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Contato (1997) (6)

Contato
Original:Contact
Ano:1997•País:EUA
Direção:Robert Zemeckis
Roteiro:James V. Hart, Michael Goldenberg
Produção:Steve Starkey, Robert Zemeckis
Elenco:Jodie Foster, Matthew McConaughey, Tom Skerritt, Jena Malone, David Morse, Geoffrey Blake, William Fichtner, Sami Chester, Henry Strozier, Max Martini, Larry King

“Vocês são uma espécie interessante, uma mistura interessante. Vocês são capazes de terem sonhos tão lindos e também horríveis pesadelos. Vocês se sentem tão perdidos, tão solitários, mas não estão.”

Assistir ao filme Contato (Contact, 1997) é uma gratificante experiência. A produção de ficção científica surge como uma grande diferencial do gênero ao narrar uma história séria, bem conduzida e inteligente, trilhando um caminho completamente oposto ao da maioria das produções do gênero que apostam mais em efeitos especiais, monstros intergalácticos e roteiros mirabolantes. Baseado no romance homônimo lançado em 1985 e vencedor do prêmio Pulitzer do físico e astrônomo norte-americano Carl Sagan, Contato deve ser visto como uma história humana que aborda questões como solidão, fé, dúvidas, respostas e buscas que todas as pessoas enfrentam durante a vida.

O filme conta a história de Ellie Arroway (Jodie Foster), que desde criança se questiona sobre a existência de vida fora do planeta Terra. Como cientista, ela é uma mulher cética, sem ter apego em nenhuma religião, e que para ela, matemática e cálculos são a resposta para tudo. Ellie trabalha em um centro de pesquisa que tem como finalidade captar e receber sinais sonoros que possam ser enviados por outros planetas através de ondas sonoras ou de imagens.

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Tudo segue dentro da normalidade, até que um dia, como tantos outros, Ellie começa a escutar o que parece ser um sinal de ondas vindo de outro planeta. Tomada de euforia, a pesquisadora logo se concentra em analisar e procurar decifrar a possível mensagem transmitida e de origem desconhecida. Com o desenrolar da trama, Ellie descobre uma codificação de instruções para a construção de uma estranha máquina, que se acredita, sirva para a realização de uma viagem para o lugar de origem da mensagem, esse ainda desconhecido.

Vai ser neste momento que o filme vai apresentar um dos pontos mais interessante, se não o maior, da sua trama. Como pesquisadora responsável, Ellie deveria ser a primeira opção para a tal viagem, porém, como enviar para esta missão histórica uma pessoa que vai representar toda a humanidade, mas que não possui a sua maior crença, a fé em uma força superior? E sem ser piegas ou cair em clichês em momento algum, o filme vai trabalhar esta vertente de forma verossímil ao mesmo tempo em que projeta carga dramática para a história.

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O excelente roteiro, escrito por Michael Goldenberg (Peter Pan, versão 2003) e pelo autor do livro, Carl Sagan, tem nos diálogos grande parte de sua ação, emoção e críticas, levando o espectador a uma viagem muito mais interessante e até mais difícil do que uma jornada pelo espaço sideral, que é o auto-conhecimento do ser humano, neste caso, através da personagem Ellie. A mulher que busca explicações para tudo em ciências exatas e julga vazia a questão da fé, por algo ou alguém, terá que se confrontar com suas próprias dúvidas e verdades durante o desenrolar da história para alcançar seus objetivos e se valer acreditada.

É interessante observar que muitos dos valores apresentados por Ellie são compartilhados pelo seu criador, o astronauta, educador e autor Carl Sagan, falecido em 1996, enquanto o filme era produzido e ao qual teve seu nome dedicado. Famoso por seus artigos publicados em revistas especializadas sobre ciência e formado em física, alcançando nesta área o título de mestre, e posteriormente o doutorado em astronomia e astrofísica durante a década de 50, Sagan começou a trabalhar na NASA nos anos 60, onde desenvolveu vários estudos e projetos ligados à exploração do universo. Quando perguntado sobre religião, sempre respondia: “Eu não quero acreditar, eu quero saber“. Com relação a estarmos sós no universo, sua conclusão é bem semelhante à mensagem mostrada no filme: “Nós descobrimos que moramos em um planeta insignificante, perdido em uma esquina esquecida de um universo que possui mais galáxias do que pessoas vivas na Terra“.

