men: The Last Stand, 2006) não apenas foi recebido pela imprensa internacional como um dos destaques do evento, como acabou ofuscando a estreia do super hiper mega aguardado O Código Da Vinci (The Da Vinci Code, 2006).

O sucesso da terceira aventura dos mutantes no tradicional festival francês serviu para antecipar que as reações do público também seriam positivas (como realmente estão sendo). Tratando-se de uma história adaptada do universo dos quadrinhos, pode-se dizer que X-Men é quase uma exceção a regra por conseguir fugir dos tradicionais vícios deste tipo de projeto e por se firmar como uma das melhores produções do gênero.

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A ação em X-Men 3 (como é chamado pela maioria dos fãs) acontece alguns meses depois do filme anterior (X-Men 2, 2003). Na nova aventura, os mutantes da escola do Professor Xavier (Patrick Stewart), conhecidos como os X-Men, ainda muito abalados com a morte da companheira Jean Grey (Famke Janssen), recebem a notícia de que uma cura para a mutação foi descoberta e, através dela, os mutantes voltarão a ser “pessoas normais”, sem poderes especiais. A informação vai causar reações positivas para aqueles que acham que mutação é uma doença e vêem na vacina uma possibilidade de cura, e negativa, em especial do vilão Magneto (Ian McKellen), que é totalmente contra a ideia.

Durante o conflito, os X-Men ainda terão que enfrentar a própria evolução da espécie mutante, materializada na forma da ex-integrante Jean Grey, morta no filme anterior, que ressurge na trama como a Fênix, a mais poderosa e perigosa mutante já vista, capaz de aniquilar qualquer inimigo, até mesmo os personagens mais poderosos da saga. O poder destrutivo da Fênix é um perigo para humanos, mutantes e principalmente para a própria, que, por não conseguir controlar a sua força, comete atos extremos, até mesmo contra seus antigos companheiros.

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A primeira impressão que se tem ao assistir X-Men 3 é que se está diante de uma produção grandiosa, em todos os sentidos, o que é verdade. O filme possui um ótimo roteiro, é bem conduzido, tem grandes astros que estão muito bem em seus respectivos papéis, além de excelentes sequências de ação mescladas com momentos de drama. Essa última característica talvez tenha sido a que mais diferenciou, de forma positiva, a saga e foi decisiva para uma boa aceitação da série tanto de público como de crítica.

Se fosse uma produção apenas repleta de efeitos especiais, o primeiro X-Men (X-Men, 2000) teria feito sucesso, mas não a ponto de permitir que a série tivesse se consolidado como uma das mais importantes da década. Fruto do bom roteiro assinado por Zak Penn e Simon Kinberg (responsáveis pelos dois filmes anteriores), a história agradou não apenas aos fãs dos quadrinhos, como conseguiu conquistar admiradores que nunca leram um gibi da Marvel.

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A direção de X-Men 3 ficou a cargo de Brett Ratner (Dragão Vermelho), que assumiu o posto após a desistência de Bryan Singer (diretor dos filmes anteriores), que optou por comandar o aguardado Superman Returns (2006). Ratner soube dar continuidade ao bom trabalho feito por Signer nos dois primeiros capítulos fechando com chave de ouro a saga iniciada em 2000. Não que a série tenha acabado, mas ao final do X-Men 3 se tem a certeza de que, um ciclo foi fechado, mas que existem portas abertas para novas aventuras.

E provando que os mutantes vieram pra ficar, em 2007 foi anunciado um projeto independente da franquia X-Men, que é o filme batizado de Wolverine (Wolverine), um importante personagem do universo mutante. No enredo previsto, seria mostrada a jornada de Wolverine em busca de sua origem, tema abordado nos X-Men 1 e 2, mas que sequer foi mencionado no terceiro (por que será?).

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Tal projeto seria uma forma de realizar filmes do universo X-Men, sem precisar unir todo o elenco de mutantes conhecidos, algo que foi se tornando um problema cada vez maior. Neste X-Men 3, a atriz Anna Paquin, entrou na produção praticamente nos 45 minutos do segundo tempo, o que deixou a personagem Vampira quase como uma participação especial dentro da trama principal, assim como Rebecca Romijn, que, por causa de outros projetos, deu vida novamente a sensual vilã Mística por apenas 15 minutos de filme. Outro que pouco aparece em X-Men 3 é o ator James Marsden, o Cyclope, que estava envolvido nas filmagens de Superman Returns. Mas não se preocupe, pois mesmo com essas três baixas na trama, X-Men 3 tem mais mutantes do que os dois filmes anteriores juntos com novidades bem interessantes para os fãs

E por ser considerado uma espécie de capítulo final da trilogia, espere para este X-Men 3 momentos realmente marcantes, com apoteóticas cenas de batalha, alto teor dramático e até a morte ou “cura” de alguns mutantes bem conhecidos e queridos. E não saia da sala de cinema antes dos créditos acabarem, pois existe uma cena, de fundamental importância para saber o que realmente aconteceu com um personagem importante da série, mas tal passagem acontece após todos os créditos serem exibidos. Ou seja, fique conversando com quem estiver com você no cinema o quanto X-Men 3 é bom e comentando sobre as inúmeras cenas marcantes enquanto espera pelos créditos acabarem para ver tal cena.

