A Morte do Demônio: A Ascensão (2023)

4.6
(29)

A Morte do Demônio: A Ascensão
Original:Evil Dead Rise
Ano:2023•País:EUA
Direção:Lee Cronin
Roteiro:Lee Cronin
Produção:Sam Raimi, Bruce Campbell, Richard Brene, Deve Neustadter, Macdara Kelleher, John Keville, Victoria Palmeri, Romel Adam
Elenco:Alyssa Sutherland, Lily Sullivan, Morgan Davies, Nell Fisher, Gabrielle Echols, Mia Challis

Existem franquias sem filmes ruins dentro do cinema de horror? Inaugurada em 1982, a saga Evil Dead é uma das mais famosas e conceituadas do gênero. Inicialmente uma história sobre um grupo de amigos que são atacados por espíritos malignos após descobrirem o paradeiro do Necronomicon (livro dos mortos descrito nas fábulas lovecraftianas), a trilogia original se dedicou em apresentar as desventuras vividas por seu protagonista Ash Williams, lutando contra zumbis e demônios, sempre com muito bom humor. Ainda que Army of Darkness seja completamente absurdo, os três primeiros filmes da saga são muito bons, e alçaram os nomes de Bruce Campbell e Sam Raimi ao estrelato.

Em 2013, já sem Campbell e Raimi, foi lançado o competente A Morte do Demônio, remake bastante elogiado por assumir um caráter mais assustador e menos debochado, ainda que desnecessário. Na época, temi por uma bomba que arruinasse a franquia, mas o resultado final foi surpreendentemente positivo. Com o anúncio de um novo Evil Dead, 10 anos depois, decidi que a produção merecia um voto de confiança. Mas a premissa batida, slogan tosco e o cartaz horroroso com aquele cheirinho de filme bagaceira (no mau sentido) minaram minhas expectativas. Seria esse o lançamento que destruiria a sequência invicta da franquia?

Com direção e roteiro de Lee Cronin, a história se inicia de modo promissor, com a famosa técnica em que a câmera se move rapidamente em direção ao alvo, novamente em uma cabana no meio da floresta. Aqui, Cronin brinca com o espectador fazendo referência ao original, mas sem tentar se escorar no mesmo, visto que o filme é imediatamente transportado para um ambiente urbano. Conhecemos então a história de Beth (Lily Sullivan), que, após receber notícias inesperadas, procura se reconectar com sua irmã Ellie (Alyssa Sutherland) e seus sobrinhos Danny (Morgan Davies), Bridget (Gabrielle Echols) e Cassie (Nell Fisher). Ellie vem passando por um momento complicado, após ser abandonada pelo marido e o prédio em que vive estar com os dias contados.

Eis que um terremoto atinge o local, e Danny descobre um livro de aparência suspeitíssima (e assustadoramente semelhante ao Livro Monstruoso dos Monstros, de Harry Potter), além de documentos e discos que comprovam que se trata de um dos três volumes do Necronomicon. Quando um dos discos é tocado e o encantamento recitado, todo o prédio passa a ser ameaçado por uma entidade maligna, lançando Ellie e sua família em um mar de violência, desmembramentos e sangue. Muito sangue.

A fórmula do filme não é nenhuma novidade, e aqui Cronin não tenta reinventar a roda. Quem assiste Evil Dead já sabe que algum distraído vai achar o livro dos mortos e arrumar um grande problema para todos os envolvidos, então o grande acerto na direção foi fazer o básico muito bem feito. É possível perceber a influência do trabalho do diretor em pequenos detalhes, como no enquadramento claustrofóbico na transformação de Ellie em um deadite, ou em cenas angustiantes como a da caneta de tatuagem e a já infame sequência do ralador de queijo.

Uma coisa que me incomoda bastante no remake de 2013 é o quão desinteressantes são os coadjuvantes que orbitam ao redor da ótima Mia de Jane Levy. Aqui, o roteiro acerta em aprofundar os personagens, de forma ágil e dinâmica, gerando rápida identificação por parte do espectador, além de conferir credibilidade a algumas decisões, como por exemplo, um DJ ter interesse em tocar um disco desconhecido. As atuações não são nenhum primor, mas convencem, principalmente no caso das crianças. Mas nada se compara à performance assombrosa de Alyssa Sutherland. Claro que muito do incômodo que sua personagem entrega passa pela maquiagem impressionante, mas se a cena do olho mágico é uma das mais arrepiantes de todo o filme, tem muito a ver com a ótima atuação da atriz.

