XB: Galáxia Proibida (1982)

3.1
(10)

XB: Galáxia Proibida (1982)
Original:Forbidden World
Ano:1982•País:EUA
Direção:Allan Holzman
Roteiro:Tim Curnen, Jim Wynorski, R.J. Robertson
Produção:Roger Corman
Elenco:Jesse Vint, Dawn Dunlap, June Chadwick, Fox Harris, Ray Oliver, Scott Paulin, Linden Chiles, Michael Bowen, Don Olivera

A simples menção a Roger Corman como produtor já é indicação de entretenimento à vista. Pode-se esperar uma pérola de ficção científica repleta de absurdos, maquiagem e efeitos toscos, uma história banal inspirada em algum sucesso e belas mulheres seminuas. Por essas e muitas outras, Galáxia Proibida (Forbidden World, 1982) não deve ser visto pelos mais exigentes ou que buscam algo mais do que uma sessão-pipoca. Já para os que prestigiam bagaceiras sem sentido, naves mal feitas com milhares de botões enormes, explosões e cores no espaço, esse filme pode estar entre as mais divertidas recomendações.

Galáxia Proibida faz parte de uma quadrilogia não-oficial de produções que são lembradas por seguirem o rastro do clássico de Ridley Scott, Alien – O Oitavo Passageiro (1979). Esse divisor de águas da ficção científica, com elementos explícitos de horror e claustrofobia, foi copiado à exaustão e determinou as fórmulas desse subgênero a partir da década de 80. O primeiro deles foi o italiano Alien 2 – Sulla Terra, de Ciro Ippolito, que trazia um grupo de astronautas que foi substituído por alienígenas, causando graves danos no retorno à Terra – é o único que não teve distribuição de Roger Corman nos EUA; o segundo mais lembrado é Inseminoid, de 1981, de Norman J. Warren, sobre um alienígena que invade uma nave de arqueologistas interplanetários, eliminando um a um. No mesmo ano viria também Galáxia do Terror (Galaxy of Terror), de Bruce D. Clark, a respeito de um grupo de resgate na busca de sobreviventes de uma nave que colidiu com um planeta desconhecido, tendo que enfrentar alienígenas que residem numa pirâmide.

Por fim, há o tema desta análise, XB: Galáxia Proibida, o debut na direção de Allan Holzman, mais reconhecido no trabalho de editor de longas como Mercenários das Galáxias (Battle Beyond the Stars, 1980) e Expresso Macabro (The Sleeping Car, 1990). Ele se baseou num argumento do experiente e ainda ativo Jim Wynorski (diretor de Chopping Mall, 1980, Vampiro das Estrelas, 1988, e Morella: O Espírito Satânico, 1990) em co-autoria de R.J. Robertson (de A Casa do Espanto 4, 1992), e no roteiro de Tim Curnen (Ghost Warrior, 1984). Não precisaria tantos nomes para apresentar um enredo básico sobre a presença de uma criatura mutante no interior de uma estação planetária.

Numa galáxia muito distante, o comandante Mike Colby (Jesse Vint) é despertado de seu sono pelo ajudante robô SAM-104 (Don Olivera) para uma missão de auxílio no desértico planeta Xarbia, onde cientistas estão tentando desenvolver uma forma de produção acelerada de alimentos. A mistura de códigos genéticos com DNA resulta, obviamente, numa forma de vida conhecida como “Subject 20” (imagino que os outros 19 devem ter sido piores), que, solta no laboratório, mata os demais animais e sofre mutação, formando um casulo. Mike encontra no local o cientista-chefe Dr. Gordon Hauser (Linden Chiles), que tem como assistente a bela Barbara Glaser (June Chadwick), e ainda conta com outros membros: a primeira vítima Jimmy (Michael Bowen) – que ao ser atacado mantém-se vivo, apesar do corpo dissolvido, sofrendo também mutações – e a exuberante Tracy Baxter (Dawn Dunlap).

Não demorará muito para a criatura fazer um estrago na nave e depois sair à solta pelo planeta, obrigando Mike a encontrar meios de conter essa forma de vida extremamente perigosa. Lê-se: um monstro preto, com uma dentição que remete claramente ao Alien, diferenciado pelos tentáculos. Em meio ao caos, Mike irá transar com Bárbara e flertar com Tracy, que, mesmo em luto pela perda do namorado Jimmy, será facilmente cobiçada pelo visitante. Ambas, na concepção de um sexploitation, irão aparecer constantemente nuas, com as desculpas mais esfarrapadas: seja para chorar na sauna ou tirar gosmas do cabelo. São tantas cenas de nudez das garotas que o foco no monstro da nave será totalmente desviado.

Galáxia Proibida é uma produção divertida, exatamente pelos exageros e erros. É engraçado ver os botões enormes nas naves, consideradas sofisticadas, ou a vestimenta dos astronautas, com roupas típicas dos anos 80, com cores e tecidos. A pouca movimentação do monstro, seu diálogo com Bárbara através de um monitor verde, e as cenas envolvendo os ataques (sempre com a expressão de pavor da vítima, sem nunca mostrar exatamente como ela foi atacada) conduzem à diversão. Em certo momento, uma das vítimas, mesmo sabendo dos perigos da criatura, entra embaixo dela para acionar um painel, facilitando a ação de ataque, como as moscas que se aproximam das teias. Por outro lado, os efeitos gosmentos dos cadáveres, com metade do rosto esquelético, e sua movimentação sofrida é bem interessante, rendendo nojeiras e bons momentos.

XB: Galáxia Proibida merece a recomendação, principalmente por ser um dos exemplares mais interessantes que vieram na rasteira de Alien. É mais um trabalho com a marca Roger Corman de entretenimento, algo que por si só já impulsiona uma conferida.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

One thought on “XB: Galáxia Proibida (1982)

  • 29/03/2021 em 07:30
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    Filme que faz o que se propõe, diversão, quem quiser efeitos de alto nível e história complexa, procurem StarWars e Solaris (versão original)

    Resposta

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