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Novatos e veteranos turbinados

X-Men 3 traz novos mutantes ao lado de veteranos conhecidos dos filmes anteriores. Da turma nova, a principal atração é a Fênix, uma força destrutiva e invencível. Se você acha que Magneto e Xavier são fortes, é por que nunca ouviu falar da Fênix e se prepare, pois em X-Men 3, ela é a estrela, ou seria a vilã? A cena que se passa na casa da Jean Grey é apenas uma amostra do poder da moça. Destaque também para Colossus (Daniel Cudmore), que foi visto rapidamente nos filmes anteriores, mas agora tem maior participação, assim como a Lince Negra (Ellen Page), que desta vez parte em missões importantes com os seus companheiros. Também teremos pela primeira vez um combate real entre Homem de Gelo (Shawn Ashmore) e Pyro (Aaron Stanford).

Outro destaque vai para o Anjo (Ben Foster) embora a participação dele na trama seja pequena, o que é uma pena, pois se trata de um personagem realmente interessante. Além dele, também debuta em X-Men 3 o mutante Fera (Kelsey Grammer), como um poderoso aliado dos mocinhos. Do lado dos vilões temos Fanático (Vinnie Jones), Homem Múltiplo (Eric Dane), Calisto (Dania Ramirez), entre outros.

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E da turma veterana temos a sempre presença marcante de Xavier, Magneto e Wolverine (Hugh Jackman), embora o destaque deste novo filme seja a Tempestade (Halle Berry), que praticamente assume o comando dos X-Men. Segundo informações que circularam na internet durante o período de pré-produção do filme, a atriz havia dito, após o segundo filme, que não participaria de um terceiro, principalmente por divergências com o antigo diretor Singer. Como o X-Men 3 ficou a cargo de Ratner, Berry repensou na proposta de voltar a fazer a mutante Tempestade, mas impôs uma condição: que ela tivesse mais destaque dentro da trama. E realmente, além de estar bem mais poderosa (finalmente voado), a moça rouba a maioria das cenas em que aparece.

Os mutantes existem?

A série de quadrinhos norte americana X-Men surgiu no ano de 1963, fruto da criação de Stan Lee e Jack Kirby e publicada pela Marvel. A revista trazia história de mutantes, pessoas que possuíam alterações genéticas que lhes conferiam poderes especiais. Os X-Men é um grupo de mutantes que tenta viver em harmonia com os seres humanos, apesar da rejeição destes.

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Com o passar dos anos, a série se tornou uma bem lucrativa franquia, com novas histórias em quadrinhos, além de desenhos animados para televisão, diversos souvenires como brinquedos, álbuns de figurinhas, vídeo games, entre outros, além de uma série para o cinema. Diversões a parte, a mitologia X-Men pode ser vista possuindo ligações com fatores sociopolíticos, que acabam levando a várias interpretações paralelas às aventuras dos mutantes. Dizer que as histórias possuem apenas essa visão crítica da sociedade seria falso, pois a diversão e o entretenimento são os carros chefes da franquia, mas não deixa de ser interessante observar certas mensagens da trama.

Para começar, as pessoas que possuem alteração genética são vistas como uma metáfora das minorias étnicas e grupos oprimidos. Trata-se de uma das principais mensagens da saga quando se observa que alguns mutantes possuem seus poderes ligados a algo fora dos padrões considerados normais, e por isso, alvo de pré-conceitos. Por serem diferentes, alguns inclusive fisicamente, vivem escondidos em guetos, além de não possuírem quaisquer direitos políticos.

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Outra leitura referente ao universo X-Men estaria ligado à homossexualidade, quando se compara a descoberta da opção sexual com a dos poderes mutantes, geralmente na fase da adolescência. Escondendo a verdade da família e com medo do próprio comportamento, os novos mutantes vivem de forma tensa até quando se assumem ou são descobertos pelos humanos sendo então regeitados pelos mesmos. O exemplo da personagem Vampira, que ao se descobrir mutante foge de casa, ou de Bobby, o Homem de Gelo, que quando conta para sua família da sua condição, é questionado pelos pais se já tentou não ser mutante. O exemplo mais recente está no X-Men 3, quando o personagem Anjo (ainda criança) tenta arrancar as asas, fruto da mutação e surpreendido pelo pai, pede desculpas, entre lágrimas, por ter nascido mutante.

O anti-semitismo também é algo que pode ser obsevado no universo X-Men, em especial através do personagem Magneto, que prega claramente que humanos e mutantes não podem conviver juntos e ainda acredita que o objetivo das pessoas é o de acabar com a raça dele, algo semelhante ao que os nazistas tentaram fazer com os judeus durante a 2ª Guerra. Magneto também prega a supremacia da raça mutante.

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Filipe Falcão

Jornalista formado e Doutor em Comunicação. Fã de filmes de terror, pesquisa academicamente o gênero desde 2006. Autor dos livros Fronteiras do Medo e A Aceleração do Medo e co-autor do livro Medo de Palhaço.

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