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Os filmes de horror exploram o inimaginável, o indescritível e o improvável. Não há limites para a imaginação de seus realizadores, capazes de levar o público a encontros com seres de outros planetas e dimensões, tornar insetos gigantes da noite para o dia, levantar de suas tumbas mortos putrefatos, sem que a ausência de batimentos cardíacos ou a incapacidade de respiração impeça seus movimentos e voracidade. Roteiros absurdos que transformam vítimas indefesas em resistentes lutadoras e dão a imortalidade a vilões também fazem parte da diversão, conseguindo assustar os espectadores com demônios milenares, sugadores de sangue e almas, homens que se transformam em monstros, entre outros personagens desse gênero rico e criativo.
Apesar dessas possibilidades ousadas, há algumas bobagens que são tão difíceis de engolir quanto larvas extraterrestres em um filme B. O susto final do assassino, as vítimas que golpeiam o inimigo e nem concluem o serviço, a turma que se separa em momentos críticos, o carro que não funciona, o discurso do vilão… tudo isso é comum e facilmente aceitável, dentro da proposta “além da imaginação“. Jason ter vivido escondido anos num velho barraco ou a habilidade na direção de Michael Myers até incomodam, mas não agridem tanto quanto algumas mentiras, mais afiadas do que as lâminas da luva de Freddy Krueger.
Neste artigo, iremos abordar aquelas inverdades que o gênero tentou fazê-los engolir com seus títulos e taglines sensacionalistas, em capas que trazem cenas não vistas na tela. Confiram 10 Mentiras que os Filmes de Horror Contaram… e que faremos o favor de desmentir! Aproveitem os comentários para sugerir outras enganações para uma nova edição do mesmo tema.
10 – House of the Dead – O Filme
Este filme por si só já é uma mentira (ainda que apresente o subtítulo “o filme“, há várias cenas do game inseridas no longa). Um dia, há quem acredite que Uwe Boll deverá aparecer em público para assumir que fez este e vários outros de sua filmografia horrorosa apenas para tirar sarro do público e provar que qualquer coisa é vendável. Embora seja baseado num jogo de zumbis, ambientado numa mansão repleta de criaturas, o filme, lançado em 2003, traz seus personagens em confrontos numa ilha paradisíaca, com uma população imensa. Ok, há até algumas cenas num casarão, mas são poucas que justifiquem o título “casa dos mortos“! Depois, ainda seria feita uma continuação ainda mais fora do contexto, assim como outros trabalhos de Boll, como Alone in the Dark, aquela bagaceira intragável que nunca permite que Christian Slater fique “sozinho no escuro“.
9 – Tagline de Todo Mundo em Pânico: “No Mercy. No Shame. No Sequel.”
Taglines são aquelas frases que aparecem no cartaz do filme, como uma forma de ampliar a sua divulgação. E há tantas propagandas enganosas por aí que vão além da brincadeira da série de humor Todo Mundo em Pânico e a sua promessa inicial de não haver uma continuação. Tão mentirosa quanto aquela de Star Wars: Episódio III – A Vingança dos Sith: “A Saga está completa” – ora, sabemos que depois viriam outros, como O Despertar da Força; ou a de Prometheus, com “A procura da nossa origem pode ser o nosso fim“: ora, sabemos que não será o fim, pois ainda tivemos mais seis filmes com ambientações futurísticas! Deveria ser: “A procura da nossa origem traz efeitos melhores do que no futuro, com os objetivos não fazendo o menor sentido.” E aquela do Godzilla, de 1998? “Tamanho é documento.” Ué, boa parte dos confrontos acontecem com criaturas pequenas… e na batalha com os grandes quem vence são os humanos, os pequenos.
