A Bizarra Confeitaria de Christine McConnell (2018)

3.6
(7)

A Bizarra Confeitaria de Christine McConnell
Original:The Curious Creations of Christine McConnell
Ano:2018•País:EUA
Direção:Kirk R. Thatcher
Roteiro:Kirk R. Thatcher
Produção:Nathan Ament, Judith Regan, Andrea Stockert, Kirk R. Thatcher
Elenco:Christine H. McConnell, Morgana Ignis, Colleen Smith, Drew Massey, Tim Lagasse, Michael Oosterom, Adam Mayfield, Dita Von Teese

O que confeitaria e horror têm em comum? Alguns poderiam dizer nada, outros certamente diriam tudo (vide as diversas comidinhas temáticas que ganharam as comemorações de Halloween). Christine McConnell sem dúvidas faz parte do segundo grupo e, de forma muito entusiasmada e habilidosa, faz verdadeiras esculturas assustadoras feitas de doces. Confeiteira, modelo e fotógrafa, McConnell acabou se tornando uma grande presença nas redes sociais e conhecida como uma diva gótica vintage graças aos seus incríveis doces peculiares, sua criatividade, seu estilo e modo de viver. Juntando sua paixão pelo mundo pinup, horror e culinária, a confeiteira cria bolos e doces de cair o queixo, além de belíssimas fotografias com cenários e figurinos impecáveis.

Apesar de relativamente conhecida principalmente no Instagram, com seus mais de 500 mil seguidores, Christine queria mostrar mais de suas criações e ideias, e foi aí que surgiu A Bizarra Confeitaria de Christine McConnell.

A sinopse da série é bem simples: apresentar o cotidiano de Christine e alguns amigos um tanto… diferenciados. Em todos os episódios há receitas de guloseimas e até mesmo alguns DIYs.

O primeiro episódio é algo completamente inusitado. Não sabemos se estamos vendo uma versão macabra, mas ainda assim infantil, de Cocoricó (tá bem, tá bem… pode ser de Os Muppets também), um programa de culinária ou uma série com elementos fantásticos. É tudo definitivamente estranho, desde os fantoches descabelados até a atuação um tanto robótica da protagonista. Tudo bem, atuar com fantoches que parecem terem sido atropelados enquanto narra receitas para eles não deve ser uma tarefa fácil.

Mas, calma! Não desista ainda. Passada essa estranheza inicial e esse sentimento de “mas o que diabos eu estou vendo e o que estou fazendo da minha vida?”, a série acaba se tornando singularmente divertida. Nos episódios seguintes temos uma Christine com muito mais desenvoltura em frente às câmeras e até mesmo uma narrativa envolvendo seus assustadores amigos fantoches e seu cotidiano começa a surgir e ter alguma lógica.

A atmosfera gótica junto ao tom cômico e ao mesmo tempo levemente sombrio é um casamento interessante que acaba chamando a atenção e curiosidade do espectador de algum modo, seja pelas extraordinárias receitas cheias de detalhes ou por toda a bizarrice que acontece de forma um tanto aleatória. A casa de Christine McConnell é um belo refúgio para todos que se sintam ou sejam diferentes.

O talento da protagonista é inegável. A cada momento nos deslumbramos mais e mais com as criações voltadas à temática de horror, tão perfeitamente detalhadas que parecem reais. Se ela não estivesse ali mostrando que é feito de massa, chocolate, farinha e açúcar, passaria facilmente por um objeto de decoração minuciosamente esculpido. Aliás, nem só de cozinha vive a nossa rainha dos doces assustadores. Christine também aparece fazendo – e até ensina alguns passos – suas próprias roupas e adereços.

A série também faz algumas homenagens e referências a algumas cultuadas obras. Psicose, Família Addams e Frankenstein são alguns exemplos, e também temos a presença da maravilhosa diva burlesca Dita Von Teese – e, convenhamos, toda a ambientação da série é realmente a cara dela. Além disso, temos uma estética um tanto nostálgica, e não só por causa dos belos figurinos retrôs, mas também na mansão com arquitetura gótica como em filmes antigos de terror. Uma curiosidade é que os fantoches são feitos pela mesma companhia responsável por Os Muppets – por isso a semelhança –, entre outras produções infantis da década de 80.

Apesar de todo o absurdo, A Bizarra Confeitaria de Christine McConnell é uma boa pedida para introduzir as crianças ao mundo assustador e fantástico de um modo leve e divertido. Apesar de algumas cenas mais pesadas, digamos assim, tudo é levado com muita desenvoltura, carisma e recheado de humor, o que contribui para amenizar o clima e tornar tudo mais leve e engraçado, além de ter poucos episódios e um roteiro simples, mas eficaz para o que se propõe. A ideia é mostrar ao público que coisas sinistras também podem ser divertidas.

Essa é uma produção para não ser levada a sério demais (nem os próprios personagens o fazem), feita para relaxar, rir dos absurdos e para se deslumbrar com doces que são verdadeiras obras de arte macabras e deliciosas. Você não vai aprender como fazer guloseimas sensacionais e assustadoramente realistas em seis episódios de vinte minutos, essa não é a proposta do show, e sim admirar o resultado final e contemplar um pouco do estilo de vida dessa mente criativa e talentosa que é Christine McConnell.

Inusitada, divertida e definitivamente bizarra dos mais variados modos, essa é uma série com um resultado bem singular. Talvez um pouco brega, mas não deixa de ser uma pequena preciosidade escondida no catálogo da Netflix que vale a pena dar uma olhada descompromissada.

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Louise Minski

Um experimento de Schrödinger entediado.

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