![]() | Floresta do Mal
Original:Wrong Turn 2: Dead End
Ano:2007•País:EUA Direção:Joe Linch Roteiro:Turi Meyer, Al Septien Produção:Jeff Freilich Elenco:Aleksa Palladino, Matthew Currie Holmes, Erica Leerhsen, Daniella Alonso, Crystal Lowe, Henry Rollins, Texas Battle, Steve Braun |
Na floresta, somente eles poderão ouvir você gritar…
Em 2003, quando o cinema brasileiro estava em alta com o lançamento de boas produções como O Homem que Copiava e Amarelo Manga, os olhos assustados dos fãs de produções sangrentas espreitavam ansiosamente pela estreia da nova versão do Massacre da Serra Elétrica, que já acumulava boas críticas nos sites internacionais (mal sabíamos que o filme somente seria lançado dois anos depois). O gênero entrou numa fase de boas mudanças com o resgate da violência crua, da humanização do horror, das torturas físicas, da explicitação dos órgãos – características presentes nos clássicos das décadas de 70 e 80 e que serviram para moldar o estilo.
Para o povo brasileiro, a violência real estava em alta nesse ano de 2003, quando um casal de jovens, Felipe Silva Caffé e Liana Friedenbach, foi encontrado morto num sítio abandonado em Embu Guaçu, num crime que chocou a opinião pública. Vítimas de um menor de idade e um grupo de marginais, ambos foram assassinados cruelmente, sendo que Liana sobreviveu durante três dias sob torturas e abusos, contrariando a tagline de The Hills Have Eyes. Com esse horror real exibido constantemente nos noticiários que acompanhavam a dor do pai na busca pela filha, o cinema ainda era surpreendido por uma outra produção, que quase ofuscara a estreia do Massacre da Serra Elétrica, dividindo a atenção dos infernautas. Trata-se do filme Wrong Turn, lançado por aqui pela PlayArte no ano seguinte com o título oportunista Pânico na Floresta.
Numa referência apaixonada aos clássicos Quadrilha de Sádicos e Amargo Pesadelo, Wrong Turn, do diretor Rob Schmidt, trazia um elenco de rostos conhecidos (Eliza Dushku, Desmond Harrington e Jeremy Sisto) tendo que enfrentar uma família canibal nas matas de West Virginia, após pegarem o caminho errado seguindo a orientação de um estranho desdentado que bebia iogurte num posto de gasolina. Com cenas de perseguição e desespero na mata, o ótimo filme fez sucesso nos cinemas brasileiros em 2004, com momentos bastante inspirados: a espionagem na velha cabana, o cemitério de carros, as flechadas certeiras e, principalmente, uma certa machadada na boca, com extração do maxilar.
Com o sucesso, o filme inspirou a composição criativa de diversos roteiristas, serviu de alavanca para a carreira do elenco envolvido e deu luz verde para a realização de uma continuação. Ponto que se tornaria pacífico quatro anos depois, com o lançamento direto para o vídeo de Wrong Turn 2: Dead End, dirigido pelo desconhecido Joe Lynch, a partir de um roteiro escrito por Turi Meyer (conhecido por seu trabalho nas séries Buffy, Angel, Smallville e nos filmes Candyman: Dia dos Mortos e O Retorno do Duende), e seu parceiro de longa data Al Septien.
Seguindo a cartilha das sequências contemporâneas, Wrong Turn 2 se destaca por sua violência excessiva, pelo número maior de mortes, pela grande quantidade de personagens e, principalmente, pela referência ao clássico mor do cinema de horror, O Massacre da Serra Elétrica, em sua cena antológica. Os excessos podem tornar a produção mais divertida e dinâmica, mas não fazem com que ela fique mais interessante que a original, como muitas críticas da internet sugerem desde sua exibição teste.