Nem tudo são rosas, e o longa tem lá seus problemas. A começar pela atuação insossa de Lily Sullivan, que não corresponde ao status de final girl, sendo inclusive ofuscada pelos atores mirins. Alguns exageros no roteiro também incomodam, como o fato de que ninguém do prédio parece perceber que está ocorrendo uma verdadeira chacina em um determinado andar. As sequências na cabana são um pouco desconectadas do contexto (desnecessárias, até), e o tempo gasto nelas certamente poderia ter sido melhor empregado (talvez desenvolvendo mais um pouco a pobre Beth?).

Apesar de algumas derrapadas, A Morte do Demônio: A Ascensão é uma grata surpresa e uma boa adição ao universo de Evil Dead. A direção acertada de Lee Cronin, aliada a boas atuações e ao já conhecido banho de sangue e gore que é marca registrada da franquia, coloca o longa entre um dos melhores lançamentos do ano até o momento, além de manter a saga como uma das poucas sem filmes ruins.

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Média da classificação 4.6 / 5. Número de votos: 29

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Ciro Oliveira

Médico por opção, palmeirense por emoção e amante de slashers por vocação. Foi introduzido ao cinema de horror sendo assombrado pelo boneco Chucky na infância, e se apaixonou pelo gênero após descobrir todas as identidades de Ghostface. Acredita que não há nada melhor para relaxar do que assistir universitários sendo eviscerados por um mascarado velocista.

21 thoughts on “A Morte do Demônio: A Ascensão (2023)

  • 01/12/2023 em 02:21
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    Filme legal porém nada demais, pra mim o que mais se destacou foi a violência. Prefiri bem mais o remake (que parece que bastante gente despreza), acabou sendo o mais fraco da franquia na minha opinião.

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  • 20/08/2023 em 12:15
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    Não é o melhor filme que assisti na vida, mais eu gostei, me julguem.

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  • 12/05/2023 em 14:27
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    Este pessoal Nutella … devia procurar assitir filmes das produtoras Hammer , Amicos e afins Terror Italiano Mario Bava e tb nosso grande icone nacional Ze do Caixao … tb assistir os Tres Patetas , O gordo e Magro, Chaplin , enfim vai assistir os classicos A Profecia, O Exorcista 1973 …depois uma pincelada Pelos Anos 80 Jason , Freddy e tal … Evil Dead 1981 , ai nos anos 90 Dracula Bram Stoker 1992, Frankstein 1995, Entrevist Com Vampiro, ai Panico 1996, dai O Chamado, O Grito, assitam as versoes chaponesas e americanas … ate chegar no America Horror Store… Ares serie da Netflix … O Evil Dead 2013 … falar mal hj em dia é quase que moda todo mundo fz… Evil Dead Rise tem cenas iconicas já … A do Elevador , taça de vidro, grito no banheiro, o toca discos com dedo, e tb é recheado de referencias aos filmes classicos da franquia .. a caixa de pizza, a motoserra a frase mortos ao amanhacer, entre outras … enfim criticar é facil fz algo relevante e com qualidade e o mais dificil de acontecer hj em dia … alem de tudo existe um Jogo lançado 1 ano… excelente que tarz tds personagems do filmes classicos e da serie Ash versus Evil Dead bem fieis … o jogo e sensacional onde vc pode ser o Killer e viver demonio kandariano ou um Surv entre Ash , Chery, Pablo ou Kelly entre outros todos muito bem feitos. Procurem pesquisas tem otimos livros sobre Evil Dead da Dark Side tb . Use o cerebro para aprender inves de ficar o dia inteiro nessas porcairas de Tik Tok e afins .

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    • 16/06/2023 em 14:19
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      Esse choro todo porque não gostaram do seu filminho, para de ser afetado KKKKKK

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  • 12/05/2023 em 14:06
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    Meu … essa galera nova, jamais vai entender este tipo de filme … poucos entedem se vc falar sobre Boris Karloff , Vincent Price nem sabem nada … então pra mim o filme entregou tudo .. o diretor junto com equipe e roteirista mandaram bem D+… pq é muito dificil mesclar o antigo com novo e manter qualidade .. fora a criatividade … me agradou muito as cenas … o filme é dinamico,, quase um a sequencia de cenas de supense … com a pitada de sarcarmos do Evil Dead …vc disse que a cena da cabana é desnecessário ao meu ver foi algo bem bolado nao inovador faz fez uma abertura show de bola. O elenco e ótimo principalmente a Mãe com desempenho extra de linguangem corporal … este comentarios negativo são da geração Nutella …

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  • 11/05/2023 em 00:39
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    Que filmezinho ruim, direção e edição genéricas, atuações irrelevantes, escuro demais, cansativo! Uma decepção pra quem viu o de 2013!

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  • 06/05/2023 em 13:15
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    Por favor, façam uma crítica do filme sul-coreano Project Wolf Hunting.

