Revelação
Original:What Lies Beneath
Ano:2000•País:EUA Direção:Robert Zemeckis Roteiro:Clark Gregg, Sarah Kernochan Produção:Robert Zemeckis, Steve Starkey, Jack Rapke Elenco:Michelle Pfeiffer, Katharine Towne, Miranda Otto, James Remar, Harrison Ford, Victoria Bidewell, Diana Scarwid, Dennison Samaroo, Jennifer Tung |
Robert Zemeckis já havia mostrado boas escolhas em sua filmografia antes da virada do milênio, dirigindo a trilogia De Volta para o Futuro, Forrest Gump e Contato, quando, em 2000, fez mais dois sucessos, Náufrago e Revelação. Sabendo trabalhar com elencos de astros e roteiros fantasiosos, o longa com Harrison Ford e Michelle Pfeiffer é o seu único flerte com o horror sobrenatural, uma história de mistério e assombração que merecia ser revisitada, depois de 24 anos. Em um século que apresentou a câmera atenta de Atividade Paranormal, os fantasmas de Invocação do Mal, as casa malditas de Mike Flanagan e as maldições japonesas, será que Revelação ainda se mostra eficaz?
Feito com um orçamento assustador para a proposta – mais de US$100 milhões de dólares foram investidos no filme -, Revelação conquistou quase o triplo nas bilheterias, além de boas críticas. O argumento partiu da documentarista Sarah Kernochan, que escreveu o esboço de uma experiência paranormal pessoal para uma situação envolvendo um casal de idosos e uma assombração. A Dreamworks passou a ideia para Clark Gregg, que fez as adaptações necessárias, e contratou Zemeckis, que aguardava mudanças físicas em Tom Hanks para a parte final das filmagens de Náufrago.
Zemeckis fez tudo o que fosse possível para contar com Ford e Pfeiffer, abrindo espaços em suas agendas para as gravações. Fez bem porque ambos são a essência de Revelação, e quaisquer outros nomes diminuiriam a força narrativa e o impacto visual. Pfeiffer interpreta a ex-violoncelista Claire Spencer, que abriu mão de sua carreira musical para seguir seu marido Norman (Ford), um cientista e ex-professor. Depois que a filha do casal, Caitlin (Katharine Towne), deixa a casa para morar na faculdade, a relação dos dois começa a apresentar desequilíbrio.
Claire começa a ser incomodada por uma aparição, que intensifica as manifestações depois que ela acredita que o vizinho, Warren Feur (James Remar), possa ter assassinado a esposa Mary (Miranda Otto, de Fale Comigo). Sua curiosidade pela movimentação da casa ao lado, observando atentamente com um binóculo ou tentando investigar qualquer sinal suspeito, mostra um Zemeckis ao estilo Hitchcock em Janela Indiscreta, com algumas pitadas de A Hora do Espanto. Desacreditada pelo marido, Claire resolve fazer uma sessão espírita com a amiga mística Jody (Diana Scarwid), com mais sinais dando indícios de uma comunicação com o fantasma de uma mulher parecida com ela.
Mensagens no espelho, aparições na banheira e no lago envolto em neblina, além do computador que evidencia as iniciais MEF fazem Claire se convencer de que existe algo à espreita no local, um mistério que parece ter relação com um acidente do passado. A procura por respostas desperta arrepios no espectador à medida em que a “revelação” se mostra perigosa à protagonista, culminando em um último ato de intenso suspense envolvendo um medicamento que impede a movimentação, sem afetar a consciência.
Apesar de simples em sua concepção ao estilo vingança sobrenatural, Revelação ainda dialoga com o suspense, o mistério, e traz elementos de possessão e loucura. Respondendo à pergunta do primeiro parágrafo, o filme ainda continua interessante, contando com as boas atuações – nem podia ser diferente – e com um roteiro dinâmico, com boas alternativas. É um filme de fantasmas pouco inovador, mas bem realizado pela competência técnica e a produção eficiente. É pouco lembrado na filmografia dos envolvidos, mas vale uma nova conferida ou até conhecê-lo para os mais novos. Ele está à disposição no Disney+.