Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros (1993)

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Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros
Original:Jurassic Park
Ano:1993•País:EUA
Direção:Steven Spielberg
Roteiro:Michael Crichton, David Koepp
Produção:Kathleen Kennedy, Gerald R. Molen
Elenco:Sam Neill, Laura Dern, Jeff Goldblum, Richard Attenborough, Bob Peck, Martin Ferrero, Joseph Mazzello, Ariana Richards, Samuel L. Jackson, BD Wong, Wayne Knight, Gerald R. Molen, Miguel Sandoval

O olhar terno do Dr. Alan Grant (Sam Neill) para os pássaros que acompanham o helicóptero, na última cena do filme Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros, representa a ingenuidade diante da evolução: quanto mais os cientistas aprendem sobre a concepção humana e das variadas espécies, entre células tronco, clonagem e a estrutura do DNA, mais eles se afastam da preservação do que já existe. Em outras palavras, cada passo adiante pode representar dois ou mais para trás! A despeito de todas essas questões reflexivas referentes aos avanços científicos, uma parece mais prudente: como Spielberg e sua trupe de técnicos em efeitos especiais (lê-se Stan Winston) conseguiram conceber dinossauros tão perfeitos artificialmente em plena década de 90, com os animatronics, sendo que o CGI ainda se desenvolvia lentamente?

Revendo mais de vinte anos depois, o filme continua a impressionar, pelo enredo interessante e pelos aspectos técnicos, sem que você possa dizer que houve algum envelhecimento na produção. Spielberg conseguiu não apenas recriar monstros imensos e bem caracterizados, mas realização do melhor filme de dinossauros de todos os tempos, superando clássicos divertidos como O Mundo Perdido (1960), Mil Séculos Antes de Cristo (1966) e Quando os Dinossauros Dominavam a Terra (1970).

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Tudo começou em 1989, quando Spielberg teve um encontro com o romancista Michael Crichton para discutir sobre a produção de uma série para a TV – que depois viria a ser a clássica Plantão Médico (ER). Crichton apresentou seus argumentos, referentes ao livro que havia escrito e estava prestes a ser publicado, e convenceu o cinesta sobre uma possível adaptação cinematográfica. Antes mesmo de ser lançado, o autor já estava com os bolsos cheios, tendo sua ideia disputada pela Warner Bros. (sob o comando de Tim Burton), Columbia Pictures (Richard Donner) e até 20th Century Fox (Joe Dante). Contudo, foi a Universal Pictures que adquiriu os direitos em maio de 1990, logo após Spielberg comandar Hook: A Volta do Capitão Gancho (1991), quando ele planejava dirigir A Lista de Schindler, e a Universal pediu que os dinossauros viessem antes.

E o melhor: o longa deveria ser concebido como um thriller fantástico, ou como o próprio Spielberg definiu, “Eu apenas tinha que fazer uma boa continuação para Tubarão, mas na terra“. Após 25 meses de pré-produção, as filmagens tiveram início em 24 de agosto de 1992, na Costa Rica, com orçamento estimado em U$63 milhões. A Universal estava com uma dinamite nas mãos, pois se o filme não fizesse o sucesso pretendido quebraria todas as possibilidades do estúdio, e afundaria o nome de Steven Spielberg com toda a equipe de responsáveis. Para sorte de todos os envolvidos, o longa fez história, atingindo U$83 milhões já no primeiro final de semana e desbancando ET – O Extraterrestre e diversos outros sucessos lançados anteriormente e nos anos seguintes…até a estreia de Titanic, de James Cameron.

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Não poupei gastos.” E isso fica evidente em cada frame, em cada tomada, e em cada diálogo. No enredo, o milionário John Hammond (Richard Attenborough, falecido, coincidentemente, no dia 24 de agosto de 2014), por meio de empresa de biogenética InGen, descobriu um modo de trazer dinossauros de volta, através de mosquitos preservados em âmbar e com o complemento do DNA de sapos. Assim, após anos de experimentos, clonagem e convivência com as criaturas, resolveu criar um parque temático – o tal Jurassic Park, embora as criaturas sejam do Período Cretáceo -, mas, após um incidente que culminou com a morte de um funcionário, antes de seu funcionamento, ele teve que convidar uma equipe de cientistas para experimentar a atração, incluindo o advogado Donald Gennaro (Martin Ferrero) representante de um investidor.