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  • 06/05/2023 em 12:12
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    O filme não é ruim, mas é disparado o mais fraco da série. Tirando a sequência da chacina no corredor e o olho mágico, pra uma franquia que sempre se destacou por ser fora do terror padrão, esse é muito convencional. Fora as galhofadas que em nada combinaram por causa do tom sério demais que o diretor quis colocar. Nisso o de 2013 foi infinitamente superior.

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    • 08/05/2023 em 19:27
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      A galhofa é a principal essencia da franquia

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  • 06/05/2023 em 00:27
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    FILME RAZOÁVEL DE TERROR UM TANTO GENÉRICO, LACRADOR PRA KCT, NÃO TEM NADA DE EVIL DEAD. PERECE TER SIDO PRODUZIDO COMO UM HORROR NORMAL DE POSSESSÃO E NO MEIO DO CAMINHO ALGUÉM DISSE, “EI, QUE TAL METER UMAS REFERÊNCIAS DE UMA FRANQUIA DOS ANOS 80, PARA GANHAR UNS HOLOFOTES?”. VIOLÊNCIA DE REVIRAR O ESTÔMAGO? BAH, TALVEZ PARA QUEM SEM IMPRESSIONE COM POLTERGEIST. FORÇADO, NÃO É RUIM, MAS É SUPERESTIMADO. MAS TBM DANE-SE. SE ESTÃO TODOS BANADO OS OVOS, DEVO ESTAR ERRADO.

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    • 06/05/2023 em 08:21
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      Achei a mesma coisa. Não vi nada demais nesse filme… talvez assista novamente pra rever meus conceitos. Porém, para um público q tá acostumado com obras “aterrorizantes” tipo invocação do mal, annabele e etc, talvez esse novo evil dead tenha impressionado mesmo.

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    • 06/05/2023 em 10:31
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      lá vem o antilacração que toma redpill com mania de perseguição. Vá crescer!!!!

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    • 10/05/2023 em 22:45
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      Esperava um gore mais grotesco igual ao que vimos em 2013. Na parte do olho mágico eu quis chorar com tantas oportunidades de mortes boas sendo desperdiçadas. Na boa, personagem secundário morrendo com um mero tiro de espingarda? Cadê a criatividade?? Na parte da cozinha eu tinha certeza que as coisas iam despirocar de vdd mas no máximo chegou na parte do ralador e o filme infelizmente voltou a esfriar. Quem assiste Evil Dead procura por sadismo e isso faltou muito nesse filme. Bom mas genérico.

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    • 08/07/2023 em 22:47
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      Se o sujeito vem com mimimi “é lacração, ain…”, vê-se que não dá pra levar a sério o que escreve. O que que tem de… lacração (termo de m… inventado pela geração patriotária) nesse filme? O cara não sabe o que fala. O filme é ótimo e honra a franquia.

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    • 08/07/2023 em 22:52
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      Exatamente. Com certeza um redpill. Tô imaginando o que ele deve ter considerado lacração. Será o fato de ter protagonista mulher (uma das coisas mais normais nos filmes de terror)?

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      • 08/07/2023 em 23:03
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        É mais um cult movie da franquia! Vi no cinema e já revi duas vezes em casa. Há vários fatores de acerto e vou me deter neles: a atuação da Alyssa, o bom elenco de adolescentes e crianças (o fato de vermos uma família em dificuldades e com crianças sendo ameaçada conta muitos pontos para nossa empatia – e angústia), as referências não só à franquia, mas a obras-primas como O Iluminado (são várias, não só a cena do elevador), a prevalência dos efeitos práticos, o gore, os movimentos de câmera, a trilha sonora, enfim, é um combo de coisas legais que honra a franquia. Sou um privilegiado por ter visto todos os cinco filmes no cinema. Um detalhe para quem achou a imagem no cinema um tanto escura: a a imagem em 4k na HBO tá show de bola.

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  • 05/05/2023 em 21:27
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    Acredito que o resgate de Evil Dead será para a nova geração o que a trilogia original foi para nossa (aqui falo como quarentão que cresceu com o slasher raiz).

    Eu apenas acho que se o roteiro e direção fugirem muito da proposta primordial, todos sairemos perdendo.

    Enfim, sobre a terceira parte imagino que irá retornar para a cabana ou seremos mais uma vez surpreendidos. Mas tenho fé que não seja uma viagem no tempo, ou para o espaço kkkkkkkkk

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  • 05/05/2023 em 17:47
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    Minha mulher e minha mae tao putas comigo porque levei o gurizao pra assistir comigo… ele nem ligou. Eu fiquei cagado …

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  • 05/05/2023 em 17:00
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    Eu achei o filme muito bom, não sei se foram meus 42 anos batendo ou o status de pai que só tem visto desenho animado com o filho mas pela primeira vez em toda a série meu estômago deu uma revirada e meu cérebro mandou um: caraio pra que essa violência.

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