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Mistério no Mar - 1ª e 2ª Temporadas
Original:The Rig - Season One and Two
Ano:2023-2025•País:UK
Direção:Alex Holmes, John Strickland
Roteiro:David Macpherson, Meg Salter, Matthew Jacobs Morgan
Produção:Suzanne Reid
Elenco:Iain Glen, Emily Hampshire, Rochenda Sandall, Martin Compston, Molly Vevers, Abraham Popoola, Owen Teale, Stuart McQuarrie, Nikhil Parmar, Calvin Demba, Richard Pepple, Ross Anderson, Mark Addy, Phil McKee, Alice Krige, Cameron Fulton, Jacob Fortune-Lloyd

Há muito a ser explorado nos mares da ficção científica. Além dos mistérios do universo, das viagens espaciais e planetas hostis, há um mundo imenso a ser descoberto nos oceanos, inspirando Camões a imaginar ninfas, deuses e criaturas como forma de justificar por que muitos navegantes não retornavam de suas expedições. Um bom mergulho nas ideias criativas podem vir dos três filmes lançados em 1989, Abismo do Terror, Leviathan – O Segredo dos Oceanos e O Segredo do Abismo, caso não você não esteja disposto a ver a série dramática, com elementos fantásticos, Mistério no Mar (The Rig, 2023-2025), de David Macpherson, disponível no Prime Vídeo.

O que acontece nos oceanos do gênero sempre me despertou interesse. Sejam filmes de tubarões, seres mutantes, pessoas perdidas em embarcações, ilhas inexploradas, thrillers náuticos…são ambientações e temáticas que atraem minha curiosidade. Assim, uma plataforma envolta em mistérios parecia um prato de frutos do mar interessante, ainda mais pela presença no elenco de Iain Glen (o Jorah, de Game of Thrones) e do rosto conhecido da limitada Emily Hampshire (da série Chapelwaite e do ótimo Humane), além de tardiamente a entrada de Mark Addy (também de Game of Thrones, A Máquina do Tempo e Devorador de Pecados). Com apenas duas temporadas de seis episódios cada – apesar de cada um quase ocupar uma hora -, Mistério no Mar pode ser dividida em dois momentos distintos em qualidade.

 

A primeira temporada quase me fez desistir da série. Efeitos digitais ruins, dramas que não levam a lugar algum, acontecimentos pouco empolgantes, revelações sem grande impacto…parecia que os roteiristas atiravam para todos os lados para tentar prender o espectador – tanto que demorei duas semanas para concluir os seis episódios, alternando com outros filmes e séries. Já a segunda, concluída no início de 2025, abraçou a ficção científica apocalíptica de maneira mais curiosa, além de acrescentar ambientações diversas, distante de focar apenas numa claustrofóbica plataforma. Assim, deve-se a esta segunda temporada a quantidade de caveiras da avaliação final porque se dependesse da primeira…

A plataforma de petróleo Kinloch Bravo, no Mar do Norte, pertencente a empresa Pictor, está em vias de fechar suas portas. No momento em que alguns trabalhadores já se preparavam para encerrar a temporada no local, numa saída de helicóptero com a escala já determinada, a estrutura sofre um abalo sísmico. É o pontapé inicial de outro fato bastante estranho: ela é envolta em uma densa e inexplicável névoa como a de O Nevoeiro, adaptação de conto de Stephen King. O chefe Magnus MacMillan (Iain Glen) desliga a broca e tenta conter os ânimos do grupo, como a do irritado Hutton (Owen Teale), e da encarregada da Pictor, Rose (Emily Hampshire), que havia favorecido a partida do namorado Fulmer (Martin Compston) a contragosto do operário Baz (Calvin Demba). Quando este sofre uma grave queda, a médica local Cat Braithwaite (Rochenda Sandall) diz não possuir os equipamentos necessários para ajudar o rapaz, mas estranhamente Baz começa a se recuperar rápido, e diz na conclusão do primeiro episódio: “É tarde. Já começou.

Eles ficam sabendo que outra plataforma próxima, Charles, explodiu, e temem que o mesmo aconteça com eles. Além da névoa que cobre a plataforma, os locais começam a perceber que cinzas estão caindo do céu. E logo há a sugestão que Baz possa ter se contaminado com o que está à solta no ar, e, de algum modo, seu corpo está se regenerando e expulsando materiais sintéticos como obturações e tatuagens. Outro membro da equipe, Leck (Emun Elliott), também é contaminado por essa estranha bactéria que está consumindo o local, fazendo com que as pessoas feridas passem a sofrer visões e se comunicar com uma entidade que abriga os oceanos.

Apelidada de Ancestral, Rose, Magnus e Fulmer começam a encontrar fatos que relacionem a presença dessa forma de vida em outros incidentes apocalípticos, o que pode dar indício que o mesmo possa acontecer novamente. Numa parte isolada da plataforma, Baz começa a “cultivar” a forma de vida, como plantas que envolvem todo o local e deixam vestígios no ar. E logo a profecia sobre a vinda de uma onda gigantesca se torna inevitável, atingindo o local e a costa. A segunda temporada começa exatamente desse ponto, quando os sobreviventes são conduzidos a uma plataforma chamada Stac, no Ártico, pelo membro da Pictor, David Coake (Mark Addy), que oferece uma boa quantia de dinheiro para quem quiser ir para a terra e jamais mencionar o que aconteceu ali.

Rose, Magnus, Fulmer e a simpática Heather (Molly Vevers) ficam no local a serviço da empresa, enquanto Hutton e Cat, preocupada com a esposa Kacey (Neshla Caplan), vão para a terra, lidar com repórteres e cuidados aos feridos pelo tsunami. Nessa segunda temporada, é apresentada a CEO da Pictor, Morgan Lennox (Alice Krige, de diversas produções do cinema fantástico e de terror como Sonâmbulos, Maria e João – O Conto das Bruxas e até O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface), que sabe das intenções da empresa e quer que os acontecimentos sejam encobertos. Além do ótimo acréscimo da personagem, a segunda temporada explora diversas ambientações como o próprio ártico, traz exploração submersa e sequências na terra firme, com os desdobramentos da investigação.

Há alguns percalços no roteiro de Macpherson, Meg Salter e Matthew Jacobs Morgan como o de manter vivo o grupo da Kinloch Bravo, que se mostra sempre uma ameaça a Pictor. Como a onda grande destruiu a plataforma, uma empresa que queira esconder suas “sujeiras” poderia simplesmente ter deixado os sobreviventes lá para evitar problemas, algo que depois tentam fazer com o acréscimo de um assassino de ocasião para momentos de suspense e correria pelos locais da Stac.

Os efeitos melhoraram bastante nessa segunda temporada. Sem aquele aspecto de “made for tv“, parece que houve um maior investimento na produção, e as ousadias foram bem-vindas. Apesar dos esforços na dinâmica da segunda temporada, Mistério no Mar pendeu para uma avaliação mediana. É bastante evidente a mudança na estrutura narrativa entre as temporadas, e até nas relações entre personagens, mudando inclusive o visual de alguns como Rose, ainda que os acontecimentos sejam sequenciais. Parece que os roteiristas analisaram o resultado, e resolveram mudar tudo, a partir de um maior investimento, tentando manter viva a ideia do Ancestral e dos mistérios marítimos.

Com uma ponta para uma terceira temporada – que espero que não ganhe sinal verde -, é uma série que pode ser interessante para quem tem curiosidade com o que se esconde nos oceanos. Mas vai depender da sua paciência em alcançar a segunda temporada, um caminho que pode ser meio penoso.

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