O Dia do Terror
Original:Valentine
Ano:2001•País:Canadá, EUA Direção:Jamie Blanks Roteiro:Tom Savage, Donna Powers, Wayne Powers, Gretchen J. Berg, Aaron Harberts Produção:Dylan Sellers Elenco:Denise Richards, David Boreanaz, Marley Shelton, Jessica Capshaw, Jessica Cauffiel, Katherine Heigl, Hedy Burress, Fulvio Cecere, Daniel Cosgrove, Johnny Whitworth, Woody Jeffreys |
Quando o assunto é referenciar o Dia dos Namorados no cinema de horror, a primeira produção a ser lembrada é a do assassino da picareta do slasher Dia dos Namorados Macabro (My Bloody Valentine, 1981), com recordações sobre a caixa de bombons em formato de coração que trazia um verdadeiro dentro e todo o mistério sobre a identidade do psicopata, com duas possibilidades sendo apresentadas até o final. Antes da refilmagem, em formato 3D, de 2009, um outro filme tem indicação dos fãs do gênero, ainda que se apresente como um primo distante. Trata-se de um slasher que fez parte da geração “terror teen“, quando astros de séries populares entre os jovens eram escalados como adolescentes e tinham que enfrentar um assassino mascarado. Trata-se de O Dia do Terror (Valentine, 2001), dirigido por Jamie Blanks.
Inspirado em um romance de Tom Savage, ambientado em um campus universitário, o filme “quase” teve a direção de Richard Kelly, na época se dedicando a um tal Donnie Darko. Blanks assumiu a responsabilidade por ter feito algo similar em Lenda Urbana (Urban Legends, 1998), e entendia do estilo. Apenas pediu para alterar o ambiente universitário como de seu outro filme, para explorar jovens pós-faculdade, tendo uma ameaça vingativa perseguindo-os em vários lugares. O longa se pagou na bilheteria, concorreu a prêmios no Teen Choice Awards e dividiu opiniões: enbora tenha alcançado um status de cult com o passar dos anos, o próprio diretor chegou a se desculpar publicamente em 2007, em uma entrevista, dizendo “Peço desculpas por Valentine. Muita gente me critica por isso, mas fizemos o nosso melhor.”
Desculpas aceitas, até porque, convenhamos, O Dia do Terror é bastante convencional, copiando ideias de outros slashers da época, como Pânico e Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado, referenciando Carrie, A Estranha, e com doses muito leves de tensão e suspense. Salva-se pelo elenco, composto de atores hoje mais conhecidos, e algumas cenas de assassinato, com uma tentativa esforçada de inovação (arco e flecha e ferro de passar como armas), e o final que, se não surpreende, pelo menos deixa o espectador com uma sensação de satisfação, principalmente dentre aqueles que já sofreram bullying na infância e adolescência.
Começa em 1988, durante um baile de Dia dos Namorados, com o jovem Jeremy Melton (Joel Palmer) tentando convidar moças para dançar e levando um toco atrás de outro. Shelley (Sarah Mjanes), Lily (Chelsea Florko) e Paige (Chelcie Burgart) o tratam bem mal, enquanto Kate (Brittany Mayers) até deixa uma esperancinha e Dorothy (Kate Logie) não apenas aceita a companhia, como acabam se beijando embaixo da arquibancada. Para completar o pacote humilhação, alguns garotos flagram os dois se beijando, e a menina diz que ele a atacou, forçando os beijos. Como resultado, ele é banhado de ponche (Carrie, alguém?), apanha, fica sem roupa e é alvo de risadas de todos os presentes, avistando em meio à confusão, com o nariz sangrando, uma máscara de cupido. De acordo com informações posteriomente passadas, Jeremy acabou sendo conduzido a um manicômio. Perfil de futuro assassino construído.
No presente, a primeira vítima é Shelley (Katherine Heigl, de A Noiva de Chucky, de Grey’s Anatomy e reconhecida pela série Roswell na época), estudante de medicina em um trabalho solitário no necrotério da universidade. Ela recebe um cartão de Dia dos Namorados ameaçador (Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado feelings) e é perseguida por alguém usando a tal máscara de cupido. A cena de perseguição é longa, culminando em uma ideia rasa do roteiro: entre vários corpos ensacados, o assassino esfaqueia um a um, e é exatamente no último que ela se esconde, sem surpresa. No funeral, Kate (Marley Shelton, de Pânico 4 e 5), Lily (Jessica Cauffiel), Paige (Denise Richards, de Tropas Estelares) e Dorothy (Jessica Capshaw, também de Grey’s Anatomy) conversam sobre a perda, a carta ameaçadora recebida e são interrogadas pelo detetive Leon Vaughn (Fulvio Cecere).
Outros personagens se juntam às garotas para confundir o espectador: o vigarista Campbell (Daniel Cosgrove), que se muda para a casa de Dorothy; o namorado de Lily, o artista Max (Johnny Whitworth); o vizinho de Kate e ladrão de calcinha Gary (Claude Duhamel) e o namorado dela, o alcóolatra Adam Carr (David Boreanaz, que fazia sucesso com a série Angel). O roteiro de Donna e Wayne Powers, Gretchen J. Berg e Aaron Harberts traz algumas cenas de desenvolvimento das personagens, dando um caráter ingênuo à rica Dorothy e à atirada Paige, evidencia um certo protagonismo a Kate, mas muitas dessas sequências não vão a lugar algum. Por exemplo, na festa de Dorothy, Paige conduz um rapaz que conheceu em um local de encontros ao quarto, somente para amarrá-lo e derramar cera de vela sobre seu corpo, uma cena longa que poderia ter ficado na sala de edição.
O assassino, mesmo com sua vestimenta chamativa, consegue assassinar uma moça na exposição e invade apartamentos, movimentando-se tranquilamente numa festa com diversos convidados. Das mortes, a mais interessante acontece numa banheira, com uma furadeira, mas há vítimas esfaqueadas, com a cabeça esmagada, flechadas, com a garganta cortada e até um que tem um encontro com um machado, sempre resultando no sangramento do nariz pela máscara de cupido. Não é tão difícil imaginar quem poderia estar por trás de tudo, não pelas pistas, mas pela falta de personagem no último ato.
Na época em que o site foi fundado, vê-lo no cinema até divertiu por toda a onda de slashers do período. No entanto, revendo agora, nota-se que o longa envelheceu mal, servindo apenas como uma diversão nostálgica e rasteira para os menos exigentes, e que queiram rever o bom elenco e curtir os assassinatos de um vingador mascarado. Não acredito que deva ser lembrado como um bom slasher representativo de uma data festiva. Esse cargo ainda pertence a Harry Warden, o insano minerador do filme de George Mihalka.
Cinco pessoas pra escrever um roteiro de um filme de terror teen já é mal sinal.
Não falo que o filme é uma grande porcaria porque é até divertidinho e me lembra a época que passava no SBT e no dia seguinte era tema de debates na escola, mas revi ele uns anos atrás e foi difícil terminar.
Só me lembra o Sbt