Pinóquio (1940)

4.4
(9)

Pinóquio
Original:Pinocchio
Ano:1940•País:EUA
Direção:Norman Fergunson, T. Hee, Wilfred Jackson, Jack Kinney, Bill Roberts, Hamilton Luske, Bem Sharpsteen
Roteiro:Carlo Collodi, Ted Sears, Ted Sears, Webb Smith, William Cottrell, Joseph Sabo, Erdman Penner, Aurelius Battaglia
Produção:Walt Disney
Elenco:Mel Blanc, Don Brodie, Stuart Buchanan, Walter Catlett, Marion Darlington, Frankie Darro, Virginia Davis, Cliff Edwards, Dickie Jones, Charles Judels, George Magrill

O italiano Carlo Collodi lançou o romance “As Aventuras de Pinóquio” em 1883. Ou seja, quando Walt Disney teve a ideia de fazer uma adaptação para um longa-metragem em animação, a história já era conhecida. Na trama, o entalhador Geppetto sonha em ter um filho. Um dia ele decide pegar um tronco de madeira e cria o boneco Pinóquio.

Em uma noite estrelada, a Fada Azul aparece e transforma Pinóquio em um menino de verdade. Ela fala para Pinóquio que ele pode se tornar um garoto para sempre, desde que ele prove ter valores como coragem, honestidade e lealdade. A fada avisa que Pinóquio jamais poderá mentir, ou seu nariz irá crescer. Tudo é uma grande justificativa para crianças – e adultos – dos quatro cantos do mundo acompanharem as aventuras de Pinóquio, que, claro, vai se meter um muita confusão antes de salvar Geppetto, que está preso dentro da barriga de uma baleia.

Pinóquio é o típico filme para a família inteira, embora algumas cenas possam ser consideradas um pouco assustadoras para crianças mais novas. Não era raro ver crianças chorando nos cinemas, por exemplo, na sequência onde os meninos são transformados em burros. Até hoje tem muito adulto que não gosta da cena. Tudo fruto da genialidade de Disney em criar histórias de forte impacto visual.

Com o mesmo nível de animação visto em Branca de Neve, Pinóquio foi lançado nos Estados Unidos no dia 07 de fevereiro de 1940 e foi um grande sucesso, tendo sido relançado nos anos de 1945, 1954, 1962, 1971, 1978, 1984 e 1992. No Oscar de 1941, Pinóquio levou os prêmios de melhor trilha sonora e melhor canção com a belíssima “When You Wish Upon a Star”, cuja base do refrão se tornou o tema de abertura da logo da Disney até os dias de hoje.

A canção fez tanto sucesso que é a música favorita do diretor Steven Spielberg. Quando foi dirigir Contatos Imediatos do Terceiro Grau (Close Encounters of the Third Kind, 1977), Spielberg concebeu uma cena que acabou ficando de fora da versão final do filme. Na sequência, o personagem de Richard Dreyfuss entra na nave espacial e o tema que toca é “When You Wish Upon a Star”. No filme AI: Inteligência Artificial (Artificial Intelligence: AI, 2001), Spielberg recria a metáfora da fada azul, desta vez com voz de Meryl Streep.

Apesar de não ter seu nome creditado como diretor ou produtor, o envolvimento de Walt Disney (1901-1966) foi de grande importância para a realização de Pinóquio (Pinocchio, 1940). Como uma espécie de consultor, ele pensava a produção de forma geral e dividia as tarefas, o que justificava inclusive o grande número de diretores em Pinóquio. Cada um ficava responsável por determinadas sequências, enquanto o próprio Disney fiscalizava de perto os avanços, e também os problemas, do projeto.

Foi Disney, por exemplo, quem achou que os personagens de Pinóquio não tinham o mesmo carisma em comparação com os de Branca de Neve e os Sete Anões (Snow White and the Seven Dwarfs), de 1937. Para solucionar este problema, Disney criou justamente o Grilo Falante.

Não existia no roteiro original de Pinóquio, mas Disney achou que o personagem traria um maior interesse para a trama. Mais uma vez, ele provou que estava certo. O Grilo Falante se tornou então um amigo de aventuras e uma espécie de consciência do Pinóquio. Pouca gente sabe, mas o nome verdadeiro do grilo é Jiminy Cricket, que para muitos funciona como eufemismo do nome Jesus Cristo.

A primeira aparição do Grilo Falante aconteceu em 1939 em uma tira de jornal justamente sobre o Pinóquio. Além de Pinóquio, o grilinho já apareceu em outras animações da Disney, a exemplo de Como é Bom se Divertir (Fun & Fancy Free, 1947).

A voz do grilo foi dublada por Cliff Edwards, que trabalhou em vários filmes das décadas de 1920, 1930 e 1940, geralmente em pequenos papeis. Edwards esteve presente, por exemplo, no grande clássico E O Vento Levou (Gone with the Wind, 1939) como um soldado sem nome.

Disney

Já o genial Walter Elias Disney nasceu em 1901, em Chicago, e sua contribuição para a Sétima Arte foi gigantesca. Os créditos de produtor, cineasta, roteirista, diretor, dublador, entre outras funções, tornam-se pequenos quando pensamos que este homem foi o criador do Mickey Mouse em 1928, um período no qual a animação estava dando os primeiros passos. Menos de dez anos depois, Disney apresentou ao mundo o longa Branca de Neve e os Sete Anões, o primeiro em animação da história.

Entre 1928 e 1937, Disney colecionou créditos em animações, os tão conhecidos desenhos animados. Feitos à mão, alguns destes desenhos atravessaram gerações e entraram para a história do cinema. Um dos destaques deste período é a animação A Dança dos Esqueletos (The Skeleton Dance), dirigida pelo próprio Disney e lançada em 1929. Outro produto importante foi O Velho Moinho (The Old Mill, 1937). O curta, com nove minutos de duração, faz parte da série Silly Symphonies, que foi produzida por Disney, teve direção de Wilfred Jackson, um dos diretores de Pinóquio, contou com músicas de Leigh Harline, e foi exibido nos cinemas em 1937.

Disney logo criou sua empresa, a Walt Disney Studios, que foi o grande produtor de animação da época e hoje responde como um dos maiores conglomerados de mídia e entretenimento do planeta. A Disney, como ficou conhecida, criou divisões para o público adulto, como a Touchstone Pictures. Em 1955 foi inaugurado o parque temático Disneylândia, tendo o primeiro sido na Califórnia, onde funciona até hoje. Disney morreu em 1966, aos 65 anos.

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Filipe Falcão

Jornalista formado e Doutor em Comunicação. Fã de filmes de terror, pesquisa academicamente o gênero desde 2006. Autor dos livros Fronteiras do Medo e A Aceleração do Medo e co-autor do livro Medo de Palhaço.

One thought on “Pinóquio (1940)

  • 22/10/2023 em 22:23
    Permalink

    Essa sim era uma época de qualidade, hoje em dia a Disney está patética, destruindo franquias e fazendo versões live action ofensivas (em sua maioria) aos seus clássicos. Essa nova versão que está pra vir (espero que nunca) de Branca de Neve é uma das coisas mais enojantes, desprezíveis e politicamente corretas dos quais eu tive o desprezo de acompanhar. O saudoso Walt Disney deve estar se revirando no tumulo sabendo o quanto que os seus sucessores mancharam o seu legado.

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