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Velma - 1ª Temporada
Original:Velma - Season One
Ano:2023•País:EUA, Coreia do Sul
Direção:Anne Walker Farrell, Meg Waldow, Cal Ramsey, Gina Gress
Roteiro:Akshara Sekar, Elijah Aron, Stephanie Amante-Ritter, Matt Warburton, Stephanie M. Johnson, Jenna Michelle Simmons
Produção:Lisa Hallbauer, Kandace Reuter
Elenco:Mindy Kaling, Glenn Howerton, Sam Richardson, Constance Wu, Jane Lynch, Melissa Fumero, Russell Peters, Wanda Sykes, Fortune Feimster, Yvonne Orji, Sarayu Blue, Nicole Byer

Scooby Doo, cadê você? Pelo menos, essa é o principal mistério do spin off, feito para o público adulto, Velma, lançado na plataforma HBO Max em 12 de janeiro. É claro que não é esse o enredo da temporada, e, sim, presente nos questionamentos do público que assistiu aos dez episódios observando as referências à famosa série animada, criada em 1969. A “gangue do Scooby” conquistou o mundo com seus personagens peculiares, vilões mascarados e humor infantil, cruzando mansões sombrias, parques de diversões abandonados, minas e escolas, a bordo da van Mystery Machine. À medida em que o público envelhecia, algumas especulações surgiam em conversas com os amigos, como sugestão de relacionamento entre personagens, principalmente Fred e Daphne, e o uso de drogas, muitas vezes simbolizadas nas aventuras. Havia quem acreditasse que o próprio cachorro falante fosse na verdade fruto dessas viagens alucinógenas, assim como os monstros, fantasmas e assombrações que apareciam em cena.

Assim, antes mesmo de seu lançamento, havia a dúvida de como iriam retratar essa versão adulta. Um tom mais próximo das especulações, piadas de duplo sentido, exposição de drogas? E haveria algum mistério a ser solucionado, algo que envolvesse “garotos enxeridos” e a tradicional revelação da identidade do vilão? Como a própria sinopse já trazia indícios de que a série seria um prelúdio, um produto de origem, pelo menos poderíamos ter a oportunidade de conhecer mais a fundo o passado dos personagens e como resolveram se unir para formar a Mystery Inc., para investigar crimes e caçar monstros. De qualquer forma, é bom que se entenda o conceito do multiverso, uma vez que o passado dos personagens já havia sido contado anteriormente em Scoob! (2020), e Velma pode se vista como uma versão alternativa, uma fanfic, até pela descaracterização de praticamente todo o elenco.

Velma Dinkley (voz de Mindy Kaling) é uma adolescente como qualquer outra, distante do seu aspecto nerd e perspicaz dos desenhos. Egocêntrica, julgadora, interesseira e extremamente falante – aliás, todos aqui falam demais -, ela mora com o pai Aman (voz de Russell Peters) e a namorada dele, Sophie (voz de Melissa Fumero), que está grávida. Um dos principais mistérios da temporada e da própria protagonista é tentar encontrar sua mãe Diya (voz de Sarayu Blue), escritora de mistérios, e que está desaparecida. A outra investigação, e que é deixada de lado no meio da temporada, é a busca por um serial killer que anda matando “garotas gostosas” e extraindo seus cérebros.

A investigação caminha para vários suspeitos, como a própria Velma, depois que um dos corpos é encontrado em seu armário na escola Crystal Cove High. Para escapar de ser considerada culpada, a garota precisa ajudar a polícia a encontrar o verdadeiro assassino, com a responsabilidade passando para o riquíssimo filhinho-de-papai Fred Jones (voz de Glenn Howerton), herdeiro da empresa de moda Jones Gentlemen Accessories. Com a cidade sendo ameaçada pelo “assassino das gostosas“, uma delas é Daphne (voz de Constance Wu), que passou a ser inimiga de Velma devido a sentimentos não assumidos de ambas as partes. Velma conta com a ajuda do apaixonado Norville Rogers (voz de Sam Richardson), repórter da escola, e que futuramente passaria a ser conhecido pelo apelido de “Salsicha“.

Quando se fala em descaracterização dos personagens, é bom deixar claro que não se trata do visual. O Salsicha ser afro-americano; a Daphne ter origem asiática, a Velma ser confundida com latina… mas em relação ao que conhecemos desse grupo: existe a piada sobre Norville não consumir drogas – diferente do que se imaginava nos desenhos -, mas também a exagerada busca pela popularidade de Fred e Daphne, e o fato de Velma não ser tranquila e inteligente como conhecemos. Claro, são adolescentes de 16 anos, à exceção de Norville, e ainda estão com os hormônios aflorados, em busca de identificação, contudo Norville está distante de ser aquele personagem que morre de medo de tudo, atrapalhado, e risonho.

Aliás, para “encher salsicha“, a série aposta em um quarteto amoroso e situações de conflito, disputas escolares, festas, mudanças de visual e mais alguns mistérios. O passado de Daphne faz a jovem deixar de ser a personagem intragável dos primeiros episódios para um exercício de investigação; e Velma é constantemente acometida por alucinações com monstros cada vez que tenta saber algo sobre o desaparecimento da mãe. Também há as relações conturbadas entre pais e filhos como caricaturas de dramas comuns nas família envolvendo traição, abandono e manipulação nas escolhas.

Trabalhando preconceitos, tabus e explorando um humor ácido, Velma incomoda pelo ritmo acelerado de seus diálogos e a necessidade de expor piada a cada dois segundos. É uma metralhadora de referências à cultura pop, sem que o espectador tenha tempo de respirar. Mas são poucas as gags que funcionam, dentre tantos absurdos e caricaturas. Por outro lado, as autoparódias são um dos poucos momentos divertidos da série: em dado momento, em que os personagens estão fugindo do assassino em um parque, eles entram em um ambiente de portas, correndo de um lado para outro e questionando o fato de não dar tempo de ir e voltar; assim como a falta de tempo é lembrada nessa mesma fuga ao encontrar um local de fotos e fantasias. Alguém diz algo como: “Você está fugindo de alguém. Não dá tempo de se fantasiar.

Com uma solução bem próxima do padrão Scooby Doo, Velma tinha potencial para ser divertido. Se não houvesse tanta preocupação em se firmar como “série adulta“, mostrando uma Velma vendendo drogas, sugestão de Suggar Daddy e insinuações sexuais, ainda que se voltasse aos conflitos da adolescência e os primeiros mistérios investigados pelo grupo, poderia ser uma das grandes surpresas animadas com os personagens clássicos. Criada por Charlie Grandy, a série foi extremamente massacrada pelos fãs de Scooby Doo e pela crítica, tanto que a nota no IMDb não chega a 2. Não é um exagero. São raras as sequências em que você pode soltar um breve sorriso, diante das facetas tão equivocadas e diferentes de Velma, Fred, Daphne e Salsicha, além de mistérios esquecidos e investigação. O maior de todos os mistérios a ser desvendado é: como essa série conseguiu sair do papel?

Mesmo com todas as críticas negativas, Velma ganhou uma sobrevida. A segunda temporada já está em desenvolvimento para um lançamento em 2024 na HBO Max. Resta saber se os roteiristas acompanharam a opinião dos fãs, leram as críticas negativas, e quais caminhos irão apresentar nos próximos capítulos. E que, por favor, coloquem o Scooby Doo em cena!

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2 Comentários

  1. Como que uma merda dessas ganha uma segunda temporada?

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