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Resident Evil 4
Original:Resident Evil 4
Ano:2023•País:Japão
Desenvolvedora:Capcom•Distribuidora: Capcom

A trajetória de Resident Evil 4 é no mínimo curiosa. Com um primeiro trailer apresentado trazendo Leon como protagonista em ambientes fechados e escuros, o projeto inicial do game foi completamente rechaçado pelo público, que estava cansado da fórmula aplicada até o episódio 3 e Code Veronica. A consequência foi enorme, com a Capcom decidindo jogar tudo feito até então na lixeira e recomeçar do zero com uma proposta completamente diferente. Assim, quando lançado em 2005, com uma intrigante exclusividade temporária para o Nintendo Gamecube, Resident Evil 4 entrou para a história como um dos jogos mais aclamados de todos os tempos. Tão aclamado, que ganhou versões para todos os consoles que vieram, remasters para gerações seguintes, e sua sobrevida durou até 2022, quando uma versão de realidade virtual foi lançada.

Com uma sequência de remakes da trilogia clássica da maior franquia de jogos de terror da história, aclamados por crítica e público, mesmo que derrapando um pouco no 3, a Capcom decidiu encarar o desafio de fazer um remake de um jogo que não envelheceu mal, cujas mecânicas são utilizadas e referenciadas até hoje. Mas ela foi lá e fez. O remake de Resident Evil 4 é um aperfeiçoamento primoroso de sua essência, expande um game que já era competentemente grande e, principalmente, diverte absurdamente seus jogadores, mesmo que trocando o terror pela ação.

A história é praticamente a mesma. Após os eventos traumáticos no que deveria ser seu primeiro dia de trabalho como policial em Raccoon City ter ser tornado enfrentar um apocalipse zumbi que levou à destruição da cidade, Leon Kennedy se tornou um agente de elite do governo dos Estados Unidos que se desloca até uma rústica vila no interior da Espanha com uma missão confidencial e de extrema importância: resgatar a filha do presidente dos Estados Unidos, Ashley Graham. Sequestrada por um tipo de culto, Leon descobre que, mesmo após o fim da farmacêutica Umbrella Corporation, os perigos do bioterroristmo seguem fortes, já que o local está infestado por um parasita chamado La Plaga, capaz de dominar mentes e causar infindáveis mutações monstruosas em seus hospedeiros, revelando que o sequestro é apenas um passo num plano de dominação ainda maior.

Sim, praticamente um filme tipo B. A essência de Resident Evil.

De cara, o primeiro entendimento que teremos das mudanças do remake de RE4 é sua expansão. Tudo é maior, atualizado, moderno e viciante nessas quase 15 horas da primeira vez na campanha. É como se fosse uma versão definitiva e completa de um jogo que já havia desafiado todos os hardwares de sua época para se fazer grandioso, mas que aqui ganha novas camadas e imersão.

Tudo está ali, ainda que muito diferente, transformando a experiência mesmo pra quem zerou o original mais de uma dezena de vezes. A área do lago ficou muito maior, com possíveis idas e vindas, o castelo está gigantesco a ponto de você achar que vai se perder, além dos tesouros e inúmeros puzzles. Os quick time events foram simplesmente eliminados, como o clássico duelo de facas sendo muito modificado e a exclusão de um certo evento envolvendo lasers que todos os fãs amavam e que é sim um motivo para reclamar.

A ação clássica em terceira pessoa com a câmera sobre o ombro foi uma inovação da época que transformou a indústria e segue presente aqui. Mas Leon também ganha um parry de facas (que são desgastadas até quebrar), ataques físicos fortes, porém pontuais, a capacidade de andar e atirar ao mesmo tempo e um arsenal de armas diverso e muito útil, capaz de matar, desmembrar e explodir inimigos cujos corpos não somem mais e ficam ali espalhados e destruídos pelos cenários.

Mesmo com uma jogabilidade que aparenta dar muitas facilidades, é um jogo extremamente desafiador, com inimigos muito agressivos, inteligentes e que vêm em ondas que não dão muito tempo pra respirar entre uma e outra. Você ainda tem uma possibilidade de furtividade que não serve pra muita coisa, mas está lá. E Leon é pesado de controlar. Tudo nesta ação está mais lento, mas de uma forma dinâmica que dá um ritmo muito próprio ao jogo.

E mesmo sendo um jogo de campanha singleplayer, o fator replay é novamente gigantesco aqui. Há missões paralelas, mini games dentro do jogo, troféus a rodo pra tentar conquistar, melhorar seu ranking de finalização e, claro, o modo Mercenários que é simplesmente viciante.

O maior defeito segue o de ser um jogo de ação em detrimento ao terror da franquia, embora isso seja um tanto quanto subjetivo. O remake aposta num filtro de cores muito mais sombrio e a tensão da escassez de balas e recursos, junto da inteligência artificial realmente boa dos inimigos, ajuda a manter um clima de tensão de forma integral. Não assusta, mas você nunca estará relaxado.

O enredo também é uma galhofa, embora com méritos para algumas mudanças, como o comportamento e falas de Leon que foram melhorados consideravelmente em relação ao original. O agente do governo está aqui como um personagem mais amadurecido, com seus próprios receios, carregando traumas relacionados aos acontecimentos anteriores de sua vida. Se no original ele era um canastrão cheio de piadas ruins, aqui ele está mais condizente com a situação.

Infelizmente, o mesmo não pode ser falado de Ashley, que embora tenha sido bastante alterada em relação ao estorvo que era originalmente, ainda possui uma personalidade fraca e pouco carismática. Ada, Luís e Krauser seguem com participações ainda mais interessantes, principalmente na nova batalha com o militar. Mas o vilão Salazar, embora ganhe um castelo muito maior aqui, perde espaço num confronto final sem graça. Já o inimigo principal, o muito escondido Lord Saddler, era tão qualquer coisa no original, que mesmo com melhorias no remake e se fazendo mais presente desde o começo, acaba sendo um vilão pouco significativo de verdade.

Resident Evil 4 ganha então um remake completo, polido, sem bugs, com um visual impecável na nova geração, ainda que sem muitas diferenças entre o modo performance e o modo gráfico. É um jogo digno de ser aclamado, diferente de seu original por ser revolucionário em 2005, mas sim por gerar um entretenimento genuíno e marcante em 2023.

O jogo está disponível para Playstation 4, Playstation 5, Xbox Series e PC. 

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Média da classificação 5 / 5. Número de votos: 7

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2 Comentários

  1. Esse sim é um jogaço que merece exaltação (tanto o remake quanto o original), não aquela porcaria de mensagem política disfarçada de jogo chamada de Last of Us 2

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