O Senhor dos Anéis: As Duas Torres (2002)

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O Senhor dos Anéis (2002)

O Senhor dos Anéis: As Duas Torres
Original:The Lord of the Rings: The Two Towers
Ano:2002•País:EUA, Nova Zelândia
Direção:Peter Jackson
Roteiro:J.R.R. Tolkien, Fran Walsh, Philippa Boyens, Peter Jackson
Produção:Peter Jackson, Barrie M. Osborne, Tim Sanders, Fran Walsh
Elenco:Elijah Wood, Ian McKellen, Orlando Bloom, Alan Howard, Noel Appleby, Sean Astin, Sala Baker, Sean Bean, Cate Blanchett, Billy Boyd, Marton Csokas, Mark Ferguson, Ian Holm, Christopher Lee, Lawrence Makoare, Andy Serkis, Peter McKenzie, Sarah McLeod, Dominic Monaghan, Viggo Mortensen

A batalha pelo Abismo de Helm acabou. A batalha pela Terra-média está para começar. – Gandalf

Encerrando magistralmente o ano de 2002 na área do cinema fantástico, entrou em cartaz nas salas de projeção pelo Brasil em 27 de dezembro (e nos EUA no dia 18) a aguardada sequência do épico de fantasia com elementos de horror O Senhor dos Anéis: As Duas Torres (The Lord of the Rings: The Two Towers), transposição paras as telas da famosa obra literária do escritor J. R. R. Tolkien. É curioso citar como o subtítulo As Duas Torres tem uma macabra coincidência com as torres gêmeas do World Trade Center de New York, que caíram vítimas do terrorismo naquele fatídico dia 11/09/01, matando milhares de pessoas. Mas o subtítulo refere-se mesmo as duas torres que estão aliadas para servir o mal absoluto, a Torre de Orthanc, em Isengard, onde vive Saruman, e a Torre de Barad-dûr, em Mordor, onde reside Sauron.

Esse filme intermediário da trilogia é igualmente grandioso, com seus eventos iniciando logo após os acontecimentos narrados no primeiro filme. O mago Gandalf está enfrentando um terrível demônio balrog de Morgoth, quando ambos caem num abismo de sombras e ficamos sabendo o destino desse mortal confronto, agora com Gandalf promovido para um mago Branco (no filme anterior ele era Gandalf, o Cinzento).

A seguir, temos uma tomada aérea das lindas paisagens da Nova Zelândia, numa região montanhosa gelada por onde caminham os hobbits Frodo, que tem a árdua missão de carregar o poderoso Um-Anel, e seu amigo Sam, numa jornada rumo aos Portões Negros de Mordor para destruir o anel na Montanha da Perdição. Eles encontram pelo caminho e aprisionam a estranha e traiçoeira criatura Sméagol / Gollum, que foi um antigo dono do anel e que passa agora a guiá-los com destino a Mordor.

Curiosamente, Sméagol / Gollum são dois personagens interiores da mesma criatura que constantemente estão em conflito, lembrando com eficiência a clássica história O Médico e o Monstro (Dr. Jekyll and Mr. Hyde) de Robert Louis Stevenson, onde um cientista cria uma fórmula que uma vez ingerida desperta uma dupla personalidade variando entre o bem e o mal. Algo similar ocorreu também no filme Homem-Aranha, de Sam Raimi, com o vilão Duende Verde alternando sua personalidade com o cientista Norman Osborn.

