Alien, o Monstro Assassino
Original:Contamination
Ano:1980•País:Itália, Alemanha Direção:Luigi Cozzi Roteiro:Luigi Cozzi, Erich Tomek Produção:Claudio Mancini Elenco:Ian McCulloch, Louise Marleau, Marino Masé, Siegfried Rauch, Gisela Hahn, Carlo De Mejo, Carlo Monni |
Alien, O Monstro Assassino (Contamination) é mais um dos rip offs italianos (neste caso, uma co-produção ítalo-alemã) que vieram no vácuo do enorme sucesso comercial de Alien, o Oitavo Passageiro (1979). Mas, como pode imaginar o leitor mais atento, além do título tosco e oportunista, a única relação entre o filme em questão e o clássico de Ridley Scott é a presença de uma criatura alienígena. Semelhante (mas nem tanto) ao que hoje conhecemos como mockbusters (aquelas cópias baratas que exploram o resultado e a publicidade de outra produção, normalmente um blockbuster), este longa faz parte de uma leva de produções do início dos anos 80 que não tentavam ludibriar os espectadores incautos se passando pelo “original”, mas sim se apresentando como uma continuação deste. Contextualizando, tal engodo tinha certa facilidade de execução neste passado distante, já que a internet era só um embrião do que é hoje e as informações sobre o cinema de gênero (no caso, o horror) eram quase inexistentes, principalmente em terra longínquas, como o Brasil, por exemplo. Mas voltando ao “multiverso” de Alien, outras duas produções complementam uma trilogia de variantes não-oficiais: o também italiano Alien 2: Sulla Terra (1980) e o made in USA Galáxia Proibida (1982). Vale ressaltar que todos os 3 filmes são anteriores à sequência oficial dirigida por James Cameron, o ótimo Aliens, lançado em 1986. Porém, apesar das qualidades e intenções bem duvidosas, Alien 2: Sulla Terra, Galáxia Proibida e Alien, O Monstro Assassino acabaram recebendo aquele “selo” de cult obscuro, aguçando a curiosidade dos novos fãs e colecionadores do gênero.
Dirigido pelo ilustríssimo Luigi Cozzi, de Paganini Horror (1989), mas assinado inicialmente como Lewis Coates, mesmo pseudônimo utilizado pelo cineasta em contos de faroeste publicados em revistas na Itália, e mais de uma vez no cinema atendendo as distribuidoras americanas que pensavam que o público do país não se interessaria obras dirigidas por um italiano, Alien, O Monstro Assassino esteve, durante muitos anos, disponível em terra brasilis apenas na versão lançada em VHS pela extinta OMNI Vídeo. Felizmente, há pouco tempo, uma opção em DVD foi lançada, parte do volume 2 da coleção Clássicos Sci-Fi: Anos 80, da Versátil Home Vídeo. Já nas plataformas de streaming do Brasil, o longa continua inédito (pelo menos enquanto este texto é escrito).
No roteiro, do próprio Cozzi, um navio desgovernado e aparentemente vazio se aproxima da baía de Nova York. As autoridades descobrem que a embarcação, vinda da América do Sul, carrega, além dos corpos dilacerados da tripulação, milhares de ovos alienígenas. Os ovos, quando aquecidos, se chocam e contaminam os humanos que, em minutos, veem seus órgãos literalmente explodirem. Após uma rápida investigação, o exército americano descobre a origem da perigosa carga: a Colômbia. Uma missão é enviada ao país para descobrir qual o plano e quem é o responsável pelos ovos.
As alterações de “humor” do roteiro são um dos principais problemas de Alien, O Monstro Assassino. O filme até começa bem, com um ato inicial bem promissor e tenso. É neste primeiro ato que são apresentadas as cenas em que os cadáveres são encontrados na embarcação e também as primeiras contaminações. Pena que esta boa expectativa é frustrada posteriormente em um ato intermediário que deixa o horror de lado e escolhe uma trama mais investigativa, em um ritmo lento que nunca chega a engrenar de fato. Já em relação ao clímax, há uma ressalva que é a aceitação do visual um tanto trash da criatura, o “ciclope alienígena“. O design é uma clara homenagem ou referência aos clássicos sci-fi de baixo orçamento dos anos 50.
Os efeitos especiais e de maquiagem realizados por Pierantonio Mecacci, de A Mansão do Inferno (1980), poderiam ser melhores e mais detalhados, caso houvesse um orçamento um pouco maior. São vários corpos dilacerados violentamente pela contaminação extraterrestre, mas quase todos são mostrados à certa distância, o que entedia às vezes pelas repetições, além de diminuir consideravelmente o impacto visual.
De positivo mesmo, apenas a trilha sonora extremamente atmosférica, composta pelo grupo de rock progressivo Goblin (aquele do brasileiro Claudio Simonetti), parceiro de longa data dos cineastas italianos, responsáveis pela trilha de Despertar dos Mortos, Suspiria e Phenomena, entre outros).
É sempre importante reforçar que Alien, O Monstro Assassino é uma autêntica produção B, no sentido mais contemporâneo. Com um orçamento reduzido de US$ 225 mil (segundo “rumores”, parte deste valor seria financiado pelo tráfico de drogas colombiano), usando de um elenco quase desconhecido, as filmagens ocorreram em pouco mais de um mês, em locações na Colômbia e nos EUA (Flórida e Nova York).
Em relação à distribuição, o corte final foi classificado em solo americano como impróprio para menores de 17 anos, o que limitou muito os resultados de bilheteria. Posteriormente, para o lançamento em VHS, 10 minutos acabaram removidos e a produção, até então conhecida como Contamination, passa a ser chamado de Alien Contamination (em um momento mais adiante, uma nova versão seria lançada como Toxic Spawn). Interessante que o título pensado por Cozzi no começo do projeto era Contamination: The Alien Arrives on Earth (algo como Contaminação: O Alien chega à Terra). Já nos países britânicos, apesar do gore não ser exagerado e o longa ser pouco realista, Alien, O Monstro Assassino acabou incluído na famigerada Video Nasties List do DPP (uma lista de obras cinematográficas proibidas de serem vendidas, alugadas ou exibidas na televisão do Reino Unido), ou seja, foi banido até o início dos anos 2000, quando foi finalmente aprovado para maiores de 15 anos.
Enfim, apesar dos vários pontos negativos, Alien, O Monstro Assassino é um trash que pode até funcionar, seja como uma curiosidade, ou mesmo como diversão – neste caso o espectador deve adequar as expectativas aos absurdos do roteiro e as limitações impostas pelo baixo orçamento.
Não é tão ruim assim, dadas as limitações de orçamento.
Fiquei curioso pra ver esse filme, espero conseguir assisti-lo 👍🏾👍🏾👍🏾👍🏾👍🏾😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱👍🏾👍🏾👍🏾👍🏾👍🏾😱😱