A Maldição dos Zumbis (1989)
 A Maldição dos Zumbis
Original:The Vineyard
Ano:1989•País:EUA, Canadá Direção:James Hong, William Rice Roteiro:James Hong, Harry Mok, Douglas Kondo, James Marlowe Produção:Harry Mok, James A. Vilona Elenco:James Hong, Karen Lorre, Michael Wong, Lissa Zappardino, Cheryl Madsen, Cheryl Lawson, Mark De Alessandro, Robert Ito, James Russo |
Antes de conhecer o vinhedo de um homem imortal, é preciso saber quem é o homem. Se você não for deste planeta, pode ser que você não tenha visto algum filme de James Hong. Americano de Minnesota, formado em engenharia, ele iniciou sua carreira como ator nos anos 50. Pontas não creditadas ou aparições em série, logo a lente das câmeras iria estabelecer uma identificação longa com ele. Mas, muito longa. Hong tem em sua filmografia mais de 450 produções dos mais variados diretores, sendo um nome bastante conhecido na indústria que envolve séries de TV, animações, vozes em jogos e filmes. Só para citar alguns dos meus preferidos: Blade Runner: O Caçador de Androides (1982), Braddock: O Super Comando (1984), Os Aventureiros do Bairro Proibido (1986), O Rapto do Menino Dourado (1986), O Sombra (1994), além de fazer a voz do pai do Kung Fu Panda na divertida franquia. O que muitos não sabem é que além de atuar, Hong também produziu, roteirizou e assumiu a cadeira de diretor de curtas e algumas comédias eróticas. No meio disso, está o terror bagaceira A Maldição dos Zumbis.
Provavelmente inspirado no cinema de horror dos anos 80, principalmente ReAnimator e os zumbis de George Romero, A Maldição dos Zumbis tem o comando de Hong em parceria de William Rice, a partir de um roteiro desenvolvido pelo próprio com o apoio de Douglas Kondo, James Marlowe e Harry Mok. Trata-se de uma curiosa produção B, com tudo o que se pode proporcionar como diversão: mortos-vivos que rodeiam um vinhedo, cientista louco, magia negra, ritual de imortalidade e lutas de kung fu. Uma mistura que faz pouco sentido, mas que pode divertir pela maquiagem tosca, pelo laboratório com experimentos esfumaçantes, pela vestuária oitentista, pela trilha sonora característica da época, pelos capangas vestidos de maneira igual e ambientação com gelo seco e um cemitério improvisado. Não tem gore, e não há canibalismo como passou a fazer parte do subgênero dos filmes de zumbis. E pensar que a New World Pictures conseguiu levar essa pérola aos cinemas em 1989!
O enredo traz o vinicultor Dr. Elson Po (Hong) no desenvolvimento de uma fórmula que envolve vinho e sangue humano capaz de impedir seu envelhecimento. Para tal, precisa constantemente ser reabastecido com doses de sua produção a fim de evitar sua transformação acelerada em um morto-vivo decrépito. Depois que sua esposa anterior é flagrada com um dos seus funcionários, ele resolve eliminá-lo – com direito a uma longa luta coreografada por Harry Mok – e prender a dita em seu calabouço, onde jazem outras vítimas de casamentos anteriores e incautos, servindo seu líquido vital para a condição do homem louco. Um novo grupo é convidado a uma visita na ilha, com a desculpa de que participarão de uma audição para um filme.
Jezebel (Karen Lorre, de Popcorn – O Pesadelo Está De Volta) fica enfeitiçada pelo rico Po, assim como por sua morada. Enquanto os demais do grupo passam a ter problemas com a magia do bruxo, como a de fazer a pessoa sangrar por onde espetara agulhas de acupuntura, o repórter Jeremy (Michael Wong em início de uma longa filmografia) descobre o envolvimento do anfitrião com a imortalidade e está disposto a impedir que ele escravize Jezebel e mantenha seus negócios. Como o vinho utlizado por Po já tem uma característica enfeitiçada, entende-se que as pessoas enterradas na ilha acabam retornando como zumbis irracionais, mantidos sob a terra também por magia. Mas terão seu momento de liberdade e confronto com os vivos.
Mesmo com suas falhas técnicas e furos no roteiro, A Maldição dos Zumbis é um deleite nostálgico. O infernauta fã do terror B do período irá ignorar o arco e flecha montado na hora, o sumiço do namorado de Jezebel durante a festa à fantasia e tantas outras besteiras. Não irá entender por que Po precisa de todo esse processo de conquista de uma nova esposa, se poderia colocá-los para dormir e já usufruir de seu sangue, com o apoio de seus capangas. O enredo não deixa claro se Jezebel se encantou pelo bruxo devido a algum feitiço ou se foi um processo natural; e por que Po resolveu manter sua mãe viva como um zumbi, se ela precisa ficar presa a um quarto sem acesso aos demais. E que feitiços são esses que ela conhece e nunca usara antes…
Deixando a lógica de lado, basta apenas se divertir com essa experiência cinematográfica de James Hong, que realmente se mostra imortal com mais de 90 anos e ainda bastante atuante na Sétima Arte!