Também estão presentes no teste o paleontólogo Dr. Alan Grant (Sam Neill), sua companheira e paleobotanica Dr. Ellie Sattler (Laura Dern) e o matemático e suas teorias do caos Dr. Ian Malcolm (Jeff Goldblum, de A Mosca). Assim que conhecem o programa, e presenciam o nascimento de um velociraptor, eles partem para um passeio experimental em companhia dos netos de Hammond, Tim (Joseph Mazzello) e Lex (Ariana Richards). O que eles não sabem é que, entre os responsáveis pela engenharia da atração, está o hacker ladrão Dennis Nedry (Wayne Knight), que pretende roubar embriões para uma empresa rival, causando um apagão no parque para facilitar sua fuga. Com isso, todos os sistemas de defesas do local, incluindo as cercas elétricas de 10 mil volts, são desligados, permitindo que os animais fiquem soltos, em busca de alimento.

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A partir daí, Spielberg traz cenas intensas de perseguição e momentos divertidos com ataques de animais agressivos e inteligentes. Entre os destaques, há a aparição do Tiranossauro Rex, entre os veículos, durante uma forte chuva, com o carro tombando pela árvore, e a perseguição dos velociraptors, em sequências tensas e bem realizadas. É claro que se trata de um filme de Steven Spielberg, conhecido por seus trabalhos-família, o que permite a diversão, sem grafismo nas mortes ou ousadia nos ataques. Há, aliás, poucas mortes, sem que isso afete a qualidade da produção e atrapalhe o entretenimento.

Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros fez com que o público não conseguisse mais olhar para um dinossauro num filme sem observar sua concepção. Por isso, muitas dessas produções lançadas anterior e posteriormente são criticadas por suas falhas técnicas, algo que também aconteceu com a transformação de Um Lobisomem Americano em Londres: ora, se eles conseguiram nos convencer de que dinossauros e lobisomens “existem“, por que ninguém mais consegue? Um divisor de águas do cinema-pipoca, Spielberg fez de seu parque a representação da evolução, tanto das espécies – o que nos fez entender o olhar do Dr.Alan Grant – quanto dos efeitos especiais, num longa maravilhoso e poético.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

6 thoughts on “Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros (1993)

  • 17/05/2016 em 04:08
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    Esse filme é mesmo impressionante. Assisti Jurassi Park muitas vezes quase no final dos anos noventa quando criança, mas fazia tempo que não revia. Então hoje resolvi faze-lo e a primeira coisa que pensei quando os personagens chegaram na ilha foi: “Cara, o CGI é de 1993… esses dinossauros devem estar feios e datados pra caralho!”
    Meu Deus, como eu estava errada. Quando o primeiro dino adentrou a tela, eu fiquei boquiaberta. Parece realmente CGI de filme que acaba de ser lançado agora. Não envelheceu praticamente nada.
    A história repleta de aventura com pitadas deliciosas de thriller e humor negro dispensa comentários. Ao meu ver, é a obra-prima de Spielberg. Uma verdadeira aula de como fazer um filme blockbuster de qualidade – coisas que dificilmente andam juntos, ainda mais hoje em dia.

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  • 15/06/2015 em 15:48
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    Como em O Exorcista: copiado…, mas, nunca SUPERADO!
    É um filme muito bom até hoje…, e sempre revejo! Gosto demais!
    Excelente artigo!

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  • 13/06/2015 em 20:08
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    Muito bom este filme, os dinossauros parecem reais, gostei demais deste filme.

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  • 12/06/2015 em 16:00
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    Fantástico! um dos filmes que eu mais assisti na vida! até hoje continua imbatível como um blockbuster de conteúdo e qualidade! Clássico eterno.

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  • 10/06/2015 em 20:01
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    Esse filme é ótimo, mas foi ele o responsável por essa enxurrada de filmes com CGI que temos hoje. Não sou contra CGI (em filmes de super-heróis até que cai bem), mas nos filmes de terror eu fico puto quando usam (com exceção de 2 ou 3 filmes, a maioria dos filmes de terror que usam CGI ficam uma bosta).

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    • 08/04/2023 em 04:38
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      Esse filme pra quem reclama de efeitos digitais e uma raridade os efeitos são imperceptíveis saltão aos olhos eu acho o melhor do que as continuações os efeitos ainda são os mais convincentes até a cor dos dinossauros e bem natural amarronzado lembrado outros animais como tartaruga ou jacaré enquanto os novos filmes os donos são azulados nada a ver prefiro esse mais original também acho um dos melhores do Spielberg junto com a lista de Schindler e além da eternidade seus melhores filmes .que eu mais gosto,,,,💀👌🐲🐢🐊

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