4.7
(6)

O Olho do Mal
Original:Mal de Ojo
Ano:2022•País:México
Direção:Isaac Ezban
Roteiro:Edgar San Juan, Isaac Ezban, Junior Rosario
Produção:Edgar San Juan, Isaac Ezban
Elenco:Ofelia Medina, Paola Miguel, Samantha Castillo, Arap Bethke, Mauro González, Ivanna Sofia Ferro, Paloma Alvamar

Um casal decide viajar com suas duas filhas para uma cidadezinha no interior do México, em busca da cura para uma doença grave que acomete a caçula da família. Enquanto os pais saem à procura do misterioso tratamento, as meninas ficam sob os cuidados da estranha e, até então, desconhecida avó. Como se não bastasse o cenário já suficientemente macabro, as meninas ainda ficam sabendo de uma lenda local sobre três irmãs bruxas, que atravessa gerações e ainda aterroriza as crianças do vilarejo.

O Olho do Mal é dirigido pelo mexicano Issac Ezban (Os Parecidos), que também participa do roteiro e da produção. A história é centrada na adolescente Nala (Paola Miguel), a irmã mais velha que, com muita relutância, acompanha a família na viagem em prol da recuperação de sua irmã Luna (Ivanna Sofia Ferro). Nala acaba entrando em constantes atritos com sua recém apresentada avó materna Josefa (Ofelia Medina), mas a relação entre as duas azeda de vez quando a menina começa a suspeitar que sua avó pode ser uma bruxa de verdade.

Os conflitos geracionais entre as personagens são bem trabalhados, e também incluem Rebecca (Samantha Castillo), a mãe de Nala e Luna, que reencontra alguns fantasmas do passado ao retornar à cidade em que cresceu e para a casa da mãe controladora. O filme não chega a se tornar um drama familiar, muito pelo contrário, usa esses conflitos a seu favor e consegue se manter firme naquilo que de fato é: uma história de terror que mistura bruxaria e etarismo, sob a ótica de uma cultura latino-americana.

Filmes do gênero horror protagonizados por velhinhos assustadores já não são mais novidade em Hollywood (A Visita, Tempo, X – A Marca da Morte), nem mesmo em outros países (A Avó, Lar dos Esquecidos). E esse é o primeiro ponto negativo do filme: falta de originalidade. O que dá um certo frescor à história são os elementos de brujería e referências à cultura mexicana. Lembrei de quando assisti Possessão (2012), há mais de dez anos, que, apesar de não ser um grande filme, chamou minha atenção justamente por trazer elementos da cultura judaica, uma novidade em meio a dezenas de filmes genéricos sobre exorcismo.

O outro ponto negativo do filme – e que foi decisivo para a avaliação baixa – é que ele é extremamente previsível. Já no início é possível antecipar algumas situações, e da metade para o final não sobra muita coisa para nos surpreender. Um plot twist ou outro pode vir a dar certo no caso de um telespectador mais desatento ou com sono.

Por outro lado, o filme tem seus bons momentos, ainda que poucos. A atuação da veterana Ofelia Medina é impecável, ao encarnar a grotesca avó Josefa com maestria. A lenda das três irmãs foi crucial não somente para a história poder se desenvolver, mas também para criar aquele clima de mistério que é indispensável em qualquer filme do gênero. A narrativa da lenda nos leva àqueles momentos da infância em que ficávamos sem dormir depois de ouvir uma história de assombração da época dos nossos avós. A personagem Abigail (Paloma Alvamar) também é um destaque, mas apesar de ter sim um papel importante na trama, ainda acho que poderia ter sido mais bem aproveitada.

O final – apesar de previsível – é funcional. Ao contrário de muitos filmes que parecem não ter conclusão, Ezban consegue dar um desfecho para todos os seus personagens, quase que metodicamente, sem deixar nada em aberto. Para quem não gosta de finais muito pretenciosos que mais confundem do que explicam, provavelmente irá gostar deste aqui.

O Olho do Mal está disponível na plataforma de streaming Prime Video.

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