The Hole in the Ground
Original:The Hole in the Ground
Ano:2019•País:Irlanda, UK, Bélgica, Finlândia Direção:Lee Cronin Roteiro:Lee Cronin, Stephen Shields Produção:Conor Barry, John Keville Elenco:Seána Kerslake, James Quinn, David Crowley, Simone Kirby, Steve Wall, Eoin Macken, James Cosmo Markey, Kati Outinen, |
A A24 passou a ser uma referência no gênero, seja como produtora ou distribuidora, ao ter seu nome associado aos filmes A Bruxa, Hereditário e Midsommar. Qualquer lançamento que traga o seu logotipo já é motivo para uma atenção especial, ainda que, no caso de The Hole in the Ground, ele apareça entre sete empresas como Savage Productions e Bankside Films. Não importa. Assim como as antigas fitas VHS deixavam o “currículo” de algum envolvido na obra na capa – “dos mesmos criadores de“, “da mente criativa por trás de“, “do mesmo diretor de” – e às vezes até a relação entre os nomes não fazia diferença, perceber que o que você irá assistir tem o dedo dos mesmos responsáveis pelo holofote dado a Anya Taylor-Joy já desponta um olhar atento.
The Hole in the Ground nem precisaria desse chamariz. É uma produção que fala por si, traz elementos que justificam uma conferida, ainda que não seja um conceito inovador. Nele, a mãe solteira Sarah (Seána Kerslake) parte para uma região remota com o seu filho Chris (James Quinn Markey), após escapar de um relacionamento abusivo, evidenciado por uma cicatriz em sua testa. A nova vida, com um pequeno que não entende a situação atual, traz problemas na mesma proporção da retirada complicada de um papel de parede – se ela tivesse visto no youtube, saberia que basta deixá-lo úmido para facilitar o processo. Em um momento de rebeldia, com o garoto correndo para uma densa floresta nas proximidades, Sarah descobre uma cratera, um cânion na verdade, antes de reencontrá-lo.
Um novo momento de fuga, desta vez durante a madrugada, e tudo muda. Aquele garotinho simpático que temia aranhas e brincava de caretas com a mãe passa a revelar comportamentos estranhos. Desperta na estranha senhorinha da estrada, Noreen (Kati Outinen), uma ação de insanidade, até a mesma aparecer morta com a cabeça enterrada. Aos poucos, Sarah começa a acreditar que aquele não é seu filho, em uma mudança gradual e arrepiante, como na sequência em que ela o espia por trás da fechadura, e pode ser vista no trailer. Mas, o que teria acontecido a Chris? E se ele não estiver diferente e tudo aquilo seja apenas uma imaginação decorrente de seus traumas do passado?
Diferente de outras produções slowburn da A24, há aqui uma maior dinâmica em sua narrativa. Os episódios sinistros que envolvem o garoto passam a se tornar ainda mais frequentes, e Sarah começa a temê-lo. Há mensagens simbólicas que podem ser observadas nas entrelinhas com a comparação entre “a falta de chão” posterior ao término de uma relação conturbada, ou pelas responsabilidades que tornam irreconhecíveis as atitudes dos filhos em situações do tipo. O roteiro de Stephen Shields e do diretor Lee Cronin (por trás de Evil Dead Rise) é bem feitinho, responsabilizando os dois personagens principais como condutores da tensão. Nota-se claramente alguns pontos mal explicados como o insano último ato, que simplesmente não justifica uma possível escapada de Sarah do lugar onde fora se meter. Mas é uma sequência que traz alguns curiosos arrepios.
Se a associação com a obra Invasores de Corpos é inevitável, há também momentos que lembram filmes como O Enviado, entre outros similares envolvendo crianças estranhas. Apesar dessas relações, que enfraquecem qualquer indicação pela qualidade original, é um filme que não incomoda e que merecia um lançamento por aqui, sem dar destaque na capa a outros lançamentos da distribuidora.
vou colocar na lista
custa nada dar uma chance
obrigado pela dica