De qualquer modo, o começo é simplesmente brilhante e merece uma narração mais detalhada: interpretando a si mesma, a cantora e atriz, Kimberly Caldwell (que participou dos programas Popstar e American Idol), cruza uma estrada cercada pelas matas da West Virginia, enquanto conversa por telefone com seu agente a respeito de sua participação num novo reality show. Num momento de distração, acidentalmente, a garota atropela um desconhecido que cruzara seu caminho. Ao parar para socorrê-lo, ela tenta puxar a língua do indivíduo – que já tinha o rosto deformado antes do acidente – e acaba tendo seus lábios arrancados numa dolorosa dentada. Para completar seu infortúnio, a figura monstruosa ainda rasga a jovem em uma única e violenta machadada cortando-a de cima para baixo e dividindo-a em dois pedaços. Num bom posicionamento de câmera, acompanhamos a cena pelas pernas da jovem, restando ao espectador observar a lâmina indo de encontro ao chão, trazendo consigo pedaços de órgãos e muito sangue. Para concluir um dos momentos mais interessantes do filme e – arrisco dizer – da atual fase do cinema de horror, duas criaturas arrastam seus pedaços para a mata, comemorando a possibilidade de uma boa refeição.
Depois desse momento espetacular, acompanhamos a equipe de produção e os participantes de um novo reality show sendo apresentados ao público através da tradicional introdução dos programas e filmes que abordam o estilo. Filmes como O Olho que Tudo Vê, Halloween: Ressurreição e O Jogo das Sete Mortes já tinham feito uso da fórmula no começo de seus longas, numa tentativa sempre fraca de se aproximar dos verdadeiros Big Brothers. O carismático vocalista da banda Rollins Band, Henry Rollins (Banquete no Inferno), interpreta Dale Murphy, o Pedro Bial desse reality, uma figura que chama a atenção por seus gritos e músculos. Como parte da equipe, M (Matthew Currie Holmes, de Firewall) é o câmera, que, estrategicamente, possui uma namorada entre as participantes: a bela e apaixonada Mara (Aleksa Palladino, de O Grito 2). Entre os demais competidores, destaca-se a angustiada Nina Papas (Erica Leerhsen, de O Massacre da Serra Elétrica 2003), o bom caráter Jake Washington (Texas Battle, de Premonição 3), a bondosa Amber (Daniella Alonso, de O Retorno dos Malditos), a promíscua Elena (Crystal Lowe, de Noite do Terror 2006) e o engraçadinho Jonesy (Steve Braun, de Sociedade Secreta 3).
Assim, esses personagens manjados espalham-se em duplas pelas matas com o objetivo de conquistar às provas do programa. No enredo do reality, após guerras nucleares e mudanças climáticas, o Planeta Terra está devastado, vivendo um período denominado como Apocalipse (com carros abandonados, casas, corpos e até um helicóptero derrubado). Cabe aos participantes a tarefa de tentar sobreviver a vários dias no local, evitando cair nas armadilhas – que podem contaminar o participante e obrigá-lo a cumprir uma meta para continuar na batalha -, procurando alimentos e abrigo, ao passo que tentam enfrentar a maior dificuldade: a convivência.
Logo que iniciam as buscas, uma família canibal, composta de pessoas deformadas e agressivas (seguindo a regra dos vilões, sempre feios, e tentando passar uma mensagem sobre as consequências das guerras biológicas…), passa a caçá-los um a um, usando flechas, machados, facões e as armadilhas espalhadas pelo local. Os ataques acontecem sempre que os jogadores estão sozinhos ou em dupla, facilitando o trabalho dos selvagens, que, assim como o original, estão quase sempre em grupo.
Apesar de ser linear, não parece necessário relatar a ordem dos fatos, já que qualquer mudança não faria diferença alguma no roteiro do longa. Um personagem é ferido, enquanto outro é morto, um é preso, depois escapa, outro é preso e morto, e por aí vai. Como eles dificilmente se encontram, às vezes fica difícil saber quem morreu primeiro ou em que momento tal jogador foi atacado. Apenas dois personagens fazem a ligação entre os demais e conduzem a narrativa: Nina e Dale. São eles que presenciam ataques e escapam por diversas vezes da morte, lutam de igual para igual com as criaturas, e são os que mais se aproximam da natureza animal dos vilões. Aliás, felizmente, foi mantido esse aspecto selvagem, com a comunicação feita através de grunhidos e gritos, que embora não possuam uma cadeia lógica de signos, seus significantes facilitam a compreensão dos significados. Reparem mais uma vez como o monstro creditado como Three Finger (interpretado no original por Julian Richings, e neste por, Jeff Scrutton) faz sons repetidos com a boca, enquanto mexe os dedos, como se estivesse atraindo uma presa para o abate.
