It - Capítulo Dois
Original:It Chapter Two
Ano:2019•País:EUA Direção:Andy Muschietti Roteiro:Gary Dauberman, Stephen King Produção:Roy Lee, Dan Lin, Barbara Muschietti Elenco:Jessica Chastain, James McAvoy, Bill Hader, Isaiah Mustafa, Jay Ryan, James Ransone, Andy Bean, Bill Skarsgård, Jaeden Martell, Wyatt Oleff, Jack Dylan Grazer, Finn Wolfhard, Sophia Lillis, Chosen Jacobs, Jeremy Ray Taylor, Teach Grant, Nicholas Hamilton, Xavier Dolan, Javier Botet, |
O terror está de volta a Derry. A pequena e festiva cidade do Maine esconde seus corpos e é o habitat escolhido por uma ameaça sobrenatural, que, oriunda de uma versão literária de mais de mil páginas, alimenta-se dos medos infantis e das carnes frágeis dos pequenos. No final da década de 80, um grupo de sete pré-adolescentes, vítimas de bullying e problemas familiares, travou uma batalha assustadora contra o palhaço dançarino Pennywise (Bill Skarsgård), incentivados pelos próprios medos e pela possibilidade de resgatar o garoto da capa amarela Georgie (Jackson Robert Scott), desaparecido numa tarde chuvosa. Bill (Jaeden Martell), o pastor Stanley (Wyatt Oleff), o hipocondríaco Eddie (Jack Dylan Grazer), o engraçado Richie (Finn Wolfhard), o órfão Mike (Chosen Jacobs), a dos cabelos de fogo Beverly (Sophia Lillis) e o novato Ben (Jeremy Ray Taylor) formam o Clube dos Perdedores (ou Otários, na tradução nacional), aquele que adentrará uma velha mansão e descerá por um poço sombrio para combater o inimigo poderoso.
Essa jornada assombrosa custou U$37 milhões de dólares e arrecadou mais de 700, assumindo o posto de filme de terror mais rentável da história do cinema. Os ávidos leitores e fãs de It – A Coisa sabiam que havia muito mais páginas a serem exploradas no universo literário de Stephen King, mas estavam receosos de que poderia haver uma perda grandiosa de sua força narrativa, até porque muitos consideravam o sucesso do primeiro decorrente da química do elenco mirim e tinham consciência, que, com a lembrança da minissérie de 1990, o terror adulto pudesse não ser tão interessante. Quando escrevi uma resenha do primeiro filme, há exatos dois anos, coloquei no parágrafo final: “É bem provável que a sequência diminua a força da obra original, mas é interessante enxergar cada capítulo como único“, uma sentença que já poderia antecipar uma perspectiva desanimadora para a continuação. Eu estava completamente enganado.
As notícias sobre It – Capitulo Dois foram surgindo aos poucos com a revelação do elenco escolhido para a versão adulta. A boa escolha só foi percebida com o próprio filme, com interpretações bem convincentes e que souberam retratar de maneira divertida os fugidos de Derry. Vinte e sete anos depois do primeiro encontro com “a Coisa“, Bill, agora interpretado por James McAvoy (de Vidro e Fragmentado), tornou-se um escritor de renome, já trabalhando com adaptações de suas próprias obras, enquanto ouve constantemente reclamações sobre o final delas – uma brincadeira feita a partir de críticas recebidas por Stephen King, que não apenas corroborou com ideia como também fez questão de participar. Nos sets de gravação, tendo a esposa como atriz, ele recebe um telefonema de Mike (agora Isaiah Mustafa), que nunca deixou a cidade, atento aos sinais que poderiam indicar o retorno do monstro.
Mike também assombra Eddie (James Ransone, uma semelhança incrível com o jovem Grazer), que lida com negócios e com a esposa – um karma de sua própria mãe – sofrendo um acidente de trânsito ao saber notícias do velho amigo. Richie, na pele do humorista Bill Hader, está em pânico em mais uma apresentação de seu show de stand up, após saber que precisa retornar para a cidade dos seus pesadelos juvenis. Diferente de Beverly (a bela Jessica Chastain), que está casada com um homem ciumento e agressivo, lembrando as atitudes de seu pai, e Ben (Jay Ryan), que emagreceu bastante, mas ainda lida com a solidão. Curiosamente, na cena em que o fã de New Kids on the Block aparece em sua versão adulta, colocaram um ator gordinho semelhante a ele numa mesa de reunião para brincar com a imaginação do público. Já Stanley (Andy Bean)…
O grupo se reúne em um restaurante para relembrar o passado, mas encontra uma grande dificuldade para trazê-lo à tona. Enquanto contam sobre a nova vida que tiveram, a primeira ameaça de Pennywise já acontece na agitação dos biscoitos da sorte, que trazem uma notícia ruim na formação de uma frase e se transformam em “coisinhas” macabras, como um olho, um bebê e um monstrinho alado. É o primeiro dos diversos sustos que terão pela frente, como o da estátua que ganha vida, uma senhora que se transforma numa criatura imensamente horrenda, zumbis e até mesmo a volta do leproso.