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A direção de Contato ficou por conta do experiente Robert Zemeckis, da trilogia De volta para o Futuro (Back to the Future, 1985), que conhecia bem o material que tinha nas mãos quando começou a produção do filme e optou por seguir uma narrativa semelhante ao livro, mais séria e crítica. O resultado é conferido como um dos melhores trabalhos de ficção da década de 90. Uma curiosidade é que Zemeckis foi o segundo nome escolhido para dirigir Contato e só pôde assumir a cargo devido à desistência do também experiente George Miller, da série Mad Max (1979).

Porém, mesmo com um bom roteiro e uma direção segura, um filme como Contato ainda poderia ser um fracasso caso o elenco tivesse sido fruto de uma escolha errada. Felizmente, os atores envolvidos nesta produção não são apenas bons, mas excelentes e têm em Contato grandes momentos de suas carreiras. Começando por Jodie Foster (O Silencio dos Inocentes, 1991). Acostumada com personagens fortes, a atriz da um banho de interpretação como a pesquisadora cética, tendo sido inclusive indicada ao Globo de Ouro de Melhor Atriz de Drama por tal papel.

Algumas passagens do filme crescem simplesmente pela atuação de Foster, em especial a realização da viagem e a reação de Foster durante a mesma. A rápida cena em que Ellie visualiza um outro sistema é um dos melhores momentos, não apenas deste filme, mas de toda a carreira da atriz. Impossível não se emocionar com a frase de Ellie proferida entre contemplação e lágrimas: “Trata-se de algum evento celestial. Não, não tenho palavras para descrever. Poesia. Eles deviam ter enviado um poeta. É tão bonito, tão bonito. Não tinha ideia…” Dividem a cena com Foster os também bons atores, Matthew McConaughey (U-571 – A Batalha do Atlântico, 2000), Tom Skerrit (Poltergeist 3, 1989), James Woods (Fantasmas do passado, 1996), Angela Bassett (Tina, 1993), John Hurt (Alien, 1979) e David Morse (Dançando no Escuro, 2001).

Ao final do filme fica a lição de que fazer ficção científica não significa criar outros universos e seres ou escrever histórias repletas de ação e efeitos especiais. No caso de Contato, a resposta de uma simples pergunta, se estamos sozinhos no universo, foi capaz de levar a personagem em uma jornada pessoal que não apenas respondeu a esta interrogação principal, mas que também a fez realizar descobertas referentes ao próprio espírito humano, como a questão da estarmos sozinhos dentro de nosso próprio universo pessoal e de como a fé é uma realidade semelhante ao cosmos, que existe, mas não se sabe ao certo como se explicar.

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8 Comentários

  1. Ótimo filme . “Criminosamente” subestimado

    1. Contato é o meu filme number one de todos os de FC que já assisti.
      Já assisti diversas vezes. Diálogos super inteligente e como sou Ateu me identifico muito com a protagonista.

  2. Este é um dos meus filmes favoritos mas sempre quis entender a questão da viagem que Ellie realiza para fora do nosso sistema; para ela levou horas mas para o pessoal da base foi questão de segundos. Alguém sabe que teoria está por trás disso?

    1. Oi Maggie. Realmente este é um dos filmes que consegue prender nossa atenção e nos faz refletir sobre o quão pequenos nos somos perante a imensidão do universo. Mas gostaria de responder o seu questionamento.

      A Ellen passou por um Buraco de Minhoca (Teoria na qual pode se alcançar lugares longínquos do espaço em questão de segundos). A questão é que assim como o Buraco negro, este hipotético Buraco de Minhoca teria tanta massa que até mesmo o tempo passaria lentamente. Entretanto, sendo este o caso. O oposto seria o correto. Pois para que fosse possível tal afirmação. As pessoas que estavam do lado de fora da maquina, que deveriam contabilizar as 18hs e a Ellen apenas ter sentido passar alguns segundo!

      Então o filme passou a ideia do Buraco de Minhoca de maneira invertida!

      Espero ter ajudado 😀

  3. O filme de Zemeckis, conjuntamente a Sagan, nos envolve por completo, enternece, fazendo-nos repensar nossas vidas regadas a fio de cotidianeidade aborrecida, dando ainda uma lufada de reviravolta na difícil equação de se ter fé ou ser racionalmente cientifíco. Imagens estupidamente bem equacionadas junto a efeitos magistrais e planos de câmera ótimos num crescente emocional conferem a esta pequena obra-prima – junto à surpreendente atuação, sobretudo ao final, da atriz Foster – veracidade e impacto. Merece ser revisitada ainda neste século de Interestelar e Gravidade, inferiores certamente a esta película!

  4. Realmente só assistindo para ter noção da grandiosidade desse filme!

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