Paralelamente ocorrem outras narrativas simultâneas como a jornada de três integrantes da Sociedade do Anel, o humano Aragorn, filho de Arathorn, herdeiro do trono de Gondor, o arqueiro elfo Legolas, do Reino da Floresta, e o anão Gimli, filho de Glóin, que partem atrás de um grupo de orcs e uruks-hai, que sequestraram os hobbits Pippin e Merry. Os orcs foram mortos num confronto com um grupo de humanos conhecidos como rohirrim, liderados por Éomer (Karl Urban). Eles foram exilados de Edoras, a capital do Reino de Rohan, a Terra dos Cavaleiros, numa decisão equivocada do Rei Théoden (Bernard Hill), que estava enfeitiçado sob o domínio de Saruman. E aproveitando a confusão da batalha, os hobbits fugiram para a floresta Fangorn e encontraram um poderoso, antigo e sábio ent chamado Barbárvore, criatura similar a uma enorme árvore que anda e fala, e que é convencida a conclamar seus companheiros para participarem de uma batalha em Isengard, na guerra contra o mal representado pelo mago traidor Saruman, atual aliado da entidade maléfica Sauron. Eles planejam dominar a Terra-média, e para isso Saruman está criando um exército de orcs na fortaleza de Isengard.

Enquanto isso, uma vez não encontrando os hobbits Pippin e Merry, os três guerreiros Aragorn, Legolas e Gimli (o anão que rouba para si as cenas cômicas com várias piadas envolvendo sua baixa estatura) se unem ao Rei de Rohan, Théoden e seus súditos e partem para a fortaleza do Abismo de Helm, procurando um abrigo mais seguro, preparando-se para uma terrível guerra contra milhares de orcs e uruks-hai enviados por Saruman.

Alguns novos e interessantes personagens aparecem agora neste segundo filme. Entre eles, o sinistro vilão Grima Língua-de-Cobra (Brad Dourif, mais conhecido por emprestar sua voz para o famoso boneco Chucky, o brinquedo assassino do cinema, numa franquia de seis filmes), um conselheiro traiçoeiro e aliado de Saruman, e que enfeitiçou o Rei de Rohan. A jovem Éowyn (a bela australiana Miranda Otto), sobrinha de Théoden e irmã de Éomer, e que se apaixona por Aragorn. E o Capitão Faramir (David Wenham), irmão de Boromir (um dos membros da Sociedade do Anel no filme anterior) e filho do regente de Gondor, Denethor, que foi convocado para ajudar na defesa de Osgiliath numa batalha contra um exército de orcs, e que também tem participação importante no destino de Frodo em sua jornada até Mordor.

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O Senhor dos Anéis: As Duas Torres é mais um filme excepcional, com uma história sombria e sangrenta, com muitos elementos de violência e horror, apresentando uma infinidade de criaturas e monstros, numa overdose de informações de um complexo mundo de fantasia. Os cenários são fantásticos, destacando os macabros Pântanos Mortos, o Castelo de Rohan com o imponente Palácio Dourado de Meduseld, a fábrica de orcs em Isengard, e principalmente a imensa fortaleza de pedra localizada no Abismo de Helm, refúgio do povo de Rohan.

Aliás, certamente os maiores destaques do filme são as fascinantes cenas de batalha com o exército de Saruman, formado por cerca de dez mil orcs e uruks-hai extremamente ferozes, que tentavam tomar o forte no Abismo de Helm, o qual estava sob o poder de um número bem menor de humanos aliados a um grupo de elfos, que abandonaram seu lar em Valfenda para lutar ao lado dos homens. Com uma bela fotografia sombria (pois a guerra era travada numa noite chuvosa), em meio a uma incontável quantidade de mortos para todos os lados, uma imensidão de flechas voando pelos ares, escadas cheias de orcs tentando invadir as estruturas de pedra da fortaleza (lembrando em menor escala aqueles tradicionais filmes de western, com os índios tentando invadir o forte dos soldados americanos), e confrontos violentos corpo a corpo na base da lâmina cortante do aço das espadas, mostrando toda a irracionalidade de um campo de guerra.

A batalha no Abismo de Helm está entre as mais definitivas sequências de guerra já filmadas pelo cinema (tendo a favor todos os efeitos digitais de uma tecnologia moderna), juntamente com os minutos iniciais de O Resgate do Soldado Ryan (98), que mostra a invasão dos aliados na costa da Normandia na Segunda Guerra Mundial, decisiva para os rumos daquela guerra insana. É claro que os dois exemplos têm diferenças básicas entre si; pois o primeiro simula uma história de fantasia com personagens fictícios e armas primitivas, e o outro reproduz um fato real e sangrento da história da humanidade, com destruidoras armas de fogo matando homens; mas como exclusivamente cinema de guerra, ambos os casos caracterizam de forma convincente o que mais próximo seria um campo de batalha.