8 – Romasanta – A Casa da Besta (do distribuidor que não soube traduzir)
A “besta” do filme não tem casa. Ele vive numa carroça velha viajando entre lugares, vendendo sabonete. Só que a distribuidora brasileira não soube traduzir o subtítulo “la caza de la bestia“, sendo que, em espanhol, “caza” significa “caça“. Assim, o espectador passa o filme inteiro nessa mentira, esperando uma casa que jamais irá aparecer. É como a tagline de Terra dos Lobos, “Hungry. Vicious. Deadly“, com a tradução de “Vicious” para “Viciados“, sendo que, no contexto, deveria ser “perversos” ou até “cruéis“. Pelo menos, não vi nenhum lobo cheirando cocaína no filme…
7 – Bonecos em Guerra: O Capítulo Final
Não é equívoco da distribuidora: realmente o título original informa que o quinto Puppet Master, lançado em 1994, seria o Capítulo Final. Seria? Depois deste, tivemos A Maldição dos Brinquedos (1998), Retro Puppet Master (1999), Puppet Master: The Legacy (2003) e Puppet Master vs Demonic Toys (2004). E você realmente acredita nesses “últimos capítulos“? Você achava que X-Men: O Confronto Final, de 2006, seria o último? Que A Última Sexta-Feira 13 seria a derradeira, se nem a parte 4, Capítulo Final, encerrou a série? Ou que Jigsaw não apareceria mais depois de Jogos Mortais: O Final, lançado em 2010?
6 – Halloween 6: A Última Vingança
O título original é “Halloween: The Curse of Michael Myers” (A Maldição de Michael Myers). Mas, nossa distribuidora antecipou um possível fim da série, sem pensar que, depois deste, Michael Myers apareceria em mais dois filmes, num remake, continuação do remake, nova trilogia, com a provável mentira: Halloween Ends. Já o filme, um dos piores da série, traz teorias envolvendo maldição druida e adoradores do assassino de babás. Ah… se isso fosse uma mentira!
5 – A Hora do Pesadelo 6: Pesadelo Final – A Morte de Freddy
Na veia da mentira anterior, o sexto filme da série A Hora do Pesadelo também anuncia em seu título a despedida de Freddy Krueger, logo após a série com o personagem. Só que depois de sua morte, ele ainda mostraria seu rosto queimado em O Novo Pesadelo: O Retorno de Freddy Krueger (1994) e Freddy vs. Jason (2003), até o lançamento do remake em 2010, sem Robert Englund, o que, convenhamos, foi o verdadeiro sepultamento do personagem.
4 – O Último Exorcismo
Quem dera se tivesse sido o último! Não só em relação ao próprio filme, pois o subgênero possessão (contorcionismo e gosmas) já não surpreende faz muito tempo. No entanto, em 2013, foi lançado o pavoroso O Último Exorcismo – Parte 2, de Ed Gass-Donnelly. É como se o Padre Karras resolvesse interromper o ritual praticado com Reagan e dissesse que voltaria no mês que vem, quando o próximo cheque caísse na conta. Além deste, há vários outros filmes que prometem ser o “último“: A Última Esperança Sobre a Terra (depois desta, tentaríamos em Júpiter); A Última Profecia (para evitar problemas, vamos pisar nesse homem-mariposa).
3 – Capas Mentirosas
Sabe aqueles filmes da The Asylum, que mostram cenas dantescas, mas que nunca aparecem no filme? Pois é, mas essa produtora picareta não é a única a tentar enganar o público, com imagens que não condizem com o que será visto. Muitos filmes exploram atores conhecidos, colocando-os em destaque, para atrair a atenção do espectador – que só irá descobrir que trocou gato por lebre depois de ter desembolsado a grana do aluguel ou compra. Lembra daquele filmeco Alucinação (Soul Survivors, 2001), que trazia em destaque na capa a personagem da Eliza Dushku (que faz uma pontinha) e escondia a protagonista Melissa Sagemiller atrás de Wes Bentley? Dushku fazia sucesso com Buffy, A Caça-Vampiros, mas não conseguiu tanto destaque na carreira quanto Bentley – provavelmente se fosse lançado hoje a formação seria diferente! O terror religioso Acampando no Inferno (Camp Hell, 2010) também coloca em letras garrafais o nome de Jesse Eisenberg e a foto do ator, sendo que a aparição dele não dura nem cinco minutos! Podemos também recordar daqueles filmes de terror que serviram de início para a carreira de vários atores e atrizes, colocando-os como chamariz: Amityville 3D (e a pontinha de Meg Ryan) e De Volta à Escola de Horrores (com um George Clooney piscou-dançou), entre outros
2 – A Morte do Demônio
Parece título português, daqueles que brincávamos ao dizer que um filme como O Sexto Sentido seria lançado em Portugal como “O Psiquiatra que Não Sabia que Estava Morto“. Na verdade, foi uma tradução equivocada de alguém que confundiu “Evil” com “Devil” e achou que “The Evil Dead” seria “O Diabo Morto” ou algo parecido. Mas, não deixa de ser engraçado você assistir um filme que já sabe que no final o vilão vai morrer (dá até um certo alívio, né?). Trata-se de um erro que se transformou numa mentira, pois o demônio não só não morre como volta no segundo filme, traduzido por aqui como Uma Noite Alucinante (ficaram com medo de ter que chamá-lo de A Morte do Demônio 2: Desta Vez é de Verdade!). Aliás, “Uma Noite Alucinante” parece aqueles filmes que passam no Sessão da Tarde sobre jovens que saem pela madrugada aprontando altas confusões!
