Bless this House (1988)

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Bless this House (1988)

Bless this House
Original:Meng gui fo tiao qiang
Ano:1988•País:Hong Kong
Direção:Ronny Yu
Roteiro:Clifton Ko, Joe Ma, Chong Chau Ng, James Yuen
Produção:
Elenco:Bill Tung, Deborah Dik, Loletta Lee, Kai-Nam Ho, Siu-Lung Leung, Victor Hon, Manfred Wong, Chuen Chan, Fan Wei Yee, Cheuk Yan Chan, Paul Lai

O diretor Ronny Yu é mais conhecido pelos ocidentais por suas contribuições em três franquias já bem desgastadas do horror. Primeiramente em A Noiva de Chucky, de 1998, e depois em Freddy vs Jason, de 2003, (um encontro das franquias Sexta-Feira 13 e A Hora do Pesadelo). Além do horror dirigiu no ocidente o filme de ação Fórmula 51, com Samuel L. Jackson e Robert Carlyle, e a fantasia Guerreiros da Virtude. Mas em seu país natal, a China, Yu é um diretor de longa data e que tem no currículo vários sucessos. Em 1993 por exemplo ele lançou o épico Entre o Amor e a Glória, título bobo para The Bride With The White Hair (A Noiva de Cabelo Branco) um wu-xia (como são chamados os épicos de fantasia na China), que, além de fazer um tremendo sucesso de público, recebeu diversos prêmios da crítica internacional. A personagem título até foi homenageada no filme O Reino Proibido (o que junta Jackie Chan e Jet Li) através da vilã de longas madeixas brancas.

Como se pode notar, Ronny Yu também nutre uma paixão pelo cinema fantástico e, assim como seus diretores contemporâneos, resolveu aproveitar e dirigir filmes no estilo Fantasmas + comédia + kung fu que estava em moda em Hong Kong nos anos 80.

Há muito tempo venho acompanhando Ronny Yu e realmente nunca tinha ouvido falar deste filme Bless This House (traduzindo literalmente Abençoe esta Casa), que é inédito no Brasil e bastante obscuro até lá fora pelo visto. Mas a vontade que tive de assistir esse filme se deveu ao fato de além de ser do Ronny Yu (sim, sou mesmo fã do sujeito), ser estrelado por um de meus atores favoritos, Bill Tung, que é mais conhecido por quem acompanha o cinema chinês como o chefe de Jackie Chan nos filmes da série Police Story. Sempre o achei muito carismático e divertido e admirei ainda o fato dele ser o astro do filme ao invés de mais um coadjuvante. Infelizmente o eterno tio Bill deixou este mundo em 2006.

Aqui, Bill Tung faz o papel de Bill Cheung (ou Tio Bill, que era seu apelido na vida real), um arquiteto que, após fazer um projeto de hotel que agrada seu chefe, ganha uma promoção e ainda por cima uma casa nova (que empresa boa de se trabalhar hein!). Feliz da vida ele se muda com sua esposa (Deborah Dik, que é mãe do ator Nicholas Tse, o ídolo das adolescentes chinesas), sua filha Jane (a gracinha Loletta Lee) e sua filhinha menor Yan Yan (Chan Cheuk Yan, a mais fofinha atriz mirim que já vi nos últimos tempos) além do pretenso namorado da filha que foi ajudá-los na mudança (Stephen Ho). Mas é claro que tudo estava bom demais pra ser verdade então imagine o que acontece quando a família Cheung se dá conta de que a casa é assombrada pela família que morava lá anteriormente!

O mais interessante é que Bill é o cara mais cético do mundo, não acredita no Feng Shui e acaba com isso se metendo em encrencas. E há ainda um personagem estilo Crazy Ralph, do Sexta-Feira 13, um vagabundo cego de um olho que sempre que vê a família manda eles saírem da casa. Claro que ninguém acredita a princípio. O problema é que naquela casa havia uma família assim como a de Bill: uma mulher e duas filhas. E o patriarca, ao descobrir que a filha menor não era dele, assassina a família toda e se mata colocando fogo na casa.

