Contos do Edgar
Original:Contos do Edgar
Ano:2013•País:Brasil Direção:Pedro Morelli, Alex Gabassi, Quico Meirelles, Cassiano Prado Roteiro:Gabriel Hirschhorn, Pedro Morelli, Vitor Brandt, Edgar Allan Poe Produção:Andrea Barata Ribeiro, Bel Berlinck, Fernando Meirelles, Paulo Morelli Elenco:Marcos de Andrade, Danilo Grangheia, Gaby Amarantos, Carolina Borelli, Jorge Cerruti, Maurício de Barros, Nani de Oliveira, Larissa Ferrara, Julia Ianina, Carlos Mariano, Marisol Ribeiro |
Com o advento da lei de incentivo ao conteúdo nacional, muitas emissoras de TV a cabo passaram a produzir programas em terras brasileiras. A FOX, através da O2 Filmes, aproveitou-se desta lei para criar o primeiro seriado de horror dessa nova leva de séries brasileiras: Contos do Edgar. Com roteiros de Gabriel Hirschhorn e Vitor Brandt e direção geral de Pedro Morelli, Contos do Edgar adapta para a nossa realidade algumas das histórias do célebre escritor americano Edgar Allan Poe.
Com cinco episódios na primeira temporada, a série acerta ao não adaptar inteiramente os contos de Poe para a TV, mas pegar elementos chave que se encaixam na realidade da periferia e do centro de São Paulo e torná-los extremamente brasileiros. Edgar, o personagem principal que liga todas as histórias, embora possua diversas semelhanças físicas com Poe, é um típico brasileiro, daqueles que sentam do nosso lado no ônibus; o corvo do famoso poema aqui é substituído por um sujo e urbano pombo, Berenice é uma cantora de forró. O resultado final parece uma mistura de Poe com Nelson Rodrigues – o que não é de se estranhar, pois ambos os escritores buscavam suas inspirações nas áreas mais escuras do coração e da mente humana.
Embora a proposta seja bastante interessante e a produção de um seriado de horror brasileiro para um grande canal de TV a cabo seja um grande passo à frente na retomada das grandes produções de gênero no país, a linguagem publicitária e a fotografia de vídeo clipe não combinam com o conteúdo, deixando o produto final limpinho demais, contido demais. Falta ousadia na estrutura e no que é mostrado na tela, principalmente nos dois primeiros episódios, os mais fracos dos cinco.
Contos do Edgar melhora muito a partir do terceiro conto e é onde o horror mais transparece na tela. Cecília, inspirado em A Máscara da Morte Rubra, é de longe o melhor episódio de todos.
Seja como um cavalo que dá lugar a uma moto ou um coração que dá lugar às batidas da música eletrônica, é divertido identificar as adaptações feitas para o século XXI dos elementos presentes nos contos de Poe, além dos diversos “easter eggs” para os fãs das obras do escritor espalhados pelos episódios. Contos do Edgar e é um programa que vale a pena ser visto como uma oportunidade à produção audiovisual brasileira de experimentar outros gêneros que não as comédias globais e o exaurido formato favela-sertão.
Aproveite que a série está disponível completa no Netflix e dê a Contos do Edgar essa chance. Ou então, não veremos outras séries de gênero em um grande canal de TV a cabo “nunca mais”.