Outros destaques que merecem registro também são a presença do belo cavalo branco Scadufax, o Senhor de Todos os Cavalos, que surge para transportar o mago Gandalf pelas planícies e montanhas da Terra-média. E o confronto entre os cavaleiros de Rohan, enquanto estavam escoltando suas famílias para a fortaleza no Abismo de Helm, auxiliados por Aragorn, Legolas e Gimli, contra um grupo de orcs montando wargs que surgem em seu caminho. Os wargs são feras super agressivas e difíceis de controlar, criaturas híbridas que poderiam ser traduzidas como uma mistura de urso, lobo e hiena, e que certamente são um obstáculo a mais para ser superado numa batalha.

O Senhor dos Anéis: As Duas Torres é mais um excelente filme assim como o primeiro da trilogia, e em suas quase três horas de projeção nos transporta para um incrível e perigoso mundo de fantasia, povoado por todos os tipos de criaturas, instigando nosso imaginário numa clássica história do Bem contra o Mal. São agradáveis momentos de entretenimento criando um ansioso sentimento de espera pela conclusão da saga com o próximo episódio O Retorno do Rei.

As informações especiais disponíveis no lançamento do filme em DVD totalizam cerca de duas horas e meia com uma infinidade de materiais interessantes, como documentários, trailers, spots de TV, e depoimentos de atores e membros da equipe de produção sobre curiosidades de bastidores e detalhes técnicos por trás das câmeras, tudo legendado em português.

O primeiro documentário chama-se No Set de O Senhor dos Anéis – As Duas Torres (On the Set – The Lord of the Rings: The Two Towers), um especial produzido pela Starz Encore, com 15 minutos de duração, subdividido nos temas A Sociedade Está Rompida (The Fellowship is Broken), As Colinas de Emyn Muil (The Hills of Emyn Muil), O Reino de Rohan (The Kingdom of Rohan), Valfenda (Rivendell), e Floresta de Fangorn (Fangorn Forest), com depoimentos de vários atores e do diretor Peter Jackson.
A seguir temos o documentário O Retorno a Terra-média (Return to Middle-earth), especial produzido pela Warner Brothers onde em 43 minutos são apresentados os comentários de alguns integrantes da equipe de produção como Dan Hennah e Chris Hennah (responsáveis pela direção de arte), e o diretor de fotografia Andrew Lesnie, além de vários atores. Entre as curiosidades de bastidores reveladas, destaca-se um acidente na filmagem de uma cena envolvendo Sean Astin (Sam), que corta gravemente o pé ao pisar num pedaço de vidro escondido no leito de um lago, na sequência onde ele corre em direção de Frodo, que está num bote, dizendo veementemente que não deixaria de acompanhá-lo na tortuosa jornada rumo a Mordor, para destruir o anel na Montanha da Perdição. Outra curiosidade interessante é uma cena envolvendo o ator Viggo Mortensen (Aragorn), quando ele é levado inconsciente pela corredeira de um rio, após cair de um penhasco num confronto com um grupo de orcs montados em wargs. Dispensando o dublê, o ator preferiu fazer a cena e revelou que quase se afogou, subestimando a perigosa força da corredeira do rio.

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O ator Sean Astin aproveitou uma folga do elenco e equipe de produção e num domingo chuvoso de manhã em Wellington, capital da Nova Zelândia, realizou um sonho pessoal, dirigindo um curta metragem de seis minutos chamado The Long and the Short of It, uma história sobre amizade e cooperação entre as pessoas, com um elenco formado por Andrew Lesnie (cinematógrafo), o gigante Paul Randall (dublê), uma anã tailandesa que foi a dublê de Pippin, e o próprio cineasta Peter Jackson. A história não tem diálogos, mas as imagens já dizem tudo, num filme muito interessante. A seguir, temos um documentário sobre os bastidores do filme de Astin, intitulado The Making of The Long and the Short of It, com oito minutos de duração, trazendo depoimentos bem humorados de várias pessoas envolvidas no projeto como os atores Andy Serkis e Elijah Wood.