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Como todo bom filme de casa assombrada, Bless This House se desenvolve sem pressa, mostrando os atos dos fantasmas aos poucos e toda a família ficando confusa no processo, até explodir num clímax emocionante com direito a um Tio Bill possuído e com a mesma cara do Ash possuído de Uma Noite Alucinante 2. E as referências a outros filmes não param por aí.

Note a câmera sempre inventiva do diretor Yu, que em certo momento dá travelings como os de Sam Raimi em Evil Dead, além do já comentado visual do Tio Bill possuído. Até a adolescente da casa, Jane, tem na parede de seu quarto um pôster de Uma Noite Alucinante 2 e de A Hora do Pesadelo 3! Temos ainda um personagem vomitando na cara de um religioso (aqui é um monge taoísta) como em O Exorcista, uma parede da qual escorre sangue como em Terror em Amityville, uma criança andando de triciclo pelos corredores da casa como em O Iluminado e até homenageiam Profondo Rosso, de Dario Argento, com um desenho infantil diabólico na parede.

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Vale ressaltar ainda a criatividade desses chineses em bolar cenas de ação com o mínimo recurso possível. Então já sabem, aqui não há nenhum efeito digital. O clima é construído com cortes de câmera, efeitos mecânicos e dublês. E olha que não é pouca coisa não! São paredes vertendo sangue, gente sendo arremessada através de janelas e paredes, além de criancinhas sendo jogadas para o alto sem cerimônia. Tem até uma sequência hilária onde um monge taoísta luta contra um aspirador de pó possuído! Só vendo pra crer! E tem ainda uma cena aterrorizante onde uma serra elétrica circular quase corta a cabeça de um personagem. Apesar de ser bem divertido, as cenas de ação e fantasmas perdem em criatividade para diversos filmes chineses do período, mas analisando-as separadamente são muito boas e cumprem o prometido do filme.

Bless This House é ainda uma alternativa a esses filmes modernosos de terror e especialmente de casas assombradas. Prefiro mil vezes assistir esse filme a um Horror em Amityville ou qualquer outro recente. Isso porque nota-se um charme e estilo que não se vê mais hoje em dia nem no próprio cinema chinês. Não tem nada a ver com saudosismo e sim com gente com capacidade, como Ronny Yu, que se mostra um verdadeiro fã de filmes fantásticos através dessa produção modesta. E olha só, tudo isso de um filme que nem tinha a pretensão de ser um horror sério. Bless This House acaba sendo uma tiração de sarro com os filmes de casa assombrada, mas é uma tiração de sarro que honra os materiais originais e os homenageia e acaba se tornando um filme nos moldes de Shaun of The Dead e Um Lobisomem Americano em Londres, que, ao mesmo tempo que homenageiam, são bem humorados e acabam se tornando uma obra única.

Bless this House (1988) (4)

Recentemente a empresa de Hong Kong Joysales DVD em parceria com a Fortune Star lançou este e diversos outros filmes na mesma linha numa coleção especial chamada Legendary Collection, que mesmo apesar da ausência de extras (só há de relevante o trailer do filme) vale pelo acabamento das capas e da luva de papelão que encapa o DVD, além de claro, o preço acessível. Nas melhores lojas virtuais do ramo está na média de 9 dólares, mas você pode achar até por 5 dólares como eu achei! Vale a pena importar se você gosta desse gênero e se não conhece muito bem o cinema fantástico chinês que, além deste, conta com vários outros títulos interessantes e injustamente obscuros. Mas isso é assunto para outras análises…

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Bruno C. Martino

É escritor e ator. E tem uma predileção por filmes de vampiros saltitantes chineses.

2 thoughts on “Bless this House (1988)

  • 16/01/2014 em 23:14
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    se o filme assusta eu não sei,mas a cara dessa mulher aí me assustou haha.

    Resposta

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