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Outcast - 2ª Temporada
Original:Outcast - Season 2
Ano:2017•País:EUA
Direção:Howard Deutch, Loni Peristere, Tricia Brock, Fernando Coimbra, Alrick Riley, Daisy von Scherler Mayer, Ti West, Josef Kubota Wladyka
Roteiro:Paul Azaceta, Robert Kirkman, Chris Black, Adam Targum, Jeff Vlaming, Sarah Byrd, Helen Leigh, Rebecca Sonnenshine
Produção:David Auge, Sarah Byrd, Barbara D'Alessandro, Pavlina Hatoupis
Elenco:Patrick Fugit, Philip Glenister, Wrenn Schmidt, Reg E. Cathey, Brent Spiner, Callie Brook McClincy, Madeleine McGraw, Melinda McGraw, David Denman, Kate Lyn Sheil, C.J. Hoff, Madelyn Deutch, M.C. Gainey, Toby Huss, Hoon Lee, Debra Christofferson

Havia um certo receio em relação ao que Outcast poderia apresentar de novidade no subgênero das possessões demoníacas. A graphic novel de Robert Kirkman funcionava bem porque praticamente só possuía como irmã distante, Constantine, enquanto, como série de TV, as comparações eram bem maiores, incluindo a recente O Exorcista e até Supernatural. Mesmo antes de estrear na TV, em maio de 2016, já havia o anúncio de uma segunda temporada, mostrando que os realizadores estavam bastante confiantes na trajetória do “páriaKyle Barnes (Patrick Fugit) em sua jornada contra um crescente Mal. O resultado foi bem satisfatório, pois o material demonstrava ter vida própria, personalidade, fugindo dos tradicionais vômitos verdes e agressividade inconsciente para uma produção sobre conspiração, em que os vilões se escondem em suas rotinas.

No término da primeira, Kyle havia salvado vários moradores de Rome, West Virgínia, das mãos do terrível Sidney (Brent Spiner), que buscava a esperada “grande fusão“. No processo, ele descobriria que sua filha, Amber (Madeleine McGraw), também era uma outcast, e já planejava uma fuga desesperada do local com a intenção de protegê-la. Não foi muito longe. No caminho, percebeu que eles continuariam sendo identificados e perseguidos, talvez sendo melhor ficar em Rome para vencer o inimigo e assim encontrar a paz. Enquanto esteve fora, seu amigo, o reverendo Anderson (Philip Glenister), havia tomado uma ação drástica: incendiou o trailer onde residia Sidney, sem pensar que no local estaria o problemático Aaron (C.J. Hoff), filho da apaixonada Patricia (Melinda McGraw). Sentindo-se culpado pela morte do garoto, ele se entrega à polícia, às mãos do delegado Byron Giles (Reg E. Cathey), e fica detido um período até descobrir que o jovem tinha sido salvo por Sidney, ficando com o rosto parcialmente queimado.

Kyle continua sua busca pelo vilão mor pela cidade, visitando aqueles que já foram possuídos. Ele acredita que algum morador possa estar ajudando-o como fizera Ogden (Pete Burris). Desta vez, ele começa a ter o apoio de sua irmã Megan (Wrenn Schmidt) e de sua esposa Allison (Kate Lyn Sheil), que passam a acreditar no que o rapaz tentara provar anteriormente. Nessa batalha que se inicia, há novos e velhos inimigos como o Dr. Park (Hoon Lee), a volta do bandido Blake (Lee Tergesen) e o prefeito (Toby Huss) – além do violento Aaron e os possuídos – e apoios inesperados. No ferro velho, Bob (Toby Huss) parece saber muito sobre a possessão, com informações sobre um acontecimento de 30 anos antes, envolvendo o pai de Kyle, Simon (C. Thomas Howell), e a vilã da época, Helen (Susan May Pratt) e outros outcasts.

Contudo, nada surpreende mais do que o surgimento de um santuário conhecido como “farol“. Conduzido, aparentemente, por Dakota (Madelyn Deutch), o espaço mantém um grupo de pessoas que foram possuídas no passado e foram salvas por um outcast. O que parece ser um grupo de apoio e solidariedade logo se revela algo maior, com tons apocalípticos. A cidade de Rome então fica dividida em pequenos núcleos: os possuídos (há os que buscam a fusão e os que acham que tem que continuar como está), aqueles que querem agir como justiceiros – como é o caso de Rose (Charmin Lee) e o reverendo -, os que querem acabar com tudo para renascer (farol), e aqueles que planejam vencer os inimigos de uma vez, restabelecendo o equilíbrio, como Kyle e o delegado.

A segunda temporada de Outcast se renova nos conflitos e cria situações tensas como a que envolve o sequestro de Kyle, o de Sidney e a possessão de Byron, no melhor momento da série. Não há alívio cômico ou episódios brandos, carregando o enredo de Paul Azaceta, Robert Kirkman, Nathaniel Halpern, Chris Black, entre outros, de pessimismo, cadáveres expostos – conforme prometido por Conor McCullagh -, assassinatos surpreendentes e sangue em profusão. Aquela ideia aparente de que Kyle ficaria salvando os moradores através de exorcismos muda completamente à medida que os capítulos avançam, deixando de lado o heroísmo em prol de alguém que simplesmente busca a paz de sua família.

Soa interessante também a participação de C. Thomas Howell na série, com uma proposta ousada para salvar a cidade de vez. Assim, o espectador fica o tempo todo na dúvida sobre quem seriam os heróis e os vilões de Outcast, acentuado pelos momentos dramáticos na descoberta da gravidez de Megan. Será que o bebê que ela espera pode vir a ser o Mal puro ou apenas uma criança normal. Nesse embate, haverá os “heróis” que tentarão matar o feto e os “vilões” que a protegerão, numa curiosa inversão de papéis e possível referência futura ao Bebê de Rosemary.

Mesmo com todo potencial apresentado nessas duas temporadas, até o momento Outcast não renovou para uma terceira temporada. De acordo com Kary Antholis, presidente da HBO e da programação do Cinemax, em uma entrevista concedida em 17 de outubro, a série é muito boa e de conteúdo forte, porém é muito cara. Ele acredita que possa vir a ter uma continuação, mas nada havia sido decidido até o momento. Talvez seja o momento de Outcast buscar uma nova casa, explorando o universo desenvolvido em um ambiente adequado para seu desenvolvimento. Seria a luz que faltava para a continuidade de seu brilho.

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