A próxima atração dos materiais extras do DVD são dois trailers de cinema diferentes, num total de 5 minutos, e dezesseis spots de TV com 30 segundos cada, divididos como Novo Poder, Outro, Evento, Sonho, Trevas, Retorno, Golpe, Contagem Regressiva, Uma Palavra da Crítica, A Espera Terminou, Crítica B / Golden Globes, Gollum, Crítica Suprema, Crítica A / Globe, Os 10 Melhores, e Crítica dos 10 Melhores. Continuando a overdose de informações especiais vem o vídeo musical Gollum´s Song, de Emiliana Torrini, com quatro minutos e meio de duração, a prévia do DVD com a versão especial estendida, contendo cenas inéditas com mais informações sobre a história, mas que foram retiradas do filme do cinema (como uma cena em flashback envolvendo Boromir, Faramir e o pai deles, o regente Denethor). São 5 minutos com comentários de vários atores e dos produtores Barrie M. Osborne e Rick Porras, do compositor Howard Shore e do técnico em efeitos visuais Jim Rygiel. Em seguida, a prévia dos bastidores de O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei, em 13 minutos com os comentários de Peter Jackson, Richard Taylor (WETA) e a co-roteirista Phillipa Boyens, entre outros, mostrando um pouco sobre o próximo e último filme da trilogia, com ênfase numa cena com Aragorn na montanha assombrada de Dwimorberg e a batalha nos Campos de Pelennor. E depois, a prévia em 3 minutos, do jogo criado pela Electronic Arts, com depoimentos do produtor executivo Neil Young sobre a incrível autenticidade entre o videogame e os eventos do filme As Duas Torres.

Mesmo após toda essa imensidão de informações especiais, ainda temos mais materiais produzidos pelo lordoftherings.net, com o documentário Dê Uma Olhada de Perto nas Pessoas e Criaturas da Terra-média, com cerca de 35 minutos dividido em oito temas. Forças das Trevas (Forces of Darkness); Criando os Sons da Terra-média (Designing the Sounds of Middle-earth), sendo que este aborda especificamente dois assuntos, Os Pântanos Mortos (The Dead Marshes) e Abismo de Helm (Helm´s Deep); Edoras: A Capital de Rohan (Edoras: The Rohan Capital); Criaturas da Terra-média (Creatures of Middle-earth), sendo que este tema é focado em quatro partes, Wargs: Bestas Orc Perversas (Wargs: Evil Orc Beasts), Orcs & Uruk-Hai: As Tribos Perversas (Orcs & Uruk-hai: The Evil Tribes), Mûmakil / Olifantes: Animais de Guerra (Mûmakil / Oliphaunts: Beasts of War), e As Bestas Cruéis: Os Corcéis dos Nazgûl (Fell Beasts: The Nazgul´s Steeds); Gandalf, o Branco (Gandalf, the White), Armas e Armadura (Arms and Armor), A Batalha do Abismo de Helm (The Battle of Helm´s Deep), e Dando Vida a Gollum (Bringing Gollum to Life). Todos os blocos independentes trazem depoimentos do elenco (Christopher Lee, Andy Serkis, Brad Dourif, Viggo Mortensen, etc.), do diretor Peter Jackson e de profissionais da equipe de produção como o técnico em sonoplastia Ethan Van Der Ryn, o técnico em modelos digitais Matt Aitken, o diretor de animação Randy Cook, o supervisor de efeitos visuais Joe Letteri, o supervisor de criaturas Eric Saindon, o desenhista de concepção John Howe, o dublê Sala Baker e o técnico em expressões faciais Bay Raitt, entre outros.

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Juvenatrix

Uma criatura da noite tão antiga quanto seu próprio poder sombrio. As palavras são suas servas e sua paixão pelo Horror é a sua motivação nesse Inferno Digital.

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