Perseguição nas Alturas (2022)

4.8
(6)

Perseguição nas Alturas
Original:The Ledge
Ano:2022•País:UK
Direção:Howard J. Ford
Roteiro:Tom Boyle
Produção:Milos Djukelic, Fred Hedman, Kate Hoffman
Elenco:Brittany Ashworth, Ben Lamb, Louis Boyer, Nathan Welsh, Anaïs Parello, David Wayman, Krsto Nikcevic

Assistir a Perseguição nas Alturas (The Ledge, 2022) depois de ter visto o angustiante A Queda (Fall, 2022) chega a ser bastante injusto. Qualquer produção que envolva lugares altos em ritmo de thriller ou de filme de ação terá que se esforçar bastante se quiser despertar sensações parecidas com as transmitidas pelo filme de Scott Mann. E é uma temática que sempre chama a atenção e possui exemplares tensos como Risco Total (Cliffhanger, 1993), Limite Vertical (Vertical Limit, 2000), Vertigem (Vertige, 2009) e até Arranha-Céu: Coragem Sem Limite (Skyscraper, 2018), com cineastas apostando em um bom elenco para simular grandes alturas. Não é o que proporciona o longa de Howard J. Ford (da franquia Os Mortos aka The Dead), realizado a partir de um argumento de Tom Boyle, distante da função desde a bagaceira Volcano (2005).

Com uma boa capa e uma sinopse interessante, há a perspectiva de uma ambientação quase única e momentos de roer a unha, com a protagonista tendo dificuldade para se esquivar dos inimigos. Não funciona exatamente como se espera até pelo fato de deixar bastante óbvio o que irá acontecer – em nenhum momento você irá temer pela vida da garota. E é prejudicado pela atuação estereotipada do vilão, com o semblante artificialmente maldoso e suas frases de provocação, além do posicionamento e movimentação pouco ousadas das câmeras, nunca permitindo que o público tenha uma real noção da altura em que acontece o embate.

E ele tem início com a apresentação de duas moças, as amigas Kelly (Brittany Ashworth) e Sophie (Anaïs Parello), que estão em viagem pelo norte da Itália para escalar as montanhas da região e homenagear a perda de alguém importante, um ano antes. Pretendendo partir no dia seguinte, elas são incomodadas por um grupo de turistas americanos, e Sophie se sente atraída pela possibilidade de uma noite de curtição com os rapazes, principalmente com Josh (Ben Lamb). Após uma conversa ao pé de uma fogueira, Kelly decide ir para a cabana dormir, enquanto Josh, que já havia conquistado Sophie, age de maneira agressiva, em um princípio de estupro.

Impedido pelos amigos Zach (Louis Boyer), Taylor (David Wayman) e – o mais consciente – Reynolds (Nathan Welsh), mas temerosos que a garota possa denunciá-los, e com um passado envolvendo um incidente violento, eles a perseguem, culminando em uma queda quase fatal. Como em muitas produções correlatas, incluindo A Vingança de Jennifer, Josh convence seus colegas a terminar o serviço, mas a gritaria desperta Kelly, que não somente assiste a morte da amiga como filma com uma câmera – não fica claro por que ela decidiu pegar a câmera para filmar, sem saber o que estava acontecendo. Começa assim uma nova perseguição, dando tempo da garota voltar à cabana, encontrar seu equipamento e fugir pelas montanhas, com os rapazes no encalço.

Alternando sequências-clichês com flashbacks que mostram a experiência de Kelly e a relação com o namorado, Perseguição nas Alturas aposta no carisma da protagonista e na sua luta pela sobrevivência, que vai além de sua capacidade física e inteligência, precisando também de sorte. Como os rapazes agem de maneira estúpida e Josh precisa mostrar que é vilão o tempo todo, Kelly nem precisa se esforçar muito para se livrar de seus perseguidores, o que traz conveniências e obviedades do roteiro. Sem nunca empolgar, o longa fica bem distante de suas pretensões, não funcionando como thriller e nem aventura de exploração.

Disponível na Amazon Prime, assim como A Queda e outras similares melhores, Perseguição nas Alturas é dispensável, uma versão genérica de produções com a mesma temática. Pode servir de entretenimento raso para os poucos exigentes, em busca de um passatempo para sobrepor a falta de opções. Não vai trazer pesadelos aos acrofóbicos, nem será citada como bom exemplo de produções tensas em lugares altos.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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