Dentre todo o elenco, o único que participou também do filme de 2003 é o velho que engana as pessoas no posto do gasolina, interpretado por Wayne Robson. Neste, é explicado o motivo de sua cooperação com a família assassina, mas, em contrapartida, uma fala mal colocada praticamente fura a franquia: Ninguém que tenha estado nessa mata saiu com vida. (!!!) Como não? Resolveram ignorar Chris Flynn e Jessie Burlingame (Desmond Harrington e Eliza Dushku, respectivamente)?
Realmente, uma das grandes falhas de Wrong Turn 2: Dead End é a falta de referência ao original. Com certeza, os fãs sentirão falta de algumas locações usadas no primeiro filme e que podiam ter sido lembradas na continuação. Por exemplo, a torre de vigia, o cemitério de carros, a casa original da família (ainda que em ruínas), a cachoeira…A propósito, com a conclusão desse filme ficarão algumas questões para os fãs pensarem a respeito: a polícia nunca mais foi ao local? E as pessoas desaparecidas? Os sobreviventes não denunciaram os ataques? Não houve divulgação na imprensa? De onde surgiram tantos novos monstros?
Por outro lado, Wrong Turn, de 2003, é lembrado no momento em que alguns jovens entram numa velha cabana na região e são obrigados a se esconder quando canibais chegam ao local trazendo uma das vítimas para uma necropsia. Além de acompanharem todo o episódio, eles ainda acabam sendo surpreendidos pelo parto de um monstrinho – fato que já virou clichê no cinema atual depois de filmes como O Massacre da Serra Elétrica: O Início e O Retorno dos Malditos – numa possível referência a Fome Animal. A continuação também lembra o filme original na famosa cena da flechada no olho, sendo que desta vez temos a dramatização do ditado matar dois coelhos com uma única cajadada.
De todo modo, trata-se de um bom filme, mesmo com o tom de humor mais intensificado nessa sequência. No original, as poucas falas de alívio cômico eram proferidas pelo personagem de Jeremy Sisto. Neste, há um completo palhaço chamado Jonesy, que sempre que aparece em cena traz algum comentário engraçado, ainda que a situação seja desconfortante. Além dele, os próprios vilões apresentam alguns momentos descartáveis: um nojento beijo, cenas de ciúmes e uma envolvendo sexo (!!!) dão um tom pouco dramático e inferior à narrativa.
E quando tudo parece caminhar para a obviedade, os roteiristas transformam Henry Rollins no Rambo com direito a ataque surpresa, manchas de guerra no rosto e camuflagem. Wrong Turn 2 torna-se ainda mais divertido, mas afasta-se do gênero horror.
Para terminar, é impossível deixar de comentar a homenagem dos roteiristas à obra de Tobe Hooper, O Massacre da Serra Elétrica, de 1974, na tradicional cena do jantar em família. Sem o mesmo impacto e sem uma boa atuação da vítima, o momento ainda assim é bem visto e serviu para aumentar o prestígio da sequência. Nada mais justo do que essa citação, também vista em O Massacre da Serra Elétrica: O Início, para concluir o longa de forma satisfatória, ainda que o filme seja bastante inferior à produção de Rob Schmidt, muito mais tensa e sem exageros.
Wrong Turn 2 foi distribuído diretamente em DVD no Brasil pela Fox com o título mais enjoativo do que dez jantares com uma família canibal – Floresta do Mal -, já que a possibilidade de um coerente Pânico na Floresta 2 foi descartada depois que a PlayArte resolveu picaretar esse título para lançar o desconhecido Timber Falls, mostrando, mais uma vez, quem são os verdadeiros canibais, que levam o público para o caminho errado, numa evidente marginalização do gênero.
