4.3
(3)

A Maldição da Residência Hill
Original:The Haunting of Hill House
Ano:2018•País:EUA
Direção:Mike Flanagan
Roteiro:Mike Flanagan, Shirley Jackson, Meredith Averill, Jeff Howard, Charise Castro Smith, Rebecca Klingel, Scott Kosar, Elizabeth Ann Phang
Produção:Dan Kaplow
Elenco:Michiel Huisman, Carla Gugino, Henry Thomas, Elizabeth Reaser, Oliver Jackson-Cohen, Kate Siegel, Victoria Pedretti, Lulu Wilson, Mckenna Grace, Paxton Singleton, Julian Hilliard, Violet McGraw, Timothy Hutton, Anthony Ruivivar, Samantha Sloyan, Annabeth Gish, Robert Longstreet, Olive Elise Abercrombie

A Maldição da Residência Hill é a última produção de horror lançada pela Netflix, mas será que dessa vez eles acertaram a mão? Ou será mais uma frustração produzida pela gigante do streaming? Boa notícia: eles acertaram!

O roteiro e direção ficaram por conta de Mike Flanagan, o mesmo de Hush – A Morte Ouve, Jogo Perigoso e O Espelho. A história é baseada no aclamado livro homônimo de 1959, escrito por Shirley Jackson, que já foi adaptada outras duas vezes para o cinema: Desafio do Além (1963) (o mais fiel ao livro) e A Casa Amaldiçoada (1999) (péssima versão com excesso de efeitos especiais toscos que desvalorizaram a narrativa). Na história original acompanhamos a experiência de um médico/investigador paranormal que convida algumas pessoas para passar uns dias na assombrada Hill House e entender suas relações com o espaço e o medo.

Na versão seriada da Netflix a motivação central da história passou por uma grande adaptação. Acompanhamos a família Crain, que compra casas antigas para reformar e vender. Eles residem nas casas enquanto realizam as reformas, o que faz com que fiquem “presos” no lugar por questões financeiras. Além disso, possuem certo ceticismo, não acreditando em ‘lendas’ de terror ou histórias de casas mal assombradas.

O problema é que assim que se mudam para a Hill House seus dois filhos mais novos são importunados por figuras aterrorizantes. Logo, toda a família estará envolvida com algum tipo de visão fantasmagórica, o que coloca a sanidade deles em questão e também a eterna dúvida sobre o que é real ou não na casa.

O sentimento chave da série é um só: medo! A produção é construída a partir de um duplo recorte temporal entre o passado na casa e o presente, quando os filhos estão adultos e ainda lidando com os traumas criados naquele período. Essa brincadeira temporal é referenciada por um dos personagens no decorrer da série, ao destacar como a ideia de tempo pode ser relativa, pois não somos definidos apenas por algumas atitudes (aquelas das quais nos arrependemos), na contramão, seriamos conjuntos de pequenas ações. Podemos construir camadas e nos questionar e mudar nosso caminho. A escolha é sempre nossa.

A série possui dois tons em sua fotografia: um amarelado e feliz, para os momentos em família, e outro acinzentado e ‘úmido’, para as horas de terror. Não acontecem muitos sustos ou jump scares. O medo é transmitido através do clima e na forma como a narrativa é levada. Em cada um dos dez episódios vamos conhecendo um pouco sobre os personagens, e incluímos aqui a residência. Todo capítulo traz um novo aspecto sobre a Hill House e sobre a família Crain. No final montamos um grande quebra-cabeças onde as dúvidas são esclarecidas. Não ficam pontas soltas. A história da família Crain e a casa se encerram nessa temporada, sem necessidade para uma continuação.

A escolha do elenco foi acertada, tanto na versão ‘mirim’ quanto nos adultos. Os personagens são bem diferentes entre si e é possível se identificar com algum deles e com as atitudes que tomam diante das situações. A convivência na Hill House funciona como um estopim para os problemas familiares que enfrentam na atualidade. Então alguns pontos finais precisam ser colocados em relação a casa e, também, na forma como os personagens encaram a vida.

Mesmo com todos esses pontos positivos a série demora para engrenar. O primeiro capítulo é bastante tedioso e prende a atenção apenas no gancho final. Então, tenham paciência!

E o último capítulo também deixa um pouco a desejar. Como disse, o mistério é solucionado e não restam lacunas. Mas o final destoa muito do tom dado ao restante da série, como se tivesse sido feito por outra pessoa. Faltou um pouco do aspecto sombrio.

Contudo, A Maldição da Residência Hill tem um ar medonho, que te acompanha durante todos os dias em que estiver envolvido (a.k.a maratonando) a série. Parece que um pouquinho daquele ar úmido da Hill House transborda e invade nossa casa também. Com certeza vale a pena conferir.

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4 Comentários

  1. Após ver a série e ao ver a crítica do site sobre o episódio final, eu entendi que este não foi ruim e na verdade, fez referência ao hotel Overlook de Iluminado e Doutor Sono: a mansão desde a primeira morte se tornou um local de iluminação, porém para o mal, coletando almas para o local. A mansão não foi destruída ou queimada (segundo a lógica de Doutor Sono para purificação) pois a família de caseiros da mansão Hill queria preservar a presença do espírito da única filha deles. E, ao que parece no final, o marido caseiro leva o corpo da esposa para a mansão para que seu espírito seja coletado como acontece no Overlock e mantenha-se ativo naquele local …

  2. Grata surpresa em meio às desgastadas tramas envolvendo casas mal-assombradas. Acertada escolha de desenvolver um personagem por episódio, mostrando presente e passado alternadamente para que o espectador vá juntando as peças e desvendando lentamente os fatos envolvendo a família e a casa, embora algumas revelações se tornem esperadas. Possui várias cenas tensas e com assombrações “diferentes” e outras de identidade impactante, como The Bent-neck Lady. Excelente sequência do episódio 6 também, muito bem orquestrado. Série ótima, já estou cansada de esperar a nova temporada, que só será lançada em 2020… Vale a pena conferir, com certeza.

  3. Vi a série pela Carla Gugino, me tornei seu fã desde Wayward Pines e Gerald’s Game. Mas que surpresa! Que série perfeita! Que elenco! Enredo, fotografia, trilha, enfim, uma das melhores séries de terror de todos os tempos, impossível não se identificar com os personagens, seus sofrimentos e suas angústias. Ao contrários da maioria das críticas que saíram eu gostei do final, deixando tudo explicado, sem arestas, sem possibilidade de uma segunda temporada. E o sexto episódio todo em plano sequência? Que assombro, com certeza ele será citado como exemplo em faculdades de cinema mundo afora.

  4. Eu gostei dessa série, me lembrou muito os filmes do Guilhermo Del Toro misturando terror com fantasia. Acho que foi por isso que escreveu no seu texto que no final parecia que foi feito por outra pessoa. Sobre o elenco, sabia que já tinha visto alguns rostos como de Carla Gugino ( da série Wayward Pines) em algum outro lugar: do filme Jogo perigoso.

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