Sobrenatural: A Porta Vermelha
Original:Insidious: The Red Door
Ano:2023•País:EUA, Canadá Direção:Patrick Wilson Roteiro:Scott Teems, Leigh Whannell Produção:Jason Blum, Oren Peli, James Wan, Leigh Whannell Elenco:Ty Simpkins, Patrick Wilson, Patrick Wilson, Sinclair Daniel, Hiam Abbass, Andrew Astor, Juliana Davies, Steve Coulter, Peter Dager, Justin Sturgis, Joseph Bishara, David Call, David Call |
Atravessar a Porta Vermelha é ter acesso ao Mundo Invertido da franquia Sobrenatural, um local habitado por espíritos errantes e invejosos, em um inferno enevoado de repetição de mortes violentas, dor e sofrimento. Não havia razão para a família Lambert retornar a esse The Further, uma vez que tanto Josh (Patrick Wilson) quanto Dalton (Ty Simpkins) não recordavam mais de sua existência, assim como o próprio infernauta em busca de novas casas assombradas para visitar no gênero, mas a boa audiência e os valores conquistados com os demais filmes impulsionaram esse retorno.
Após o lançamento de Sobrenatural: A Última Chave, o produtor Jason Blum já imaginava um longa que mesclasse os universos de Insidious e Sinister, mas o roteirista do original, Leigh Whannell, despontou com um argumento saudosista, talvez aproveitando a tendência atual de “continuações diretas dos primeiros“: resgatar os personagens dos dois primeiros filmes, como se fosse a visita a um parente distante, mas avisando com antecedência para que não haja surpresas. E realmente não há. A proposta é apenas um reencontro, sem que os arrepios tenham vindo entre os itens da bagagem.
Lançado há exatos dez anos, Sobrenatural – Capítulo 2, de James Wan, apresentou o pequeno Josh (Garrett Ryan) sendo ajudado por uma jovem Elise Rainier (Lindsay Seim) a enfrentar um encosto (Tom Fitzpatrick), uma assombração em vestes de uma “noiva de preto” e que o perseguia desde seu nascimento. Possuído pela entidade, Josh atua como um Jack Nicholson enfurecido pelos corredores do Hotel Overlook na tentativa de assassinar sua esposa Renai (Rose Byrne) e seus filhos até, ao final, vencer o Mal e passar por um processo de hipnose com Dalton, comandado pelo médium amigo de Elise (Lin Shaye), Carl (Steve Coulter). Sem recordações dos tormentos, do passeio pelo The Further, do “demônio vermelho” ou da “noiva“, a família parecia ter finalmente encontrado a paz.
Não exatamente. Sobrenatural: A Porta Vermelha começa com o enterro da mãe de Josh, Lorraine (Barbara Hershey), permitindo o reencontro dos membros da família Lambert, sofrendo as consequências pelo passado tenebroso, além de uma rápida aparição de Carl. Josh e Renai estão divorciados, enquanto Dalton, preparando-se para iniciar os estudos de Arte na faculdade, culpa o pai pelo seu distanciamento. No entanto, o passado volta a assombrá-los em pesadelos que levam o rapaz a desenhar com carvão uma porta, que depois ficaria com detalhes em vermelho pelo sangue que ele verte da mão, e Josh, que passa a ser visitado por um homem, posteriormente identificado como seu pai desaparecido, Ben Burton (David Call).
Com sua empolgada colega de quarto, Chris Winslow (Sinclair Daniel), Dalton atende a uma ideia de seu pai de participar de uma festa de fraternidade e terá uma experiência com o outro lado a partir da aparição de um fantasma com ânsia. Logo o rapaz entenderá que se trata do The Further, quando acessar um canal no youtube, com Specs (Whannell) e Tucker (Angus Sampson), explicando sobre viagem astral, dimensões fantasmagóricas e apresentando a falecida Elise. Essa entrada para o Além trará consequências que irão levá-lo a um encontro com uma entidade conhecida, precisando do apoio de seu pai.
A trama de Sobrenatural: A Porta Vermelha basicamente envolve essas duas narrativas – a do pai e a do filho -, enquanto passam a recordar de suas experiências com fantasmas e possessão. Como o infernauta já sabe do que se trata, fica simplesmente aguardando essa retomada do passado, tendo o incômodo de vez em quando de assombrações cada vez mais “físicas“, além das travessias pelo mundo dos espíritos. Assim, o enredo pouco evolui e quando o faz, traz informações que facilitam o roteiro e contradições em relação ao que já fora visto nos demais filmes.
Pode-se exemplificar pelo fato dos filmes anteriores não terem mencionado o abandono do pai de Josh, sendo que Sobrenatural – Capítulo 2 trouxe em seu prólogo um retorno à infância dele – por que esse espírito não apareceu antes? Além disso, os passeios pelo The Further não traziam influências diretas no mundo físico, além da possessão. Nesse novo filme, Dalton caminha como um sonâmbulo para os vivos, e ele os enxerga do Outro Lado podendo influenciá-los, como se a sua projeção astral o transformasse em uma assombração. Josh, assim como Elise, enquanto caminhavam pelo The Further, permaneciam com seus corpos imóveis e viam uma espécie de Mundo Invertido, uma realidade alternativa onde os vivos não apareciam, somente almas perdidas, com seus olhares e sorrisos congelados.
Além dos poucos sustos – ou a simples inexistência deles -, o longa ainda peca por uma conclusão cafona, explorando a personagem de Lin Shaye em um momento vergonhoso e sem sentido para justificar sua aparição em todos os filmes da franquia. Se Specs e Tucker, assim como Carl, foram acrescentados na trama sem necessidade, parece que o objetivo da realização dessa continuação seria apenas uma atualização dos personagens dez anos depois dos dois primeiros filmes.
Sobrenatural: A Porta Vermelha marca a estreia de Patrick Wilson na direção. A sua experiência nesse Outro Lado da câmera se mostrou regular, sem destaque, com posicionamentos de câmera e condução de elenco adequados para a proposta. Um roteiro melhor, sem soar desnecessário, poderia servir como um cartão de apresentação mais eficiente, associando seu nome a uma produção mais bem conceituada.
Achei fraco, esperava mais.