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Yellowjackets - 2ª Temporada
Original:Yellowjackets - Second Season
Ano:2023•País:EUA
Direção:Karyn Kusama, Deepa Mehta,Jamie Travis,Jamie Travis,Ariel Kleiman,Eduardo Sánchez,Daisy von Scherler Mayer
Roteiro:Ashley Lyle, Bart Nickerson, Katherine Kearns, Liz Phang, Liz Phang, Sarah L. Thompson, Chantelle Wells, Cameron Brent Johnson
Produção:Ashley Lyle, Bart Nickerson, Jonathan Lisco, Drew Comins
Elenco:Melanie Lynskey, Tawny Cypress, Christina Ricci, Juliette Lewis, Warren Kole, Sophie Thatcher, Sophie Nélisse,Ella Purnell

Lançada no final de 2021, Yellowjackets foi provavelmente uma das séries mais comentadas do ano passado. Figurando em inúmeras listas de melhores do ano, a nova série da Paramount+ conseguiu trazer elementos de clássicos como Lost e Arquivo X com um roteiro bem amarrado, personagens interessantes e um elenco que não cansa de nos surpreender. Com tudo isso, era difícil não criar expectativas para o retorno da nova temporada, mas, por mais que algumas de nossas perguntas tenham sido respondidas, outras ainda ficam no ar e a expectativa para uma terceira temporada pode não ser tão positiva assim.

O segundo ano de Yellowjackets retorna do mesmo ponto onde a última temporada parou: estamos mais uma vez acompanhando dois blocos temporais diferentes, um situado no ano de 1996 com as sobreviventes do time de futebol tentando passar pelo rigoroso inverno da floresta sem muitos recursos e mantimentos, e outro situado no tempo presente, com algumas de nossas jogadoras vivendo através de seus traumas e lembranças do que aconteceu em seus conturbados passados.

Se no primeiro ano da série eu já tive a sensação que o núcleo do passado era mais interessante, esse ano tive a certeza. Não que o presente seja de todo ruim, mas na primeira temporada tivemos a oportunidade de ver nossas protagonistas adultas mais próximas e talvez a química entre elas seja o que tenha segurado toda a trama. A segunda temporada opta por espalhar nossas protagonistas em diferentes núcleos individuais, o que poderia ter funcionado bastante, se não fosse uma conveniência gigantesca do roteiro para uni-las ao longo da trama.

A inserção de duas novas sobreviventes, agora adultas, até faz com que as coisas fiquem interessantes. Van (Lauren Ambrose), que agora cuida de um falida locadora, entra na série em um momento crucial da trama, e deixa em aberto uma possível participação ainda maior da personagem na próxima temporada. Lottie (Simone Kessel) é o grande destaque dessa temporada; boa parte da trama do presente gira em torno da personagem e seu controverso culto, que no final das contas acaba girando, girando e não chegando muito em lugar nenhum. A construção do presente em volta do culto da Lottie acaba por servir como uma grande muleta do roteiro para que todas as personagens possam se encontrar no mesmo lugar, o que acaba por matar muitas tramas individuais de cada uma delas e apresentar muitas vezes uma solução rápida para problemas que outra hora pareciam gigantescos.

Um exemplo disso é o caso do assassinato de Adam (Peter Gadiot), que foi um ponto bastante importante da primeira temporada e parecia que ia ganhar um peso bem grande na segunda. A investigação do assassinato nos primeiros episódios faz com que o espectador fique ansioso pela resolução do caso, afinal, um grande destaque dessa temporada é a interação entre Shauna (Melaine Lynskey), Jeff (Warren Kole) e Callie (Sarah Desjardins), fazendo com que assistir a família bolar planos para salvar a própria mãe da prisão se tornem alguns dos momentos mais divertidos da série. Assim como a maravilhosa interação entre Misty (Christina Ricci) e Walter (Elijah Wood) em sua empreitada de “detetive-cidadão” para resolver o caso do assassinato de Adam, servindo também como um dos grandes pontos positivos dessa temporada.

Mas tudo parece ir caindo por água abaixo nos últimos episódios. Optando por soluções simples para problemas complexos, o roteiro segue uma série de conveniências para que todas as personagens acabem indo de encontro a Lottie no seu culto. O que poderia ter servido como várias pontas soltas para um terceira temporada acaba sendo resolvido de qualquer maneira, deixando um gostinho amargo na boca de quem esperava um pouco mais da série.

Mas quando voltamos para 1996 as coisas realmente ficam interessantes (e bastante violentas) quando acompanhamos nosso time de futebol em sua jornada pela sobrevivência em pleno inverno norte-americano. Todo o elenco do núcleo do passado merece destaque, a entrega dos atores e atrizes em dar vida a seus personagens faz com que o sofrimento dos sobreviventes seja quase palpável. É possível sentir a dor e o desespero daquelas pessoas em meio a uma situação tão extrema, o que se mostra essencial para que possamos compreender algumas ações tomadas pelos personagens sem o julgamento pelos olhos de quem não está naquela situação. As morais sociais nas quais aquelas garotas foram criadas vão aos poucos se desfazendo e dando lugar a uma sociedade pautada em uma única regra: sobreviver. Logo, por mais brutais que as decisões tomadas por elas possam parecer, é difícil não torcer pela sobrevivência do grupo.

Temos na segunda temporada de Yellowjackets quase duas séries distintas, que, apesar de ter os mesmos personagens em momentos diferentes, parece não ter conseguido conversar tão bem quanto em sua primeira temporada. Ao colocar os dois núcleos temporais em uma balança, é bem provável que o espectador a encontre pesando mais para o lado do passado, seja por sua solução melhor de mistérios, por possuir um roteiro mais amarrado ou simplesmente pelo embrulho no estômago que o núcleo proporcionou até para o maior fã de Holocausto Canibal.

Mas, apesar de seus problemas estruturais, a segunda temporada de Yellowjackets está muito longe de ser ruim. É uma série que tem ainda um grande potencial e pode amarrar melhor suas pontas em um terceira temporada, merecendo sim o destaque que ganhou. O que nos resta é aguardar mais um ano para ver se Yellowjackets vai vencer o teste do tempo e se mostrar realmente como o clássico que nasceu pra ser.

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1 comentário

  1. Contém spoilers

    Acho que essa temporada perdeu bastante força em relação à primeira, um pouco pelo tempo decorrido e também por se alongar demais na investigação da morte do Adam e as protagonistas em um “dia de spa” no “culto” da Lottie. Tanto que a história da Taissa adulta, que ia muito bem na primeira temporada, foi deixada de lado, assim como ela largou a família em um momento crítico, sem parecer se importar.
    Já gostava bem mais do núcleo adolescente e, nesta temporada, se intensificou. Mas a resolução da gravidez da Shauna foi completamente decepcionante. Depois de quase duas temporadas de mistério, simplesmente aparece um embrulho e fim. Esperava que o bebê estivesse morto, mas o mínimo que queria ver era uma grande cena de parto difícil, com gritaria, desespero, todos lutando para tentar manter mãe e bebê vivos. Mas tivemos um grande nada, perderam a oportunidade de explorar isso.
    Apesar das ressalvas, não foi uma temporada ruim e ainda quero mais, saber o que aconteceu no período em que ficaram desaparecidas.

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