A Hora do Espanto
Original:Fright Night
Ano:1985•País:EUA Direção:Tom Holland Roteiro:Tom Holland Produção:Herb Jaffe Elenco:Chris Sarandon, William Ragsdale, Amanda Bearse, Roddy McDowall, Stephen Geoffreys, Jonathan Stark, Art Evans, Bob Corff |
Em meados dos saudosos anos 80 do século passado tivemos uma onda de filmes de horror que chegaram aqui no Brasil nos cinemas ou diretamente no mercado de VHS, num movimento que recebeu o nome de “Espantomania”. E que por decisões de marketing esses filmes tiveram seus títulos precedidos por “A Hora de…”.
Alguns deles tive a sorte de ver em tela grande. Vieram então A Hora do Pesadelo (A Nightmare on Elm Street, 1984), A Hora dos Mortos-Vivos (Re-Animator, 1985), A Hora das Criaturas (Critters, 1986), A Hora do Lobisomem (Silver Bullet, 1985), A Hora da Zona Morta (Dead Zone, 1983), A Hora do Calafrio (Savage Weekend, 1979), e principalmente A Hora do Espanto (Fright Night, 1985), de Tom Holland, o mesmo diretor de Brinquedo Assassino (Child´s Play, 1988), do boneco maligno Chucky, que acabou fazendo parte da cultura pop.
Na história, o jovem adolescente Charley Brewster (William Ragsdale), fã de filmes de horror, observa a chegada de um novo e misterioso vizinho, espionando no estilo Janela Indiscreta, de Alfred Hitchcock. Ele é Jerry Dandrige (Chris Sarandon), que veio morar na casa ao lado com um amigo igualmente estranho, Billy Cole (Jonathan Stark). Desconfiado de uma relação entre o novo vizinho e o recente surgimento de mulheres assassinadas na região, Charley acredita que o galante Jerry é um vampiro ameaçador, denunciando-o sem sucesso para a polícia.
Depois de um conflito com a criatura das trevas, Charley fica receoso pela segurança tanto da namorada Amy Peterson (Amanda Bearse), que interessa ao vampiro pela semelhança física com alguém de seu passado, quanto da sua mãe Judy Brewster (Dorothy Fielding), e ainda seu amigo adolescente Edward (ou “Evil Ed”, Stephen Geoffreys). Ele decide então pedir ajuda para um ator decadente de filmes de horror, Peter Vincent (Roddy McDowall, que só aparece em cena depois de mais de 30 minutos de filme), que também apresenta um programa de TV sobre filmes bagaceiros, interpretando um personagem matador de vampiros. Juntos, eles enfrentam a criatura da noite sedenta por sangue.
Tenho muita sorte, pois tive o privilégio de ver A Hora do Espanto nos cinemas em 1986, e depois de mais de 35 anos, rever num exercício de nostalgia e entretenimento garantido, na plataforma de streaming “Netflix”, com a dublagem original. Foi uma experiência de viagem ao passado numa “máquina do tempo”, aterrissando na década de 80, um período fértil em produções divertidas do cinema de horror, com os seus efeitos práticos de monstros sangrentos que superam a artificialidade das imagens geradas por computação.
A primeira metade é mais cadenciada na apresentação da história e construção dos personagens, e a partir daí o clima de horror, tensão e violência torna-se cada vez mais crescente, amparado por um trabalho eficiente de maquiagem e efeitos especiais, além do respeito do roteiro aos elementos tradicionais da mitologia do vampirismo, com as criaturas da noite tendo aversão ao crucifixo, sem reflexo no espelho, sendo queimadas pelos raios do sol, ou entrando nos ambientes de suas vítimas somente se forem convidados.
O ator inglês Roddy McDowall (1928-1998) é muito lembrado por suas performances como os chimpanzés Cornelius e Caesar na franquia clássica do cinema O Planeta dos Macacos (1968/1973), e como “Galen” na série de TV (1974). Mesmo com o rosto coberto pela maquiagem de macaco, suas expressões faciais e domínio do personagem são marcantes e uma grande contribuição para o sucesso e legião de fãs do universo ficcional “ape”. Ele também esteve em outros filmes importantes, como O Carrasco de Pedra (1967), O Destino do Poseidon (1972), A Casa da Noite Eterna (1973) e Shakma: A Fúria Assassina (1990), além da série de TV “Viagem Fantástica” (1977).
Entre as várias curiosidades, alguns segundos de cenas de Octaman (1971), um filme bagaceiro de horror e ficção científica com um monstro bizarro atacando as pessoas, aparecem no programa de TV “Fright Night”, como se fosse um filme de alienígenas. O nome do personagem Peter Vincent é uma homenagem aos astros que marcaram seus nomes na história do cinema fantástico, Peter Cushing e Vincent Price. Outro detalhe curioso é uma declaração do matador de vampiros reclamando que os temíveis sugadores de sangue estavam perdendo espaço para os psicopatas mascarados correndo atrás de suas vítimas, numa referência aos filmes “slasher” que estavam proliferando na época (Sexta-Feira 13, A Hora do Pesadelo, Halloween etc).
A Hora do Espanto gerou uma franquia formada por uma continuação em 1988, com o retorno de William Ragsdale e Roddy McDowall, e uma refilmagem em 2011, com Colin Farrell e a participação de Chris Sarandon como outro personagem, que por sua vez teve também uma sequência em 2013.
Legal.
Adoro o primeiro filme, mas não gosto do segundo ou do remake. Os outros filmes perderam as melhores características do original. No ano passado tive o imenso prazer de assistir ao documentário “You’re So Cool, Brewster! The Story of Fright Night” (2016). O documentário é incrível. Está no mesmo nível de “Crystal Lake Memories” e “Never Sleep Again”. Quem é fã vai adorar. É fácil encontrá-lo na internet. Eu adorei!
Revi agora á pouco no Netflix e ainda não mudo minha opinião: Um filme excelente e muito divertido com ótimos personagens, maquiagem e trilha sonora, dá um banho no lixo genérico do remake.