Condado Maldito: Maus Presságios – Vol. 2 (2020)

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Condado Maldito: Maus Presságios – Vol. 2
Original:Harrow County: Twice Told
Ano:2020•País:EUA
Páginas:128• Autor:Cullen Bunn, Tyler Crook•Editora: DarkSide Books

No primeiro volume de Condado Maldito conhecemos a jovem Emmy e os segredos obscuros de Harrow.  De modo bastante eficaz, os mistérios foram revelados, mas nem todos. Uma misteriosa personagem surge para desestabilizar o frágil equilíbrio do local, trazendo novas dúvidas e desconfianças neste segundo volume.

Atenção: A resenha possui possíveis spoilers do volume anterior.

A comunidade de Harrow enfim parece ter aceitado que Emmy  não oferece ameaça, sendo diferente da bruxa Hester, apesar de ainda a olharem com certa cautela, medo e desconfiança. Agora, a garota é chamada para ajudar os cidadãos a se livrarem de pequenas entidades que aparecem na cidade – atraídas pelo poder recém desperto dela -, algumas curas e, como sempre acontece, alguém querendo utilizar seus dons para fins inescrupulosos, o que causa certo rancor quando o pedido é recusado.

Emmy sente-se sozinha e incompreendida, até mesmo pelas entidades da floresta, muitas amarguradas por terem sido abandonadas durante tantos anos. Apesar de sua gentileza com as assombrações, algumas não estão dispostas a perdoá-la.

Sua solidão está prestes a acabar quando uma elegante visitante aparece à sua porta. Seu nome é Kammi e, apesar das semelhanças, é muito diferente de Emmy, que descobrirá isso da pior forma.

Continuamos com um tom macabro e sombrio na narrativa, que contrastam com alguns momentos de alegria e até mesmo esperança por parte de Emmy de que tudo voltará a ser o mais normal possível, apesar das circunstâncias. Já na segunda metade do volume, o horror de modo mais visceral volta com força, assim como mais mentiras, traições e personagens profundos e bem construídos.

Temos assombrações, entidades e espíritos que são, essencialmente, considerados monstros por suas aparências e natureza, porém, Cullen Bunn deixa ainda mais claro do que antes que nem só de aparências assustadoras são feitos os monstros, e nem tudo que é diferente ou estranho deve ser temido e desprezado.  Descobrimos em Bruxas e Assombrações que todos os habitantes de Harrow são, de um modo ou de outro, diferentes, digamos. A maldade vai muito além da aparência, e isso fica totalmente explícito em Maus Presságios.

Não é uma batalha de bem contra o mal nem nada tão raso assim. É mais um lembrete de que as coisas não são tão “preto no branco” como pensamos. Algo macabro pode ser gentil, algo lindo pode ser letal. Todos estamos passíveis de sucumbir à maldade em algum momento, ninguém é incorruptível.

A arte de Tyler Crook continua vibrante e com cores intensas, evocando um tom soturno quando necessário para dar ênfase à tensão do momento. Personagens extremamente expressivos e traços que combinam perfeitamente com o enredo continuam sendo sua marca, com uma arte tão bem feita que chama a atenção. Kammi, por exemplo, não desperta carisma e simpatia como nossa protagonista, e isso só deixa claro o brilhantismo de Crook ao conseguir passar tamanha sutileza ao leitor por meio de seus desenhos. Somando-se a isso, temos um enredo sempre muitíssimo bem construído e amarrado por Bunn, e a combinação das duas coisas torna a leitura agradável e instigante.

O segundo volume de Condado Maldito finaliza de um modo curioso. Sabemos que há mais por vir, mas não temos pista alguma do que pode ser. Harrow continua sendo uma terra maldita, e ameaças não faltam.  Provavelmente mais coisas pavorosas estão por vir.

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Louise Minski

Um experimento de Schrödinger entediado.

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