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O Segredo do Abismo
Original:The Abyss
Ano:1989•País:EUA
Direção:James Cameron
Roteiro:James Cameron
Produção:Gale Anne Hurd, Van Ling
Elenco:Ed Harris, Mary Elizabeth Mastrantonio, Michael Biehn, Leo Burmester, Todd Graff, John Bedford Lloyd, J.C. Quinn, Kimberly Scott, Captain Kidd Brewer Jr., George Robert Klek, Christopher Murphy, Adam Nelson, Dick Warlock, Jimmie Ray Weeks, J. Kenneth Campbell

Na trilogia submersa de 1989 – Abismo do Terror, Leviathan – O Segredo dos Oceanos e O Segredo do Abismo – este último foi o mais ambicioso. Com um orçamento estimado em U$70 milhões de dólares, a produção tinha como nome-referência o de James Cameron, de O Exterminador do Futuro (1984) e Aliens, o Resgate (1986), já visto como especialista em blockbusters de ficção científica, sabendo lidar com bom elenco e efeitos especiais grandiosos. Sem falar, é claro, dos enredos fantásticos. No caso de The Abyss, o conceito surgiu quando Cameron tinha 17 anos, no Ensino Médio, e assistiu a uma palestra sobre mergulho em que Francis J. Falejczyk falava sobre respirar líquido através dos pulmões por ter sido o pioneiro na experiência de Johannes A. Kylstra pela Universidade Duke. Encantado com a ideia, Cameron escreveu um conto sobre cientistas em um laboratório submerso, alterando alguns pontos no desenvolvimento do roteiro em 1987.

Embora o conceito seja interessante, a realização foi mais complicada do que se esperava. As filmagens duraram 140 dias, com cerca de 5 a 6 horas de gravações, o que fez com que alguns membros do elenco se manifestassem sobre o esgotamento físico e psicológico. Devido ao incômodo do capacete cheio de água, Ed Harris disse que tinha passado por uma experiência insuportável, tanto que se recusa a dar entrevistas sobre a produção; já Mary Elizabeth Mastrantonio sofreu um colapso psicológico que a acompanharia durante muitos anos, demonstrando o quanto estava insatisfeita pelo processo. “The Abyss foi um monte de coisas. Diversão em fazê-lo não foi uma delas.“, disse certa vez.

A despeito de toda dificuldade técnica em sua realização, O Segredo do Abismo se pagou pela bilheteria e acumulou críticas positivas. Não ficou entre os destaques da carreira de James Cameron – ele é lembrado por O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final (1991), True Lies (1994), Titanic (1997) e Avatar (2009) -, nem dos envolvidos, mas, revisto agora, em sua versão estendida, continua um filme visualmente deslumbrante, com excelentes efeitos especiais e uma belíssima mensagem similar a do clássico O Dia em que a Terra Parou (1951), com uma boa carga emocional, em um intenso thriller claustrofóbico.

Na trama, após a queda do submarino americano USS Montana, da classe Ohio, nas proximidades da Calha de Cayman, uma equipe do SEAL é enviada ao local, com o apoio da Deep Core, uma plataforma de perfuração subaquática atuante na região. O comando da equipe de resgate ficou a cargo da designer Dra. Lindsey Brigman (Mastrantonio), consciente que seu ex-marido Virgil “Bud” Brigman (Harris) esteja à frente da operação na plataforma. A pressa na realização da missão se deve à ameaça de aproximação de submarinos soviéticos, uma vez que o veículo encalhado contém ogivas nucleares com quatro mísseis Trident, com oito M.I.R.V.s por míssil: “Cinco vezes Hiroshima.“, afirma o Tenente Hiram Coffey (Michael Biehn), tendo como resposta de Lindsey: “Jesus Cristo. É a Terceira Guerra Mundial em lata.

Durante a descida ao submarino, Lindsey se depara como uma estranha forma de vida, brilhante e aparentemente inteligente, que ela denomina como “inteligência não-terrestre” ou “NTI“. Mas sem tempo para investigar o “segredo do abismo“, logo Coffey, sofrendo de síndrome nervosa por alta pressão, revela-se como o vilão, disposto a roubar uma das ogivas e lançá-la contra a desconhecida forma de vida. Assim, cria-se toda uma tensão com dois grupos opostos se enfrentando, seja em combates físicos na plataforma ou através dos veículos de locomoção, obrigando Bud a participar do experimento do líquido respirável para suportar o longo tempo submerso e resgatar a ogiva que afundou nas profundezas do oceano.

A criatura que habita o local se revela como bolhas que se movimentam em rastros e imitam outras formas de vida. Desde sua primeira aparição, já deixa evidente uma condição amigável se não perceber que a guerra entre os homens pode afetar a natureza. Além dos vilões humanos e de uma aparente força inteligente, o grupo tem como obstáculo o tempo ruim sobre a missão. Assim, Cameron apresenta uma interessante dinâmica entre os acontecimentos, naquela tradicional mistura de sentimentos que envolve seus filmes, como a atração entre personagens, a possibilidade real de eles não sobreviverem à ameaça, e o temor pela possibilidade de uma explosão nuclear.

Muito do que seria visto em suas produções posteriores, como Titanic e Avatar, já se observa em O Segredo do Abismo. A embarcação se enchendo de água, personagens sendo afetados e ainda se enfrentando, mesmo com algo maior como ameaça, e a boa direção subaquática, com a incrível visibilidade no fundo do mar. O espectador se vê como alguém a bordo, ficando até mesmo sem fôlego nas sequências em que não há como os personagens respirarem.

Fascinante e divinamente encantador, O Segredo do Abismo se mantém como um belíssimo experimento de ficção científica, com todos os elementos que agradam aos apreciadores da Sétima Arte e de histórias fantásticas!

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