The Blackwell Ghost 6 (2022)

3.9
(8)

The Blackwell Ghost 6
Original:The Blackwell Ghost 6
Ano:2022•País:EUA
Direção:Turner Clay
Roteiro:Turner Clay
Produção:Turner Clay
Elenco:Turner Clay

Quem poderia imaginar que o filme mais carregado em emoção da franquia poderia ser o menos interessante? Durante cinco filmes, acompanhamos a trajetória do cineasta (e investigador sobrenatural) Turner Clay, que buscou fazer um estilo documental “cinema-verdade” para expor o despertar de suas crenças no sobrenatural. Nos dois primeiros filmes, contou a narrativa que deu nome à série, com notas sobre uma serial killer que escondia corpos de crianças em um poço em sua residência. A partir do terceiro, Clay começou a frequentar a residência de James Lightfoot para entender algumas manifestações relatadas no local, descobrindo corpos desaparecidos e mais detalhes dos assassinatos. Mesmo não tendo resolvido todo o mistério, nos quarto e quinto filmes, o sexto partiu para uma pausa emotiva. A única novidade sobre o mistério Lightfoot é o fato de Clay ter comprado a moradia, trazendo consequências no sétimo longa.

Enquanto procurava respostas aos enigmas do “famoso crime” (não há uma informação sobre ele na internet), as produções mostravam um pouco da vida pessoal de Clay. Essa humanização se intensificou com a evidência de seus problemas de saúde, além das brigas com a esposa Terri pelas ausências em momentos importantes. O obsessivo Clay, na sua jornada de confrontos com assombrações, muitas das vezes deixava sua vida particular ser afetada pela busca de respostas. Seus fantasmas se escondiam em luzes, batidas na parede, telefonemas na madrugada e reflexos, nada além disso até porque há a necessidade do convencimento. Deixar entender realmente que poltergeists e espíritos perdidos podem abrigar moradias amaldiçoadas.

The Blackwell Ghost 6 resolveu mudar as peças do jogo. A narrativa inicial informa que Turner Clay e Terri tiveram dois filhos, ao mesmo tempo em que sua esposa foi acometida de um câncer agressivo, falecendo cinco meses após o nascimento do segundo filho. Embora a franquia tenha se envolvido com a “verdade” ao trazer informações sobre a vida pessoal do diretor, não há confirmações sobre essa perda. Clay perdeu mesmo a esposa? Ou estaríamos diante de um “mockumentary” de mau gosto, explorando doença, crianças e improváveis manifestações sobrenaturais? Clay parte para o casarão Lightfoot no aguardo de uma contato de Terri, para lhe dizer que está tudo bem e que estaria cuidando dele e dos filhos. Nada.

Até 28 de setembro de 2021, quando uma estranha mulher deixa na porta de sua casa uma encomenda. Uma carta relata manifestações estranhas depois que uma família adquiriu um teclado, e a nota que informa que o instrumento teria sido comprado por Terri. A mulher diz nunca ter visto os filmes de Clay mas achou que deveria devolver ao verdadeiro dono para, enfim, evitar que letras se formem na geladeira e canções soem durante a madrugada. Ele pertencia a sua esposa. Depois que Clay comprou a ela um maior e mais profissional, eles resolveram doá-lo, e, agora, encontrou seu caminho de volta, permitindo, finalmente, o canal de comunicação entre ele e a esposa falecida.

E o enredo é basicamente esse: coisas estranhas começam a acontecer em sua casa, como se a esposa tivesse algo importante a dizer. Algumas dessas envolvem seus filhos, choros durante a noite, portas que se abrem, sons estranhos, quase como um longa da série Atividade Paranormal. Alguns furos no roteiro surgem até mesmo pelos excessos. Como há câmeras em todos os cômodos, quando algo acontece no quarto de seu filho, ele se preocupa em levar uma câmera até lá ao invés de simplesmente assistir o que foi registrado. É engraçado ver a câmera filmando ele entrando no quarto com uma na mão para ver o que aconteceu com o filho, sem lembrar que as filmagens deveriam ter mostrado algo. Esse mesmo deslize é cometido no sétimo filme, resultando até mesmo numa surpresa na conclusão.

É possível se assustar com a manifestação de um ente querido? Se era o que você queria – o tal contato -, por que ele se esquiva dessas tentativas de comunicação? Por que o fantasma precisa propor um enigma ao invés de um contato direto? São perguntas como essa que você irá se fazer quando o filme chegar ao final, e o mistério se revelar como a resposta a uma pergunta do protagonista. Como não traz grandes avanços para a trama principal, deixa transparecer uma vontade de produzir um drama sobrenatural, a busca por respostas quando alguém acaba de perder alguém. O problema é saber se houve realmente essa perda, uma vez que os crimes relatados na franquia são tão populares para Clay quanto desconhecidos para o resto do mundo.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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