Tira do Futuro 5: A Volta pra Casa (1994)

4.5
(2)

Tira do Futuro 5: A Volta pra Casa
Original:Trancers 5: Sudden Deth
Ano:1994•País:EUA, Romênia
Direção:David Nutter
Roteiro:Peter David
Produção:Michael Catalano, Oana Paunescu, Vlad Paunescu
Elenco:Tim Thomerson, Stacie Randall, Ty Miller, Terri Ivens, Mark Arnold, Alan Oppenheimer, Jeff Moldovan, Luana Stoica, Stephen Macht, Rona Hartner, Ion Haiduc

Quinto filme de uma improvável franquia, Trancers 5, exibido no programa Cinema em Casa, no SBT, como Tira do Futuro 5: A Volta pra Casa, é o último a contar com o astro Tim Thomerson. O herói da franquia, oriundo de 2353, e que já esteve em 1984, 1991, 1992 e 2005, atrás de vilões controladores de zumbis denominados “trancers“, agora está perdido em outra dimensão, em uma Idade Média alternativa – lê-se “controle de gastos” -, tendo que confrontar mutantes-vampiros que dominam o reino de Orpheu. O longa foi filmado ao mesmo tempo que a parte 4, na Romênia, onde a Full Moon Pictures havia se estabelecido para evitar gastos fiscais e estava realizando seus filmes, como os da franquia Subspecies.

Trancers 5 começa com um resumo do anterior, mostrando Jack Deth (Thomerson) acidentalmente indo parar nessa realidade alternativa, onde os humanos servem de alimento vital para os nobres, e os que resistem a eles são apelidados de “ratos das cavernas“. Usando a magia do feiticeiro Farr (Alan Oppenheimer) para eletrificar sua arma a laser, Jack conseguiu desintegrar o líder Lorde Caliban (Clabe Hartley), mas não impediu a fuga de seu comparsa Lucius (Mark Arnold). Pesquisando maneiras de retornar ao seu tempo, o herói é avisado pelo filho do vilão, o renegado príncipe Próspero (Ty Miller), sobre a biblioteca local conter publicações que possam ajudá-lo.

Sem querer Jack encontra um livro, preenchido em runas, que traz a chave para o controle interdimensional através da pedra Taimante. Mas, para encontrá-la, Jack terá que “desafiar o coração da tormenta e adentrar o Castelo do Terror Implacável” – ri muito disso, cada vez que se ouvia o nome do castelo, naquelas dublagens maravilhosas do canal do Sílvio Santos. Jack parte para o local em companhia de Próspero, sem saber que os nobres sobreviventes, como Lucius e Angelo (Ion Haiduc, o divertido tenente Marin da franquia Subspecies), encontraram uma pintura de Caliban, que permitiu seu retorno. Ele espera que Jack consiga a pedra para ampliar seus domínios por outras dimensões.

No percurso, Jack enfrenta alguns perigos, como a presença de um lobo (um cão na verdade, sem expressão de agressividade) e alguns insanos que se perderam na floresta, até chegar ao castelo. Lá, ele e o Próspero são seduzidos por diversas ninfas que dão prazer aos convidados até fazê-los perder a noção do tempo e morrerem de inanição, e encaram um monstro gigante (só é mostrado o braço, por contenção de recursos) e assombrações, controladas por Jack com sua arma.

Se o primeiro filme já era uma versão vagabunda de Army of Darkness, Tira do Futuro 5 intensifica a picaretagem com a ideia de encontrar algo que possa permitir ao herói retornar ao seu tempo – faltaram as palavras mágicas “klaatu barada niktu” -, e na cena em que Jack se depara no castelo com uma versão de si maligna, como acontecia com Ash no moinho. E ainda há a relação afetuosa com Lyra (Stacie Randall), que não quer a partida do amado, mas não chega a ser controlada pelo vilão. O confronto com Caliban inevitavelmente irá acontecer, sem muitas dificuldades para Jack, e sem que o público consiga entender porque ele resiste em simplesmente matá-lo.

A parte 5 é um pouco melhor que a anterior, que precisava apresentar a nova dimensão ao herói e continha mais personagens. Aqui, já habituado ao universo, Jack se sentiu mais confortável nos combates, com mais heroísmo, sem deixar de lado seu mau humor e machismo, e mais uma vez reservando o momento em que fica preso e precisa encontrar meios de sair de algum lugar. O roteiro promove facilitações para o personagem, e traz uma aventura-família, sem sangue ou violência, o que justifica sua exibição à tarde na TV aberta. É também um longa que pouco explora a ficção científica, ainda que tenha a tal viagem pra casa, proposta pelo título.

Com direção de David Nutter (da parte 4) e roteiro de Peter David, Trancers 5 traz um final simples para o aventureiro Jack Deth, mas sem encerrar seu envolvimento com possíveis futuros filmes. Ele voltaria a encarnar o personagem numa pontinha em Evil Bong (2006), de Charles Band, e emprestaria sua personalidade a uma jovem em Trancers 6, lançado em 2002. Ainda na ativa, aos 76 anos, Tim Thomerson já conta em sua filmografia com mais de 200 produções, sendo que sua última participação no gênero foi o terror Asylum of Darkness (2017), de Jay Woelfel, e deve atuar em Beautiful Evil, já em pré-produção. Vale a pena conhecer a trajetória do “tira do futuro“, explorando épocas e conquistando o coração de belas mulheres.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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