Upgrade
Original:Upgrade
Ano:2018•País:Austrália Direção:Leigh Whannell Roteiro:Leigh Whannell Produção:Jason Blum, Kylie Du Fresne, Brian Kavanaugh-Jones Elenco:Logan Marshall-Green, Melanie Vallejo, Steve Danielsen, Abby Craden, Harrison Gilbertson, Benedict Hardie, Richard Cawthorne, Christopher Kirby, Kenny Low, Betty Gabriel, Ming-Zhu Hii |
Um argumento que já serviu de base para o surgimento de muitos heróis e vingadores: depois de testemunhar o assassinato da esposa e ser gravemente ferido, homem passa por um processo cirúrgico e retorna com habilidades suficientes para se vingar. Se esse enredo já foi contado inúmeras vezes no cinema – você deve se lembrar de Robocop – O Policial do Futuro -, os atrativos do segundo filme dirigido por Leigh Whannell, um dos criadores da franquia Jogos Mortais, podem ser encontrados na concepção, na ambientação e na identificação do verdadeiro inimigo. Ora, há quem diga que a vingança funciona como uma voz interior comandando nossos impulsos!
No entanto, o diferencial de Upgrade já começa no perfil do protagonista: diferente de Paul Kersey e outros vingadores, Grey Trace (Logan Marshall-Green) não pensa em fazer justiça com as próprias mãos. Ele apenas quer descobrir o que aconteceu e deixar para a polícia, nas ações na Detetive Cortez (Betty Gabriel), mas, quem disse que ele comanda seus intentos? Depois que aceitou participar de um projeto desenvolvido pelo cientista Eron Keen (Harrison Gilbertson), com a introdução de um poderoso chip em sua coluna vertebral, Grey voltou a se movimentar e a dialogar com a tecnologia, como um Tony Stark nos debates com o seu traje. É só permitir que a inteligência artificial, denominada STEM (voz de Simon Maiden), assuma o controle para que ela possa enfrentar os inimigos com agilidade e precisão.
Ambientado em um futuro não muito distante, com carros que se movimentam sozinhos e casas inteligentes, Grey ainda possui um apreço pelo passado, seja nas canções ouvidas em um toca-disco ou no conserto de um veículo secular. Mora com a risonha Asha (Melanie Vallejo), que trabalha na Cobolt, uma empresa de engenharia tecnológica, e recebe de vez em quando a visita da mãe. Ao devolver o carro consertado para Eron, da companhia Vessel, ele fica sabendo da existência de um chip capaz de fazer absolutamente tudo, funcionando como uma inteligência artificial nunca antes vista. No retorno, perdem o controle do veículo automático e sofrem um grave acidente, na região mais pobre da cidade, local onde ele verá o assassinato frio da esposa e ficará tetraplégico.
Completamente dependente das máquinas instaladas em sua residência, Grey só pensa em morrer. Aceita a proposta de Eron como alguém que não tem nada a perder, e se surpreende pelo retorno dos movimentos, ainda que em gestos robóticos. “Você não deve contar para ninguém.“, diz o cientista. Contudo, sua nova fase passa a ajudá-lo a não apenas descobrir a identidade dos assassinos como também finalizá-los de maneira violenta. À medida em que se aproxima de seus algozes, ele passa a perceber uma verdade ainda mais assustadora, enquanto tenta se esquivar das investigações policiais, e seus drones que registram tudo o que acontece na cidade.
Envolto em tecnologia e diferenças sociais, o longa traz um discreto universo cyberpunk, distante de qualquer comparação com Blade Runner, e até mesmo da Detroit de Robocop. Enquanto há casas, prédios com elevadores que não funcionam e veículos comuns, por outro lado há a possibilidade de integrar armas ao corpo humano, permitindo que você dispare com as próprias mãos. Assim, traz um mundo que ainda caminha para um futuro tecnológico absoluto a passos lentos, num conto alongado de ficção científica que poderia figurar tranquilamente como um episódio da série Black Mirror. Há boas cenas de lutas corporais, concluídas rapidamente, e algumas perseguições pela estrada, sem que você consiga defini-lo apenas como um filme de ação ou de vingança.
Às vezes thriller de ficção científica, com toques de humor negro, Upgrade teria um destino reservado para uma galeria de produções similares, ainda que indefinidas, se não fosse seu último ato. Ao final, aborda mais uma vez a dependência que temos da tecnologia e como ela pode melhorar nossa vida, se não nos tornamos partes dela. É um pensamento que precisa ser atualizado de modo a encontrar um equilíbrio sadio.
Filme necessário. Pra quem não se ligou, retrata justamente o que estamos fazendo a nós mesmos, programando máquinas e elaborando algoritmos pra f*** com a nossa mente dentro de bolhas sociais e chupetas psicológicas. O final deixa isso bem claro
Assisti há uns três anos atrás e virei fã do diretor/roteirista Leigh Whannel. Fiquei sabendo desse filme pelas resenhas do blog Filmes para Doidos” do Felipe M. Guerra que já trabalhou qui no Boca do Inferno
O Leigh Whannell tem feito coisas bem interessantes mesmo. Uns tempos atrás chegaram a anunciar uma série de TV de Upgrade, continuação do filme, que seria dirigida por ele, mas parece que não foi pra frente.