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Chá de Bebê
Original:Baby Shower
Ano:2011•País:Chile
Direção:Pablo Illanes
Roteiro:Pablo Illanes
Produção:Francisca Cummins, Luigi Araneda
Elenco:Álvaro Gómez, Berta Lasala, Claudia Burr, Francisca Merino, Ingrid Isensee, Isidora Cabezón, Jesús Porres, Kiki Rojo, María José Illanes, Nicolás Alonso, Pablo Krögh, Patricia López, Renato Illanes, Sofía García

Se o horror americano não anda bem das pernas, limitando-se a apresentar remakes, continuações e repetições da mesma fórmula, pelo menos não é o que acontece fora de Hollywood em países como a França (A Invasora, Martyrs, Alta Tensão, A Fronteira), Espanha (Rec, Os Olhos de Julia), Uruguai (A Casa), Argentina (Calafrio), Colômbia (The Squad), Peru (Jaracha) e no Brasil (A Noite do Chupa-Cabras). Do Chile, eu nunca fui tão íntimo do gênero fantástico. Conhecia os trabalhos de Jorge Olguín (Sangre Eterna e Angel Negro), mas já havia lido boas coisas no blog Nudo e Selvaggio, de Marcelo Carrard, a respeito de Chá de Bebê, quando foi exibido no Fantaspoa 2011. Algumas comparações com o horror extremo francês, além da sinopse convidativa envolvendo mutilações e gravidez, temas que me causam um certo desconforto. Foi com grande satisfação que encontrei o longa disponível no Netflix, principalmente por saber que ele está distante de um lançamento no Brasil.

Chá de bebê costuma ser aquelas reuniões femininas com o propósito de homenagear e presentear uma futura mãe. Além da entrega de presentes, envolvendo adivinhações e brincadeiras, acaba sendo uma ótima oportunidade para as mulheres fofocarem intimidades sobre seus relacionamentos e lembrar do passado. Ángela (Ingrid Isensee) está a duas semanas do nascimento de seus gêmeos com Felipe (Nicolás Alonso). Ela convida suas amigas do tempo de escola para a realização de um chá de bebê em sua casa rural. Olivia (Claudia Burr), Manuela (Kiki Rojo) e Claudia (Francisca Merino) vão ao encontro da garota em companhia de Ivana (Sofía García). Após alguns momentos de confraternização, Ángela anuncia o motivo do convite: uma das três amigas está tendo um caso com Felipe e pretende fugir com ele. Essa raiva envolvendo uma traição só pode ser amenizada pela seita que Ángela resolveu abraçar, que segue o estilo hippie e alguns blá blá blás sobre a chegada do profeta. Ele precisa ser puro, absolutamente afastado das maldades humanas, e a líder Soledad (Patricia López) estará disposta a fazer de tudo para libertar a mãe de suas preocupações, mesmo que esta nem imagine o que será feito.

Depois que descobrem que os veículos foram mexidos, exatamente quando pretendiam ir embora, ocorre a primeira morte. Ivana é esfaqueada e conduzida a uma velha cabana, onde tem seu pé destruído por uma armadilha de urso e arrancado por Soledad. Ela ainda irá sofrer por longos minutos antes do golpe fatal, proferido entre frases que poderiam estampar algum folheto religioso. Aos poucos, as demais irão descobrir as intenções cruéis que permeiam o local e não saberão a quem recorrer, já que o grupo religioso possui muitos membros, incluindo o caseiro Julio (Álvaro Gómez). Para Ángela bastaria apenas uma confissão e, até mesmo, um pedido de desculpas, não havendo a necessidade de um banho de sangue, mas já é tarde. Ela também terá que lutar se quiser cultivar o restante da gravidez.

Diferente de A Invasora, que envolve uma vingança cruel e sangrenta, Chá de Bebê traz mensagens sobre a intolerância e o culto a tradições. Se o próprio chá de bebê já é um ritual, Pablo Illanes quis estender a um processo religioso de purificação da alma a qualquer custo. É um filme violento, com cenas de mutilação e tortura, incluindo até mesmo uma citação aO Massacre da Serra Elétrica e a famosa cena do gancho, porém consegue brindar todo o episódio sangrento com uma belíssima cena no último ato, num quadro que remete ao horror francês citado no início deste parágrafo.

Chá de Bebê é um exercício visceral, um verdadeiro banho de sangue que inclui até mesmo uma castração a dentadas, com exibição do órgão sexual masculino, e um belo convite a conferir novos trabalhos chilenos, principalmente desse tal Pablo Illanes, um cineasta que sabe ser ousado e cruel.

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