A Possessão de Deborah Logan
Original:The Taking of Deborah Logan
Ano:2014•País:EUA Direção:Adam Robitel Roteiro:Adam Robitel, Gavin Heffernan Produção:Jeff Rice, Bryan Singer Elenco:Jill Larson, Anne Ramsay, Michelle Ang, Brett Gentile, Jeremy DeCarlos, Ryan Cutrona, Tonya Bludsworth, Anne Bedian |
Quando o horror dialoga com patologias, provocando confusões entre sintomas e arrepios, o resultado é sempre favorável. Foi por essa razão que vi méritos no remake de A Morte do Demônio, dirigido por Fede Alvarez, por simplesmente relacionar abstinência com possessão; por outro lado, essa conexão não foi muito bem explorada em O Exorcismo: ainda que Russell Crowe seja um excelente ator, o roteiro de M.A. Fortin e do diretor Joshua John Miller deixou a desejar ao misturar vício em bebidas com o estado alterado de Anthony Miller. Contudo, em 2014, um “found footage” despretensioso soube despertar calafrios e comoção nos espectadores mais calejados.
Dirigido por Adam Robitel, que depois faria Sobrenatural: A Última Chave (2018), Escape Room (2019) e Escape Room 2: Tensão Máxima (2021), o longa parte de uma premissa comum à fórmula: um grupo de estudantes de medicina – Mia Medina (Michelle Ang), Gavin (Brett Gentile) e Luis (Jeremy DeCarlos) – está desenvolvendo um documentário sobre Alzheimer, e, para tal, entram em contato com Sarah (Anne Ramsay), em Exuma, Virgínia, para pedir autorização para acompanhar a rotina da idosa Deborah Logan (Jill Larson), acometida pelos primeiros sintomas da doença.
Assim, com a autorização envolvendo um bom dinheiro para a família Logan, em outubro de 2013, eles começam a fazer entrevistas com a senhora, com a filha e também com o vizinho Harris Sredl (Ryan Cutrona). O que parecia agradável e permitia explorar curiosidades sobre a manifestação da doença, logo passa a apresentar estranheza, quando Deborah é vista com uma cobra no jardim, remexendo com a terra, até partir para agressões. Sua neurologista, Dra. Analisa Nazir (Anne Bedian), percebe um avanço acelerado do Alzheimer, e alerta a família sobre possíveis reações da idosa.
Outras situações estranhas acontecem, como o modo como Deborah olha para o espelho, desaparece da casa sem roupas e é vista esfaqueando o jardim. Ao verificarem as gravações, eles notam um salto no vídeo, como se ela tivesse rapidamente levitado na cozinha. Escamas começam a aparecer em seu corpo, uma outra cobra é vista na moradia e uma janela, com um crucifixo, abre-se sozinha, sem qualquer explicação lógica. Pinturas feitas por Deborah mostram a aproximação de uma figura sombria à casa; uma gravação dela falando francês sem nunca ter aprendido também traz estranhamento, assim como sua presença no sótão, nua, relembrando a época em que trabalhava como operadora de telefonia.
A manifestação dos sintomas de Alzheimer vão se confundindo com os de possessão. Logo notam a relação dos acontecimentos com um pediatra local, Henry Desjardins (Kevin A. Campbell), que teria assassinado quatro crianças na realização de um ritual de sangue e serpentes, mas teria faltado uma quinta vítima antes dele desaparecer. As pistas deixam evidências de que talvez Deborah possa estar sendo influenciada pelo espírito ou apenas resgatando memórias de uma convivência anterior. Tudo irá conduzir a um dos finais mais aterrorizantes do cinema “found footage“, uma cena daquelas que mostram como uma produção pode ter baixo custo e ao mesmo tempo ser criativa e assustadora. Recorda outros momentos macabros, como o do final de [REC] com a Menina Medeiros e a última cena de A Bruxa de Blair nos andares da casa velha.
A Possessão de Deborah Logan é um daqueles filmes inspirados do estilo. Diferente de muitos outros longas com material de gravação encontrado, este tem mais situações incômodas, não apostando apenas no ato final para arrepiar o espectador. É provável que até mesmo os infernautas que ainda não viram o filme conheçam a cena da caverna por toda a sua representação para o subgênero. Além de assustador, traz um conteúdo profundo sobre a doença e o quanto ela abala os familiares que precisam lidar com cuidados paliativos.
Para quem ainda não viu, parece que ele está disponível para aluguel no Prime. Se tiver a oportunidade, não deixe de conhecer Deborah Logan, com a garantia de momentos perturbadores ao lado de um dos monstros mais conhecidos dos “found footages“.
“Diferente de muitos outros longas com material de gravação encontrado, este tem mais situações incômodas, não apostando apenas no ato final para arrepiar o espectador”
Discordo totalmente. Situações incômodas seriam um monte de gente gritando e falando ao mesmo tempo, o filme todo, pra forçar tensão ? Daí intercalam-se as velhas cenas de busca pela casa, ou floresta, caverna… Que sempre culminam num jump scare sonoro? Beeem mais do mesmo, numa época em que found footage já nem era novidade hein? O finalzinho até que foi interessante e só. Nada minimamente assustador além de jump scares. Nota 4/10
Esse é nota mil