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O Fascínio
Original:Il Legame
Ano:2020•País:Itália
Direção:Domenico Emanuele De Feudis
Roteiro:Daniele Cosci, Davide Orsini, Domenico Emanuele de Feudis
Produção:Carlotta Calori, Francesca Cima, Nicola Giuliano, Viola Prestieri, Gennaro Formisano
Elenco:Riccardo Scamarcio, Mía Maestro, Giulia Patrignani, Mariella Lo Sardo, Federica Rosellini, Raffaella D'Avella

“O fascínio é uma condição psíquica de impedimento e inibição e, ao mesmo tempo, um sentimento de dominação, um ato exercido por uma força tão poderosa quanto oculta, que deixa sem margem a autonomia da pessoa, sua capacidade de decisão e escolha.”

(Ernesto de Martino – Sud e Magia)

Francesco (Riccardo Scamarcio) resolve levar sua companheira Emma (Mía Maestro) e sua filha Sofia (Giulia Patrignani) em uma viagem ao sul da Itália. O motivo do passeio seria levar as duas para conhecer a pequena vila onde cresceu e também para apresentá-las à sua mãe Teresa (Mariella Lo Sardo), uma misteriosa curandeira. Aos poucos, Emma começa a achar estranhos os rituais de Teresa e todo o misticismo que envolve aquele lugar. Até que em uma certa noite, Sofia é picada por uma tarântula e começa a adoecer, apresentando sinais semelhantes aos de uma possessão. Conforme o estado da menina vai piorando, Emma – que agora já não confia mais em ninguém – se vê obrigada a lutar contra a maldição que está tentando reivindicar sua filha.

Nas primeiras cenas, vemos uma mulher sendo alvo de um ritual misterioso, e com o desenrolar do filme vamos conhecendo mais sobre o passado daquela família, principalmente envolvendo o nome de Francesco, e descobrimos que as coisas não são exatamente como parecem ser.

O filme é inspirado no ensaio Sud e magia, do antropólogo Ernesto de Martino, publicado em 1959. Logo no início, somos informados que o fascínio – também conhecido como mau-olhado – pode ser lançado por meio de rituais que formam um laço de sangue entre a vítima e o perpetrador, práticas com raízes no sul da Itália.

Foi impossível não comparar esta produção a uma outra bem semelhante que assisti no começo do ano. O Olho do Mal (2022) tem uma trama muito parecida e com os mesmos elementos: uma família viajando para uma pequena cidade do interior para conhecer a casa da avó bruxa. Mas as semelhanças param por aí, pois o longa do diretor italiano Domenico De Feudis segue por outro caminho, com um desfecho bem diferente do seu primo mexicano.

O destaque da película fica para o novo olhar que traz para o universo da bruxaria. Em meio a milhares de outros filmes sobre maldição/possessão, geralmente contados a partir de uma perspectiva norte-americana, é divertido assistir algo novo sob a ótica de uma cultura e tradição diferentes. A obra também aborda, ainda que discretamente, temas sociais importantes, como laços familiares, patriarcado e aborto.

Infelizmente, não há muitos outros pontos fortes a serem elogiados. Além de não ser uma história completamente original, a maquiagem de efeitos especiais e as atuações são regulares, além disso, não há muitos sustos. Confesso que os enquadramentos escolhidos me incomodaram um pouco, e as cenas que deveriam ser o clímax do filme acabaram perdendo um pouco a emoção.

O Fascínio é um filme de suspense e terror folclórico bem mediano, que tenta trazer elementos culturais próprios para inovar um tema já bem saturado no universo do horror. O longa atualmente está disponível no serviço de streaming Netflix.

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