Numa belíssima ideia de Gary Dauberman, as versões mais novas dos Perdedores são vistas em sustos que funcionam como cenas cortadas da primeira parte. Quem poderia imaginar que além de ter sido perseguido na biblioteca da escola, Ben também testemunharia uma Beverly “motoqueiro fantasma” e ainda encontraria Pennywise no armário escolar? Ou saberia que Eddie vira algo assustador não somente em frente a casa velha, assim como no porão da farmácia, envolvendo sua mãe e o leproso? Ou a estátua da praça no ataque a Richie, que confronta novamente com um folheto de sua morte? Eles são aterrorizados pelas lembranças, enquanto também se deparam com assombrações no presente, como na visita que Beverly fez a sua antiga morada; e na tentativa de Bill de buscar o irmão no bueiro.
Assim, o enredo é moldado em muitos segmentos curtos de terror, bem mais que o primeiro, tendo o ápice no ataque violento a crianças. Quem se impressionou com a morte de Georgie, que teve o braço devorado no anterior, ficará arrepiado com o encontro de Pennywise com a pequena Victoria (Ryan Kiera Armstrong) e na sala de espelhos com Dean (Luke Roessler). Aliás, esse garotinho promove alguns bons momentos como o do encontro com os Perdedores no restaurante ou com Bill em frente a sua casa. O roteiro ainda resgata o insano Henry Bowers (Teach Grant), mais uma vez atormentado por Pennywise, representado por um velho conhecido e seu canivete no hospital psiquiátrico onde ele esteve internado durante todo esse tempo. Seu retorno, numa enxurrada de corpos de crianças, é muito bem feito. Também vale menção a cabeça que adquire patas de aranha e remete a um dos monstros de Enigma de Outro Mundo. E há também humor: há muitas gags envolvendo a boa química de todo o grupo de atores – o meu momento preferido acontece no retorno à sede do clube, criado por Ben -, além de cenas emocionantes que tratam de perdas e superações. As ramificações do tema da aceitação estão de volta no resgate ao bullying e o preconceito, principalmente no corajoso e violento prólogo.
Com efeitos especiais muito mais convincentes, este segundo capítulo acerta na dinâmica da narrativa e na qualidade técnica. Somente não se saiu bem com o tal Ritual de Chüd, que toma um tempo precioso e traz uma certa confusão à trama, a partir do que propõe Mike. Tudo bem que esse ritual também está no livro e permite que o infernauta conheça o passado de Pennywise, porém os toques alucinógenos deram um corte brusco na narrativa “pé no chão” para trazer “as luzes da morte“, um cesto com símbolos, uma tribo indígena, a busca por itens importantes para cada um deles e cânticos sobre a escuridão. Uma podada nessas partes do roteiro – a minissérie se saiu melhor -, e o resultado teria sido mais interessante.
E Pennywise? A atração principal está muito bem caracterizada por Bill Skarsgård. Mais uma vez explorando sua capacidade de colocar os olhos em direções opostas, o palhaço promove inúmeros calafrios, distorcendo seu rosto ou abrindo uma bocarra de dentes pontiagudos. Havia um certo receio sobre a aparência real do vilão, algo que foi bastante decepcionante na minissérie, porém o que foi apresentado em It – Capítulo Dois, no último ato, serviu bem à narrativa, sem desrespeitar o livro. Este capítulo final tornou evidente a proposta original da obra de Stephen King: It é a metáfora da aceitação do diferente, que constrói os traumas como monstros que se alimentam dos medos infantis!
Mas, é melhor que o primeiro? Diferente do que imaginei naquele parágrafo final, cada capítulo não precisa ser visto como um filme isolado. Ambos são complementos e sem completam para compor uma das adaptações mais bem desenvolvidas de uma obra do autor. Um capítulo essencial para a composição do medo!
Gostei bastante do filme mas o excesso de CGI me incomodou e me deu muita raiva. Não deveriam permitir CGI em filmes de terror pra falar a verdade.
será que foi só eu que não gostou?
achei a narrativa muito cansativa,muito blá blá blá
aliás,acrescento que não gostei do primeiro!
Achei muito bom o filme, concordo plenamente com a crítica, cena curiosa a do Stephen King tomando uma mate, numa cuia do independiente da Argentina, pelo que li o diretor é torcedor fanático do clube de avellaneda.
Eu adorei!
Assisti nesse fim de semana, e, valeu a pena esperar dois anos para retornar a Derry.
Que filme maravilhoso, sangrento, assustador, insano e divertido!
Amei!
Excelente!
Concordo com a crítica e apesar de haver algumas alterações em relação ao livro, o filme respeita e muito a obra de Stephen King. Um filme que se visto não apenas como mais um filme de terror e sim como metáfora para os desafios de superar os traumas do passado e como superar eles, passar a ser uma obra muito mais relevante. Ótimas interpretações (destaque para Bill Skargard mais uma vez) e surpresas ao longo do filme. Um filme com coração apesar do terror e suspense presentes. Recomendo!
Assistir na estreia e concordo com todos os pontos dessa crítica! O filme realmente complementa o primeiro, além das cenas de flash backs serem ótimas pra trazer de volta a visão das crianças e o elenco adulto enfrentado seus medos. Já a adaptação do pennywise na cena final ficou melhor que a versão da minissérie. Foi um excelente filme <3
Concordo com a crítica e o filme para mim, apesar de algumas mudanças em relação ao livro, respeitou e muito a obra de stephen king. O filme é um terror, mas se visto como metáfora para os desafios de lidar com os traumas do passado e como superar eles passa a ser muito mais relevante do que apenas mais um filme. Ótimas interpretações (destaque para bill skargard) e muitas surpresas ao longo do filme. Um filme com coração sem deixar o terror e suspense de lado. Recomendo!