O Espantalho de Amityville
Original:Amityville Scarecrow
Ano:2021•País:UK Direção:Jack Peter Mundy Roteiro:Shannon Holiday Produção:Scott Jeffrey Elenco:Barbara Dabson, Chelsea Greenwood, Sofia Lacey. |
(atenção: o texto apresenta spoilers e ironia)
O produtor-diretor-roteirista Scott Jeffrey é uma verdadeira máquina: segundo o site IMDB, até 2021, ele produziu 90 filmes, escreveu outros 28 e dirigiu 22. Tudo isto em pouco mais de 3 anos. Só em 2021 teriam sido lançados 11 longas dirigidos por Scott. São obras de horror bizarras que aterrorizam as plataformas de streaming e abordam temas ainda mais bizarros, como palhaços assassinos, morcegos infectados por micro-organismos alienígenas e sedentos por sangue, lutadores de MMA enfrentando o tinhoso, gênios malignos, fadas do dente diabólicas, aranhas gigantes e espantalhos possuídos, como no caso de O Espantalho de Amityville – longa com produção do cineasta e dirigido pelo amigo Jack Peter Mundy.
Acredito que nenhum leitor seria ingênuo a ponto de esperar um novo Cidadão Kane neste dilúvio de produções pra lá de suspeitas. Entretanto, entre tantas tentativas, algumas deveriam pelo menos divertir, certo? Fosse pela tosquice, pelo absurdo, pelos exageros ou qualquer uma destas características comuns aos chamados filmes de baixo orçamento. Mas não se engane, para azar nosso, não é com O Espantalho de Amityville que validamos esta teoria.
Em relação ao enredo, vamos tentar organizar: há mais de duas décadas, lá pelos idos anos 1984, um mecânico gentil chamado Lester assassinou algumas crianças cujos corpos foram encontrados poucos dias depois em um milharal próximo. Alguns pais, revoltados, decidem fazer justiça com as próprias mãos e queimam o assassino em sua própria oficina. Para ocultar o linchamento, a mãe de uma das vítimas compra as terras onde toda a tragédia aconteceu e constrói um acampamento para trailers. Um detalhe importantíssimo e mais que oportuno: a casa original de Amityville, aquela mesma onde um jovem movido por vozes demoníacas matou toda a família, coincidentemente (ou não) foi construída dentro desta mesma propriedade. Já nos dias atuais, as filhas adultas da dona do acampamento (recém falecida) retornam ao local para decidir se retomam o empreendimento ou vendem o terreno. Além de revelações e conflitos do passado, as irmãs deverão enfrentar um espantalho do milharal que está possuído pelo espírito maligno do assassino.
Shannon Holiday é a responsável pelo roteiro que é uma confusão de referências. Aparentemente Shannon se “inspira” na origem do icônico personagem criado por Wes Craven, Freddy Krueger, para desenvolver a origem do vilão de seu filme. Mas não bastasse esta pequena coincidência, a trama indica que o serial killer de crianças Lester estaria influenciado pelas entidades malignas de Amityville ao cometer seus crimes e, sem explicação clara, teria reencarnado em um espantalho em um milharal cujos labirintos lembram muito Colheita Maldita.
Considerando todo o contexto e a indigesta mistura acima, é um equivoco a opção dos realizadores a maneira apática como o roteiro se leva a sério, evidenciando várias situações inverossímeis e nonsenses vividas pelos personagens (como se defender de um vilão sobrenatural com uma panela ou em meio a matança pausar e discutir problemas familiares do passado). Estes momentos vergonhosos, somados a um ritmo irregular e diálogos sonolentos e artificiais, tornam o produto enfadonho e quase insuportável.
Em relação às cenas de violência ou às poucas mortes que ocorrem, elas são tão desinteressantes quanto o roteiro, ou seja, não nos causam medo, não há sangue, originalidade ou muito menos algum suspense. Surpreendentemente, o visual do espantalho é única coisa que não incomoda “muito” em O Espantalho de Amityville, apesar que poderia funcionar um pouco melhor se a fotografia fosse menos iluminada. E não podemos deixar de pontuar a insuportável e descompassada trilha sonora, sempre tocando na hora errada.
Outro momento constrangedor é quando a residência de Amityville é apresentada: nada daquele casarão com olhos sinistros imortalizados pelo clássico de 1979. No longa britânico de Jack Peter Mundy, a casa mal assombrada mais famosa do mundo é bem humilde e nada tem de horripilante.
Mas para reforçar que tudo que é ruim, ainda pode piorar, a ruindade de O Espantalho de Amityville (2021) é elevada ao extremo pela versão pessimamente dublada disponível na Amazon Prime Video (é incompreensível a ausência do áudio original). Enfim, os intermináveis 85 minutos desta obra-prima são indicados apenas aos sádicos extremistas de plantão. Uma última e animadora notícia, para 2022, está programado o lançamento aguardado de uma continuação, chamada O Espantalho de Amityville 2.
Esse filme é insuportável de ruim, na minha classificação eu dei incríveis 0 para ele. É impressionante como um filme desses chega a um serviço de streaming. Os contos de terror que eu escrevo de maneira amadora em casa, quando estou de férias do trabalho, dão de 10 no roteiro de: O Espantalho de Amityville. E eu ainda tive que assistir dublado, com uma dublagem que mais parece o Tela Class do Programa: Hermes & Renato.
Apesar de achar que realmente o filme não é bom, não tem como levar muito á sério um crítico que é ateu, vegetariano, feminista e antifacista (não que eu apoie esse movimento), tudo ao mesmo tempo.
Site errado, camarada. Aqui só tem crítico assim 😉
Que pena, pelo menos as críticas são boas