Com certeza o melhor filme da franquia, é até difícil de acreditar que é um filme lançado direto em vídeo. Pena que o terceiro filme cagou com tudo
Queria ver o filme pelo YouTube só que não acho mais como faço??
A única coisa que salvou o filme foi Nina ( Erica Leerhsen), repetitivo, muito cômico, nada original 🙁
O primeiro realmente foi bom, mas o pior dessa sequência é que eu tinha uma expectativa enorme por ela, que até acabei alugando o Pânico na Floresta 2 falso. Esse filme teria sido melhor se fosse mais sério, e não tivesse esse humor esquisito que eles inventaram.
O primeiro foi bom ! O Biro Biro passa !
Um filme muito ruim – nojento… com cenas de violência desnecessárias.
Há apenas um momento bom no filme inteiro, porque o resto, é uma nojeira sem tamanho.
NOJENTO E REPUGNANTE,
0,5/10,0
Um filme muito ruim – nojento… com cenas de violência desnecessárias.
Há apenas um momento bom no filme inteiro, porque o resto, é uma nojeira sem tamanho.
NOJENTO E REPUGNANTE,
0,5/0,0
Fala mal de um filme mil vezes melhor que as porcarias que fazem hoje em dia.
Acho que tu foi meio severo com o filme, Marcelo, mas opinião é opinião, né? Lá vem a minha!
Como comentei na crítica de Juvenatrix pro filme original de 2003, achei que na crítica de Juvenatrix faltou mencionar o grafismo das cenas. Ainda bem que eu sei que posso “contar” contigo pra observar isso, Marcelo! hehe!
Gosto do filme original, a Eliza foi uma das minhas primeiras paixões na vida quando ela interpretava a Faith em Buffy. Mas acho o filme 2 muito melhor que este primeiro: no segundo há mais violência e mortes criativas, mais desenvolvimento de personagens, tanto dos mocinhos quanto dos deformados, principalmente em seu âmbito familiar – impressionante notar como eles possuem costumes tradicionais, como quando quando eles rezam na mesa antes de comer; tem mais dinamismo, ambientes diferentes dentro da floresta, reviravoltas boas (morre antes quem você pensa que era o protagonista!). Não concordo que os personagens sejam de todo descartáveis: claro que eles são clichês, mas o que mais se pode inventar de novo e original hoje em dia depois de tantas décadas de terror, né? Achei bacana a “humanização” dos malucos da floresta: acho a cena do beijo, dos ciúmes e do sexo essenciais pra construí-los como “pessoas”, apesar de serem selvagens e loucos, porque, afinal, eles não viviam somente de estocar carne: eles tinham família, hábitos, políticas, e essas cenas faladas como “indigestas” na realidade são o que podemos ter de maiores detalhes sobre os deformados.
Voltando a falar do grafismo que citei, numa era onde todos nós fãs de terror nos incomodamos com o CGI excessivo e sangue falso ou mesmo offscreen, a série Wrong Turn é uma joia: maquiagem caprichada nos deformados, sangue jorrando em alta litragem, tudo “artesanal”, digamos assim! Ponto pra isso!
E quanto ao fato do que o velho diz que ninguém nunca saiu com vida daquelas matas, desconsiderando o casal do filme anterior, não considero exatamente um erro de roteiro que poderia botar a perder a mitologia da série: como o velho poderia saber o paradeiro de todo mundo que entrava lá? Só porque a polícia não aparecia? Provavelmente, já que os policiais eram devorados também. O mais estranho é que a Jessie no primeiro filme perde 4 amigos e eu, no lugar dela, acionava Marinha, Exército e Aeronáutica pra irem até lá acabar com aqueles malucos, mas força armada nenhuma pintou lá! Estaria a floresta se camuflando? hehe!
P.S.: o Ram’Bial’ foi bacana! Lembrei da freira em Noite dos Demônios 2 que resolve enfrentar a Angela!
Acha esse filme chato pra caramba pra mim uma caveira está mais do que bom
Chato pra caramba!E as cenas dos canibais fazendo sexo são indigestas. Absolutamente ridículo.
E o Jason Voorhees que já virou demônio já não é algo ridículo? Para de falar bobagem, no gênero terror, tudo deve ser ridículo.