1. Inspirados em Fatos
Uma das mentiras mais interessantes do cinema costuma aparecer na capa do filme ou até antes dos créditos iniciais. “Este filme é baseado em eventos reais“, uma ideia para atrair curiosos e despertar arrepios, sendo que, na verdade, é rasamente inspirado em algum acontecimento verdadeiro. Um exemplo disso é o terror com elementos de ficção científica (ou vice-versa) intitulado Contatos de 4º Grau, com Milla Jovovich passando vergonha no crédito, e que os infernautas costumam elogiar bastante por aqui. Trata-se de um legítimo falso documentário (mockumentary) sobre abduções alienígenas no Alasca, sendo que a verdadeira história nem sequer envolve alienígenas. E para piorar, utilizam atores reais em atuações reais recriando vivências de outras pessoas, o que é mais absurdo. Na época, os produtores criaram notícias falsas e apontaram como reais sobre envolvimento de ETs, o que lhes rendeu um imenso processo pela mentira criada. E tem várias outras produções que tentaram enganar os espectadores com manipulação de notícias, como o próprio A Bruxa de Blair, com nomes reais dos atores nos personagens e notícias falsas sobre o desaparecimento deles, obrigando os diretores a levá-los a público para mostrar que estariam vivos. É muita cara-de-pau!
Bônus: É melhor contar para evitar que vocês se decepcionem: A História Sem Fim acaba, ok? O filme 88 Minutos dura 108 minutos. A franquia Missão Impossível traz missões facilmente realizadas por Tom Cruise. Em A Bruxa de Blair você não verá a bruxa. E Mar Aberto não é um filme sobre Moisés…
Há quem diga que a tradução aproximada para “The Evil Dead” seria “A Morte Demoníaca”.
E ainda tem os filmes italianos de canibais que nos queriam fazer realmente acreditar que nos anos 80 estava cheio de índio canibal na América Latina e em algumas partes da Ásia.
Deveriam colocar na lista atualizada o filme podre de 2019 Natal Sangrento. O título é duplamente enganoso por que não só o filme não tem nada de sangrento (filminho PG-13 podre padrão Blumhouse) como também o filme nem é um remake do Natal Sangrento de 1984 e sim do Natal Negro de 1974, extrema incompetência da distribuídora.
Sem falar em um que também já foi citado, Boa vs Python que mostrava a capa das cobras brigando na cidade e tipo, o filme não tem nada disso. Eu imagina elas subindo pelos prédios, brigando uma com a outra. Nem parecia um duelo esse filme
PORQUE A GALERA DO BOCA DO INFERNO NUM CANSA DE CITAR ESSE HOUSE OF THE DEAD?
… a maior enganação q já vi foi de Alien vs Predador, o slogan do filme era: não importa quem vença, nós perderemos.
além de não perdermos, a garota fica amiguinha do Predador, é marcada como uma deles, é a única q sobrevive e qdo chega + deles, eles presenteiam ela com uma lembrança do mundo deles e a deixam viva …
Que otimo artigo. abriu minha mente 🙂
“ficaram com medo de ter que chamá-lo de A Morte do Demônio 2: Desta Vez é de Verdade!” -morri
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Ótimo artigo Marcelo!
Que povo mentiroso! rs